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Documentário sobre mineração no Camaquã é lançado em Bagé
O “Dossiê Viventes: o Pampa Viverá”, documentário que retrata a luta de comunidades da bacia do Rio Camaquã contra o projeto de instalação de uma mineradora de chumbo da Votorantim Metais (Nexa) e Iamgold, às margens do manancial, foi lançado, no sábado, no Centro Cultural Vila de Santa Thereza, em Bagé. Após a exibição, houve uma roda de conversa com a equipe de produção, pesquisadores e colaboradores.
De acordo com a produtora executiva e roteirista do longa, Ingrid Birnfeld, o lançamento do documentário coincide com a data de comemoração de dois anos da declaração do Manifesto de Palmas, movimento de resistência contra a implantação da mineradora na parte mais preservada do bioma pampa. Ingrid salienta que o filme é resultado de mais de dois anos de estudos e mobilizações e exibe, em imagens e depoimentos, as razões contrárias à instalação da mineradora no local.
Segundo a diretora, a equipe traduziu para a linguagem coloquial os principais argumentos técnicos e de relevância jurídica, com a pretensão de tornar acessível e atraente os embates e impugnações feitos ao processo de licenciamento ambiental. “O documentário foi feito entre abril e novembro deste ano, em várias cidades que compõem a bacia do Camaquã”, informa.
O filme conta com a participação das comunidades e povos tradicionais do pampa, diretamente impactados pelo projeto minerário, e também de cientistas, autoridades acadêmicas de renome nacional e internacional, especialistas nos ecossistemas dos campos sulinos, organizações, políticos e atores sociais de inúmeros municípios engajados na causa. “São depoimentos, imagens e mais de 40 entrevistas que dão vida e voz à discussão, que hoje já possui milhares de páginas e tramita na Fepam e Ministério Público Federal e Estadual”, comenta.
Ingrid ressalta que o longa teve pré-lançamento em Palmas e em Rio Grande e deve percorrer os 28 municípios que compõem a bacia do Camaquã. “O documentário é fundamental para desmistificar que o movimento de resistência à implantação da mineradora não é contra o desenvolvimento da região, e que o trabalho realizado é sustentável, responsável e respeita as vocações”, diz.
O editor e diretor do filme, Tiago Rodrigues, informa que o documentário era para ser um curta-metragem, mas com a diversidade de falas e a quantidade de informações das audiências, ficou com duração de 1h22min. Além dos depoimentos, aparecem, no filme, trechos das audiências públicas. “O pampa é o bioma mais devastado do Brasil”, comenta. Além de Ingrid e Rodrigues, a equipe técnica contou com o assistente de direção Jéfferson Pinheiro.