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“Acho que tenho muita lenha para queimar”, afirma Souza, aos 40 anos
Se julgar Souza pela aparência, nem dá para deduzir que, na segunda-feira, o meia jalde-negro alcançou 40 anos de vida. Esperança do torcedor para conquistar a sonhada vaga na elite do futebol gaúcho, o jogador completou, quinta-feira, um mês fixado na Rainha da Fronteira. A uma semana da estreia na Divisão de Acesso, em casa, diante do São Gabriel, Souza atendeu a reportagem do Jornal MINUANO e abordou temas como condições físicas e técnicas, adaptação com a cidade e perspectivas para carreira. Segue abaixo, alguns detalhes da conversa.
Idade
São poucos os jogadores que chegam, aos 40 anos, envolvidos em jogos competitivos. Por mais que a Divisão de Acesso seja a segunda do futebol gaúcho, ela é considerada, por muitos, como a mais equilibrada entre as três, pelo fato de reunir várias equipes tradicionais. Para conseguir chegar nesta idade, em plena forma, Souza atribui, como motivo, o seu biotipo. "Vamos ficando mais experientes e, obviamente, o rigor físico não é o mesmo de 20 anos. Me considero um cara privilegiado, até pela minha saúde e biotipo. Às vezes, a galera me olha e nem imagina a idade que tenho. Sou um cara muito agradecido a Deus por isso. Acho que tenho muita lenha para queimar", ressalta.
Questionado sobre os planos da carreira, Souza afirma que tudo dependerá dos rumos do Bagé na Divisão de Acesso. "É difícil prever, mas, na minha cabeça, passa a ideia de jogar mais esse ano. Porém, se tiver a possibilidade de subir, pretendo jogar a primeira divisão pelo clube e, depois, possivelmente, encerrarei minha carreira. Nos últimos dois anos, joguei no Brasiliense e cheguei a duas finais. Em ambas as campanhas, fui o principal jogador. Isso me trouxe confiança. Aprendi muito, durante a minha carreira. Tem gente que só aprende com as coisas boas, mas eu tenho a mente aberta. Também tirei coisas positivas nos momento ruins", manifesta.
Referências
Revelado, em 1998, no CSA, Souza chamou a atenção do futebol brasileiro ao ser um dos destaques do surpreendente título da Copa Conmebol, em 1999, pela equipe alagoana. Depois, teve passagem discreta pelo Botafogo, Libertad (Paraguai) e Guarani de Campinas, até chegar a Portuguesa Santista, onde retomou o bom futebol. A passagem pelo time fez com que fosse contratado pelo São Paulo. E foi no Tricolor Paulista que alcançou o ápice. De 2004 a 2007, foram 133 jogos e 47 gols e títulos de Mundial Interclubes (2005), Libertadores (2005), Brasileiro (2006 e 2007) e Paulistão (2005).
Os três anos no clube paulista foram marcantes na vida de Souza. Tanto que, ao ser questionado sobre quais eram as suas referências como treinador, ele foi direto: Paulo Autuori e Muricy Ramalho. "O Paulo Autuori foi o melhor com que já treinei. E destaco, também, o Muricy, que me ensinou muita coisa. Mas todos com que trabalhei deixaram seu legado, mesmo aqueles com que não tive um bom relacionamento", argumenta.
Adaptação ao ambiente
Para Souza, a vinda para Bagé é uma experiência. Acostumado com os grandes centros, o jogador afirma que está gostando da "calmaria do interior". Embora já tenha atuado por Grêmio, Caxias e Passo Fundo, o futebol da região se diferencia por um estilo mais pegado. Nesse ponto, diz estar em adaptação. "Embora a idade seja velha, as coisas são muito novas. Estou trabalhando com uma galera mais jovem, algum deles até tinham eu como referência. Estou gostando e espero conquistar aquilo que o clube tem em mente e suprir as expectativas de todos. Peço para que o torcedor continue nos incentivando. Se houver um conjunto de clube e torcedor, não tem como dar errado. Temos tudo para colocar a equipe na primeira divisão, no ano de seu centenário", conclui.