Cidade
Festival de Cinema encerra com homenagens e premiação dos vencedores
A décima edição do Festival Internacional de Cinema da Fronteira encerrou no domingo e contou com uma programação intensa ao longo do final de semana. Em 2018, o evento teve a presença de ilustres, como os diretores Jorge Furtado e Tabajara Ruas, os atores Fernando Alves Pinto e George Sauma, a roteirista argentina Paula Markovitch e o crítico e teórico do cinema brasileiro, Jean-Claude Bernardet. No encerramento, as atividades foram divididas entre a Urcamp, Cine 7 e o Centro Histórico Vila de Santa Thereza, com exposição artística, projeções de filmes e homenagens. E, claro, com a premiação dos vencedores.
O longa-metragem “O Labirinto da Saudade”, de Miguel Gonçalves Mendes, recebeu o troféu de melhor filme. O ensaio documental sobre a essência do povo português, interpretado e narrado pelo escritor e filósofo Eduardo Lourenço, demostra quatro traumas que definem os portugueses: quem são, o que fizeram, que atrocidades cometeram e quais caminhos podem seguir. A partir desses elementos, o diretor constrói uma reflexão cultural e histórica da nação.
Artes plásticas
No sábado, a vernissage de Zorávia Bettiol abriu uma exposição, que ficará disponível até o dia 21 de dezembro, no Museu da Gravura Brasileira. A mostra, intitulada "Impressões e Interpretações", trouxe 12 obras da homenageada da décima edição do Festival da Fronteira. O trabalho tem diferentes períodos, onde as figuras humanas são o denominador comum. Cada série tem características próprias, como textos poéticos inseridos nas xilogravuras da série "Namorados" e a cor chapada em grandes planos recortados na série "Deuses Olímpicos".
A artista é gravadora, pintora, artista têxtil, designer e arte-educadora, e tem na gravura sua expressão mais forte. Participou de mais de 140 exposições individuais, entre 1959 e 2018, na América do Sul, Estados Unidos, Europa e Japão, e tem obras espalhadas por museus de todo o Brasil.
Projeções
A Mostra Competitiva Internacional de Curtas aconteceu em Santa Thereza, na parte da tarde de sábado, com o filme português "O Labirinto da Saudade", vencedor da disputa. O Cine 7 ainda sediou a sessão especial com a exibição do filme "A Cabeça de Gumercindo Saraiva", do gaúcho Tabajara Ruas. Além da projeção, foi feita uma homenagem ao ator Leonardo Machado, que morreu em setembro, aos 42 anos. O filme é um dos últimos trabalhos do ator, que também estreará o inédito "Legalidade", previsto para 2019.
Leonardo Machado nasceu em Porto Alegre e, até a adolescência, seu foco era o trabalho no campo. Aos 18 anos, mudaria de rumo ao se matricular em um curso de Teatro, onde teve como mestre Zé Adão Barbosa. Mudou-se para o eixo Rio-São Paulo para aprender mais. Ao longo da carreira, atuou em 11 peças de teatro, 18 séries, cinco novelas e diversos curtas-metragens e longas-metragens, entre eles "3 Efes", de Carlos Gerbase, "O Tempo e O Vento", de Jayme Monjardim, e "Yonlu", de Hique Montanari. Recebeu o Kikito de melhor ator do Festival de Cinema de Gramado por "Em Teu Nome", em 2009. Seus pais, Loureni e Sandra Mara Machado, são os proprietários da Estância Amendoeira, em Bagé.
Teatro Santo Antônio
As atividades no Centro Histórico Vila de Santa Thereza começaram às 18h, no sábado, com a Mostra Regional de Curtas-Metragens. Na sequência, aconteceu o recital Luiz Coronel 80 anos, parte das quase 30 atividades desenvolvidas no Estado em comemoração ao aniversário do escritor, publicitário e poeta bajeense. O projeto é desenvolvido pela Unipampa, seguido do espetáculo da Confraria de la Yerba, que desenvolve projeto de resgate da música regional.
A premiação foi realizada a partir das 21h, no Centro Histórico. A noite encerrou com o espetáculo "Elis e Tom", com a cantora Adriana Defentti, que interpreta, na íntegra, o clássico disco da MPB.
O festival encerrou ontem, com sessão especial em Santa Thereza, que exibiu o filme "Rebento", de André Morais. O filme de encerramento foi o documentário "Zorávia", de Henrique de Freitas Limas, que foi projetado às 17h, no Teatro Santo Antônio.
Avaliação
Para o diretor artístico e idealizador do festival, Zeca Brito, esta foi a edição mais "difícil" do festival. Ele explica que a dificuldade se deu devido à complexidade proposta na execução, na quantidade de filmes, espaços ocupados, cidades e instituições que o evento contemplou. “Conseguimos uma instância internacional, que é inédita”, exemplifica.
Brito destaca que foram exibidos filmes de diferentes nacionalidades e houve a estreia de filmes inéditos de várias nações que escolheram Bagé como a primeira janela no Brasil. “Em edições anteriores, sempre tivemos filmes de vários lugares do mundo, mas, pela primeira vez, os filmes estrearam aqui”, ressalta.
Para o cineasta, isso aponta que há um caminhar já legitimado e faz parte do entendimento dos realizadores de que o Festival da Fronteira existe. “É um momento muito sólido em que a gente está colhendo tudo que plantou nos últimos anos. E em cima desses 10 anos, é possível projetar a próxima década”, declara.
Cinejornal abre as mostras
Uma peça fundamental para a disseminação da informação durante o Festival de Cinema foi o Cinejornal Urcamp Documenta, produzido por 14 alunos do curso de Jornalismo da instituição de Ensino Superior, e desenvolvido há quatro anos.
De acordo com o coordenador do curso e do projeto, Glauber Pereira, o Cinejornal é um informativo. Segundo ele, trata-se, de uma espécie de telejornal e, ao mesmo tempo, associa linguagens de cinema com técnicas de edição, reportagens e captura de imagens diferenciadas para que pareça uma obra cinematográfica.
Pereira destaca que, este ano, houve a participação de alunos da disciplina de Cinema, e de outras disciplina. "A ideia da prática laboratorial é fazer com que os alunos consigam passar por desafios e resolver questões de várias linguagens da comunicação. Eles têm que capturar o som, montar equipes, cumprir turnos, captar imagens, entrevistar e escolher o que vão exibir”, comenta.
O coordenador argumenta que a participação dos estudantes foi muito especial porque o Cinejornal teve a oportunidade de ir para Santana do Livramento. Neste processo em que o festival também ampliou para além fronteiras, o material realizado foi exibido nos dois municípios. “Isso trouxe uma experiência muito legal e também testou a teoria aplicada em sala de aula”, ressalta.
Segundo Pereira, a intenção é fazer com que o Cinejornal possa ser realizado, além do Festival de Cinema. O material produzido pelos alunos é editado pelo jornalista Jéferson Vainer, que também é editor de imagens do laboratório de TV da Urcamp. “Exibimos um Cinejornal para cada dia de exibição das mostras”, frisa. Uma das novidades é que o evento foi todo filmado pela equipe do Canal Brasil e dois alunos que participaram do Cinejornal, Murilo Alves e Fabio Quatros, auxiliaram como câmeras.
Lista de vencedores
Mostra Internacional de Longas
Melhor filme: "O Labirinto da Saudade", de Miguel Gonçalves Mendes;
Melhor diretor: Paula Markovitch, "Cuadros en la Oscuridad";
Menção honrosa: "Humberto Mauro", de André di Mauro;
Melhor ator: Alvin Astorga e Maico Pradal, "Cuadros en la Oscuridad";
Melhor atriz: Natália Molina, "Meio Irmão";
Júri popular: "Rasga Coração", de Jorge Furtado.
Mostra Internacional de Curtas
Melhor filme: "Inconfissões" de Ana Galizia;
Melhor direção: Luciano Pérez Fernández, "Boca de Fogo";
1ª Menção honrosa: "A Sombra Interior", de Diego Tafarel;
2ª Menção honrosa: "Raquel" (2018), de Tânia Cattebeke.
Mostra Regional
Melhor filme: "O Fantasma do General", de Humberto Petrarca;
Melhor ator: Juan Castro, "Despertando para Preservar";
Melhor atriz: Nilva Jardim, "O Ladrão";
Melhor direção: Bibiana de Carvalho, "Eremita";
Menção honrosa: "Intraprojeção", de Camila Albrecht Freitas e Takeo Ito.
Mostra Universitária Unipampa
Categoria I – Audiovisual
Vídeo institucional
"VT Agricultura Familiar de São Borja", de Larissa Fabiane Thomas;
"Universidade Federal do Pampa - Unipampa - Campus São Borja", de Giulia C. Junges.
Vídeo reportagem jornalística
"Doação de Sangue", de Nádia Martins.
Vídeo vinheta
"Como seria a Vida sem a Unipampa?", de Diogo Ferreira.
Categoria II - Cinema
Ficção
"A Cúpula", de Fredericco Restori;
"Persona", de Maria Luísa Viana.
Documentário
"Unipatas - Meu amigo sem Teto", de Suêldes Kalew Félyx;
"Escola Bidart: A Arborização Fazendo a Diferença na Prática Escolar", de Diogo Ferreira.