Segurança
Listado na Interpol, acusado de matar mulher é condenado a 18 anos
Apesar de, na época do crime, em 2005, não existir a lei de Feminicídio, o tribunal do júri julgou e condenou, ontem, Tiago Machado Leite, de 35 anos, pelo assassinato da companheira, Lídia Mara Ribeiro Cozzani, no dia 27 de novembro de 2005, na rua Otávio Cantos, com golpes de faca. O réu, que está preso desde agosto de 2017 (quando foi encontrado e detido no Uruguai), deverá cumprir 18 anos de prisão, em regime fechado, sem direito a responder em liberdade. Leite estava na lista da Interpol e foi extraditado, ainda no mês de dezembro de 2017, até o Presídio Regional de Bagé (PRB).
Segundo a sentença de pronúncia, o crime ocorreu na madrugada de 27 de novembro de 2005, por volta das 2h, na rua Otávio Cantos, quando o então denunciado, desferindo golpes de faca, matou a companheira Lídia Mara Ribeiro Cozzani, causando-lhe as lesões e, na sequência, morte por esgorjamento (subdivisão (corte) das partes moles da região anterior (frente) do pescoço).
Na ocasião, Leite e a vítima voltavam de um churrasco quando o acusado, motivado por ciúmes da companheira (motivo torpe), sacou de uma faca e atacou Lídia, que, mesmo tentando defender-se, acabou abatida por um golpe que transfixou-lhe o pescoço, causando-lhe sangramento abundante no pescoço (meio cruel). Após, o denunciado ainda arrastou o corpo da vítima e escondeu na vegetação local.
Durante o julgamento, nenhuma testemunha foi ouvida. O réu começou contando que, ao saírem da festa, iam para um baile e, no meio do caminho, o telefone da vítima tocou. "Eu peguei o telefone e atendi. Era um homem, dizendo que ela me traía quando eu estava trabalhando na estância. Então, ela levou a mão na minha cintura, peguei a faca e ela tentou pegar da minha mão e acabou se cortando e, caiu, lesionada", contou o réu.
Em resposta ao questionamento do promotor de Justiça, Cláudio Rafael Morosin Rodrigues, que indagou o que ele fez após o atrito. O réu contou que deixou a mulher no local e foi até em casa. "Fui em casa, troquei de roupa e fui no baile. Ia atrás do homem que falou que ela estava me traindo", explicou. O promotor ainda questionou onde ele teria deixado a roupa, pois a polícia não encontrou em casa. "Eu não sei, deixei na minha casa. A faca ficou no local, junto dela", ressaltou.
O réu também disse que ele sempre teve ciúmes e que, na ocasião, ficou muito nervoso. O promotor ainda ressaltou que uma testemunha contou, em juízo, que viu o acusado retornar do baile por volta das 5h, quando avistou Leite entrando no matagal. A defesa questionou se o relacionamento dele com a família da vítima era bom e há quanto tempo estavam juntos. "Eu e ela estávamos juntos há mais de um ano. Eu sempre tive ciúmes. Agora, quero falar a verdade, para não ter peso na consciência. Foi sem querer que isso aconteceu", mencionou.