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Empresa mantém 14 aeronaves atuando na região
Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Brasil tem a segunda maior frota aeroagrícola do mundo. No quadro geral, dos 2.115 aviões, cerca de metade voa à avgas. Outros 35% utilizam etanol e 15% são turboélices movidos à querosene de aviação. O Rio Grande do Sul conta com a segunda maior frota aeroagrícola do Brasil (427 aviões). E parte desta frota atua, de forma intensa, na Campanha gaúcha.
O proprietário das empresas Mercaer em Dom Pedrito e Aeromis em Bagé, Marcus Bernardi, destaca que as operações agrícolas são usadas para aplicações de fertilizantes e pesticidas em lavouras e requerem voos em baixa altitude, manobras em curto espaço e muita precisão por serem realizadas a poucos metros do solo.
Bernardi comenta que está há 27 anos no mercado e, atualmente, conta com 14 aeronaves e 12 pilotos realizando o trabalho. O empresário enfatiza que são mais de 100 propriedades atendidas e o trabalho é realizado de outubro a março, nas plantações de soja e, principalmente, de arroz, e, posteriormente, na semeadura de pastagem.
Em Bagé, as aeronaves ficam no aeroclube, onde a empresa mantém um hangar. De acordo com o empresário, os 14 aviões de sua frota foram convertidos para etanol e, por isso, a recente falta de gasolina de aviação (avgas) verificada, desde dezembro, em distribuidoras do País, não afetou o trabalho.
Única mulher instrutora de voo agrícola do Brasil atua em Bagé e Dom Pedrito
A jovem gaúcha Joelize Friedrichs, 29 anos, é, atualmente, a única piloto instrutora em um curso de pilotagem agrícola no Brasil. Natural de Não-Me-Toque e tendo em Carazinho sua formação, desde o curso de piloto privado até o agrícola, ela atua em operações aeroagrícolas no Rio Grande do Sul e trabalha para a Mercaer Aviação Agrícola, em Dom Pedrito, também atuando em Bagé.
A piloto começou a dar instruções em setembro do ano passado, quando ajudou a formar os sete alunos da turma 33 do Curso de Piloto Agrícola (Cavag), do Aeroclube de Carazinho. Joelize é uma das sete mulheres com licença de piloto agrícola no Brasil, das quais outras duas, a mineira Laura Lima e a gaúcha Rochele Teixeira, também já atuaram como instrutoras.
Sua trajetória iniciou em 2007, quando terminava o Ensino Médio e, na época, sonhava em prestar vestibular para Ciências da Computação. Na ocasião, disse ela, integrantes do Aeroclube de Carazinho realizaram uma palestra na sua escola e ela ficou curiosa para conhecer o trabalho. "Fui com meus pais realizar um voo e descobri que era o que eu queria fazer", conta.
De descendência alemã, a jovem aprendeu a pilotar com 18 anos e, com 22, já atuava na aviação agrícola. O trabalho requer pessoas habilitadas, por se tratar de um voo de risco. A piloto passou por várias habilitações, desde 2007, quando fez o primeiro curso de aviação. Depois disso, buscou a carteira de piloto comercial e, logo em seguida, estudou voo por instrumento e para avião motor, quando conseguiu o primeiro emprego em um táxi aéreo em Cuiabá, capital do Mato Grosso.
Joelize comenta que, para se tornar piloto agrícola, é necessário curso específico para a área, renovação da carteira a cada dois anos e exames de saúde anuais. "A maior dificuldade que sinto é a de ficar longe de casa durante a safra. Não senti nenhum preconceito pelo gênero", diz.