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Com programação variada, Feira do Livro reuniu os bajeenses no final de semana
Publicada em 12/11/2018
Com estrutura montada em novo local e com clima estável, sem as chuvas que castigaram as últimas edições, a 21ª Feira do Livro de Bagé foi ponto de encontro para os bajeenses durante o final de semana. Muitos aproveitaram a programação variada no palco principal, enquanto outros visitantes curtiam os estandes de livreiros e a praça de alimentação.
No final da tarde de sábado, foi o momento dos escritores que estavam lançando e relançando obras literárias apresentar ao público um pouco de seu trabalho. Esta edição da feira contou com 32 escritores realizando lançamento ou relançamento de 27 livros.
Um dos pontos que chamou a atenção foi o grande número de mulheres lançando obras que abordavam questões de gênero e temas sob a perspectiva feminina. Além do livro “Mulher: a Moral e o Imaginário 1889-1930”, da historiadora, professora da Urcamp, Clarisse Ismério, também subiu ao palco a autora Stela Maris, que apresentou o livro "Mulheres em Águas Masculinas", onde narra a trajetória das mulheres pescadoras de São José do Norte. " O livro desafia a cada um a se inserir no espaço que desejam ocupar, seja ele pessoal ou profissional. Essas mulheres se atreveram a romper tabus e se inserir em espaços tradicionalmente masculinos e os ocupam com bastante orgulho", destaca.
Já a historiadora Laura Ferrazza apresentou a obra "Quando a arte encontra a moda - A obra de Antoine Watteau na França do século XVIII", lançado neste ano, em Porto Alegre. Ela conta que o livro é o resultado da pesquisa de doutorado em História na PUC, com período de estudo História da Arte na Universidade Sorbonne (França) e aborda relações entre arte e moda na pintura francesa do século XIII . "Tive a oportunidade, quando residi em Paris, de pesquisar no acervo do Louvre. Por isso o livro traz imagens inéditas, colhidas durante a pesquisa. E a minha proposta é que mesmo sendo um estudo acadêmico, tenha leitura agradável que interesse também as pessoas que não são da área", destacou.
Homenagem a Luiz Coronel
Marcando a 23ª atração da programação "Luiz Coronel - 80 anos", iniciada em julho, o autor lançou, na noite de sábado, a obra "80 poemas esta noite - A Poesia de Luiz Coronel em Madrid e Salamanca". Em seguida, ele subiu ao palco junto ao coordenador das atividades, Sávio Machado, o patrono da Feira do Livro, Francisco Botelho, e o cantor Tiago Cesarino, que cantou músicas escritas pelo homenageado da noite.
Já Botelho participou da homenagem declamando um trecho de poema retirado do livro "Revolução Farroupilha", com textos de Coronel e ilustrações de outro célebre bajeense, Danúbio Gonçalves. O patrono aproveitou a ocasião para conclamar os bajeenses a transformar o livro em uma ópera na cidade. Além disso, relembrou uma ligação afetiva com a literatura de Coronel. “Eu tinha uns 12, 13 anos, quando roubei um livro da estante da minha avó. Foi na Estância do Limoeiro, embaixo de um retrato de Joca Tavares em uma sala cheia de sabres, que li Pirâmide Noturna, o primeiro livro de poemas que li de cabo a rabo. Foi quando aprendi o que era poesia”, relembrou.
Já o próprio autor destacou a grande relevância de Bage em sua trajetória, não apenas como sua terra natal, mas também como combustível para muitas histórias que escreveu. “A gente nunca sai da cidade da gente e nunca voltamos. Nós levamos a cidade como o caramujo leva a concha nas costas. Em Bagé, tudo é memória”, disse ele, emocionado.
A homenagem foi encerrada com um apelo de Coronel, e dos artistas ao palco, em defesa da cultura. “Todos esses jovens escritores, toda esta gente que pulsa arte, não devem deixar apagar a chama. É preciso lutar frente à frente contra a banalidade, contra a cultura do descartável, xoxa, vazia e lutar para que os escritores bajeenses continuem sendo prestigiados como estão sendo hoje”, encerrou Coronel.
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