Campo e Negócios
Campanha gaúcha lidera ranking de perdas nas lavouras de soja devido à chuva
A unidade regional da Emater, de Bagé, emitiu, ontem, um relatório abordando os efeitos das recentes chuvas nas lavouras da Campanha gaúcha e Fronteira Oeste. Conforme a entidade, os prejuízos serão significativos, totalizando perdas superiores a 506 mil toneladas de grãos, sendo 270 mil no cultivo do arroz e 236 mil no de soja.
De acordo com a Emater, as perdas contabilizadas nos municípios da região foram tabuladas até o dia 21 de janeiro de 2019. Ou seja, há possibilidade de que os resultados sejam alterados a partir de uma nova análise. Para a entidade, porém, somente até o momento, o prejuízo já representa 5,41 milhões de sacas de arroz e 3,92 milhões de sacas de soja, atingindo 2,5 mil produtores atingidos.
As chuvas causaram prejuízos decorrentes do alagamento das lavouras, que configuram perdas imediatas, e excesso de umidade no solo, reduzindo a produtividade por área de cultivo, efeito da pressão das doenças e perda de proteção. Na cultura da soja, ocorreram as duas situações, enquanto nas de arroz há o predomínio da redução da produtividade em razão desta cultura tolerar o encharcamento.
Para o gerente adjunto da Emater/RS-Ascar, Rodolfo Perske, a precipitação causou um prejuízo muito grande para o agricultor, principalmente nas áreas que foram alagadas, pois as lavouras plantadas, principalmente a soja, não toleram tal cenário. "O arroz, que é uma planta de local úmido e tende a tolerar um pouco mais, terá diminuição de produtividade. Já as áreas de soja que não foram atingidas pelo alagamento têm um prejuízo potencial devido às chuvas terem ocorrido em um período contínuo de dez dias, o que impossibilitou os produtores de fazerem os devidos tratamentos sanitários", menciona o relatório.
As perdas, ainda segundo o levantamento, não ocorrem somente nas lavouras. Há registro no cultivo da melancia, melão, morango e uva. "Em torno de 6,7 mil toneladas perdidas e 142 produtores atingidos. Na olericultura, os valores atingem 1,65 mil toneladas e 331 produtores dedicados aos cultivos de mandioca, batata-doce, tomate, couve, alface e pimentão, principalmente", aponta o informe.
Perske ressalta que, daqui para frente, o agricultor terá que monitorar muito bem suas lavouras e plantações para fazer os tratamentos necessários. "É muito favorável que com essa umidade e calor apareçam fungos. Então o produtor deve ficar muito atento à sua lavoura para detectar isso assim que possível. Na parte de pecuária, o produtor também deve ficar atento com os endo e ectoparasitas, que com o calor e umidade também são favoráveis", alerta.
Números
De acordo com mapas explicativos elaborados pela Emater, a quantidade de chuva contabilizou excessos pluviômetros expressivos, em especial em Uruguaiana (610mm), Quaraí (520mm), Alegrete (490mm), Santana do Livramento, Bagé e São Gabriel (440mm), Dom Pedrito (400mm) e Caçapava do Sul (240mm).
No que tange as perdas no setor orizícola, Alegrete lidera o ranking de perdas (49.532 toneladas), seguido por São Borja (39.122 t), Rosário do Sul (36.193 t), Dom Pedrito (33.085 t), São Gabriel (23.756 t), Itaqui (19.600 t), Uruguaiana (17.800 t), Barra do Quaraí (17.400 t), Bagé (6.660 t), Manoel Viana (5.934 t), Santana do Livramento (5.933 t), Maçambará (5.914 t), Santa Margarida do Sul (5.269 t), Quaraí (3.159 t), Caçapava do Sul (974 t) e Hulha Negra (233 t).
Já na soja, o maior prejuízo abrange, de acordo com a Emater, a Campanha gaúcha. Em especial, o município de Dom Pedrito (129.607 t), que lidera o ranking, seguido por Rosário do Sul (29.400 t), Santana do Livramento (20.060 t), São Borja (18.650 t), Itaqui (11.528 t), Maçambará (9.776 t), São Gabriel (8.928 t), Bagé (6.176 t), Hulha Negra (1.039 t), Caçapava do Sul (955 t) e Manoel Viana (178 t).