Fogo Cruzado
Estado anuncia início do trabalho para preservação de documentos de Assis Brasil
Historiadores, arquivistas e um cientista social viajaram, no começo da semana passada, para o castelo de Pedras Altas, onde morou Joaquim Francisco de Assis Brasil, que ganhou destaque nacional como produtor rural, diplomata e político. De acordo com informações do governo do Estado, a equipe prepara um levantamento de mobiliário e de documentação, iniciando a primeira fase de um plano de trabalho. A primeira etapa do chamado Plano de Salvamento da Documentação da Granja de Pedras Altas envolve um levantamento quantitativo e o acondicionamento material, começando pelo que se encontra em maior risco. A análise prévia do material indica um acervo valioso e, em alguns casos, inédito.
O trabalho foi viabilizado através de um acordo de cooperação assinado entre a Secretaria Estadual da Cultura, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), com órgãos ligados à preservação, para viabilizar a conservação de bens e documentos de propriedade de Assis Brasil. O entendimento entre as instituições foi feito devido à relevância histórica e cultural do acervo produzido pelo político e diplomata. Participam do acordo de cooperação, juntamente com a secretaria e o Iphae, a Secretaria da Modernização Administrativa e Recursos Humanos, o Ministério Público, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Para a secretária da Cultura do Estado, Beatriz Araújo, a articulação a favor do patrimônio do Estado é decisiva na preservação ainda possível da Granja de Pedras Altas. "Acordos nesta direção devem se tornar rotinas nas agendas das instituições envolvidas. O Rio Grande do Sul tem outros acervos que merecem nossa atenção”, disse a secretária. O trabalho não tem data definida para conclusão porque depende das necessidades e especificidades de documentos, bens e etapas do projeto, que inclui o restauro do castelo de Pedras Altas.
De acordo com a diretora do Iphae, Renata Horowitz, a trajetória pela preservação e salvaguarda do conjunto arquitetônico da Granja de Pedras Altas remonta 30 anos. "A ação implementada, agora, é resultado da união de esforços de vários entes públicos e deve dar fim à situação de risco em que esse importante acervo se encontra”, acrescenta.
Além da preservação, a exposição de documentos públicos para a pesquisa foi fundamental para o encaminhamento do trabalho. O plano está organizado em quatro etapas. Após o primeiro registro e armazenamento, o material vai ser transportado para uma guarda provisória no Memorial do Ministério Público em Porto Alegre. Depois será feito o levantamento detalhado de todo o acervo e o tratamento do material para preservação. Por fim, haverá o retorno do material à Granja de Pedras Altas, após o imóvel ter condições de armazenamento adequado do acervo.
Patrimônio tombado
O Castelo de Pedras Altas, tombado pelo Iphae em 1999, foi erguido entre 1909 e 1913, em estilo medieval, para ser usado como residência de Assis Brasil. Durante a elaboração do projeto de restauração arquitetônica e requalificação do acervo estão previstos um ou mais locais com condições ideais de guarda do material documental. A construção, que tem mais de 40 cômodos, foi palco da assinatura do Tratado de Paz da Revolução de 1923.