Minuano Saúde
Saúde Mental Infantil
Estima-se que problemas de saúde mental afetem de 10% a 20% das crianças e adolescentes ao redor do mundo. Além disso, dados mencionam que o diagnóstico também está fortemente relacionado a outros problemas de saúde e de desenvolvimento, como dificuldades escolares, abuso de substâncias e violência.
Casos que ocorrem com maior frequência, na infância, são os comportamentais, como o transtorno de deficit de atenção/hiperatividade e transtorno desafiador opositivo; além de problemas emocionais, como a ansiedade e a depressão.
Pais e cuidadores precisam ficar atentos à possível presença de tais problemas. Muitas vezes, comportamentos inadequados e emoções difíceis se manifestam no ambiente escolar, pois é onde a criança passa boa parte de seu dia e onde interage com outras crianças. Neste sentido, professores podem assumir esse papel de identificar problemas emocionais e comportamentais em seus alunos e contatar a família para que, juntos, possam pensar em estratégias para manejar a situação.
Nesta edição, a psicóloga, mestre em Saúde e Comportamento e professora do curso de Psicologia da Urcamp, Suelen Bach, irá explicar sobre essas situações e apresentar sugestões sobre como agir perante algum caso.
Entendendo a mente das crianças
A psicóloga Suelen Bach destaca que, dependendo do impacto que a presença de tais problemas causa, isto é, do quanto afeta as diferentes áreas da vida da criança, como seu desempenho escolar ou suas relações sociais, a busca por ajuda de um profissional de saúde mental é necessária e, em determinados momentos, fundamental.
“O ambiente em que a criança cresce tem grande influência no surgimento ou agravo de problemas emocionais e comportamentais. A forma como pais e cuidadores interagem com essa criança é de igual importância. Algumas atitudes podem contribuir para um desenvolvimento infantil saudável e, assim, para a prevenção dos problemas de saúde mental nesta etapa”, ressalta.
Sugestões de como pais, cuidadores e professores para promover o bem-estar:
Diante de uma birra, pergunte-se: “O que a criança quer me dizer com isso?”.
Substitua o “Pare já de chorar!” por “Estou vendo que estás chateado. Queres um abraço?”.
As crianças adoram imitar os adultos. Dê bons exemplos a elas.
Termine (ou comece) todos os dias com um abraço apertado e um “gosto muito de ti”.
Não perca a oportunidade de dizer: - “Essa família/turma não seria a mesma sem ti”; - “Amanhã, podes tentar novamente”; - “Eu acredito em ti!”; - “Tu me ensinas tantas coisas diferentes!”; - “As tuas opiniões importam!”; - “Adoro ser tua mãe/teu pai/tua professora (outros)!”; - “Me orgulho de ti!”.
Reserve um tempinho, todos os dias, para brincar ou conversar com a criança.
Permita que a criança faça pequenas escolhas. Ensine-a a assumir as consequências das suas decisões, sejam boas ou ruins.
Desenvolva a empatia e o altruísmo na criança, perguntando se ela reparou que algum colega/amigo estava com problemas e o que fez para ajudar.
Quando uma criança tem um comportamento ruim, existe uma tendência de criticar. Mas não esqueça de elogiar quando ela se comporta bem!
Ensine-a uma brincadeira da sua infância.
Não a julgue tão facilmente. Experimente estar no lugar dela.
Responda as perguntas da criança, mas tome cuidado para que a resposta não vá além do limite de compreensão dela.
Poupe a criança de assuntos que ela ainda não tem maturidade para lidar. Se não for possível, ofereça explicações curtas que a tranquilizem.
"Nem tanto ao mar, nem tanto à terra!", pois o equilíbrio é fundamental na educação!
Práticas punitivas, como agressões verbais e/ou físicas, precisam ser evitadas. Diversos estudos apontam os sérios danos causados pelas experiências adversas na infância ao longo da vida do indivíduo.
Alternativas
Ignorar o comportamento que desejamos que não se repita, como birras e pedidos inoportunos. A técnica consiste em ignorar o comportamento, não cedendo ao que a criança quer. Algumas vezes, pode ser difícil manter-se firme na sua aplicação, pois, inicialmente, o comportamento ignorado pode aumentar de intensidade ou de frequência, para somente depois desaparecer.
“O uso de consequências para o descumprimento das regras também se mostra efetivo. Deve-se esclarecer qual o comportamento e quais serão as consequências previamente. Por exemplo: se a criança não desligar o computador no horário combinado, ficará sem ele por um dia. Essa técnica possibilita o desenvolvimento da responsabilidade da criança sobre seus comportamentos e tem efeito se os adultos não esquecerem de aplicar as consequências combinadas”, completa a psicóloga.
Suélen destaca que o mais adequado é apontar o comportamento desejado e as consequências boas: "se o quarto for organizado, no final de cada dia, nós iremos passear no sábado". Assim, não se cria um clima negativo em torno de regras.
Retirar a criança da situação por alguns minutos para que ela pense sobre o que acabou de fazer também é uma opção. O tempo deve ser um minuto para cada ano de vida (não sendo indicado com crianças menores de dois anos).
Para que haja efeito, é necessário escolher um lugar sem distrações ou atrativos, em que a criança possa ficar sentada.
A medida precisa ser tomada imediatamente após o comportamento inadequado, colocando a criança no local escolhido e explicando por qual razão está ali. Após o tempo estipulado, o cuidador questiona o que ela aprendeu de maneira afetiva.