Assim discursou Allan Kardec nas reuniões gerais dos espíritas de Lyon e Bordeaux, durante excursão descrita na obra “Viagem Espírita em 1862”, in verbis:
“(...)
Um adversário asseverou em certo jornal que o Espiritismo é cheio de seduções. Ele não podia, mau grado seu, fazer maior elogio da doutrina, condenando-se, ao mesmo tempo de maneira mais peremptória. Dizer que uma coisa é sedutora é dizer que agrada. Ora, eis aqui o grande segredo da propagação do Espiritismo. Que, então, lhe oponham algo de mais sedutor para suplantá-lo! Se não o fazer, é que não têm nada de melhor a oferecer. Por que ele agrada? É muito fácil dizê-lo.
Ele agrada:
1) porque satisfaz à aspiração instintiva do homem quanto ao futuro;
2) porque apresenta o futuro sob um aspecto que a razão pode admitir;
3) porque a certeza da vida futura faz com que o homem sofra sem se queixar das misérias da vida presente;
4) porque, com a pluralidade das existências, essas misérias têm uma razão de ser, são explicáveis e, em vez de acusarem a Providência, consideram-nas justas e as aceitam sem murmurar;
5) porque o homem é feliz por saber que os seres que lhe são caros não estão perdidos para sempre, os encontrará novamente e que estão quase sempre ao seu lado;
6) porque todas as máximas dadas pelos espíritos tendem a tornar melhores os homens uns para com os outros.
Existem, ainda, outros motivos, que só os espíritas são capazes de compreender. Em compensação, que meios de sedução oferece o materialismo? O nada. Eis aí toda a consolação que ele dá às misérias da vida!”
Resta-nos a reflexão.
(Referências: Allan Kardec. Viagem Espírita em 1862. FEB Editora. p. 77-78)