Opinião
A engenharia e a vida
O incêndio ocorrido no Hospital Fêmina de Porto Alegre e a dificuldade enfrentada pelos bombeiros e funcionários no combate às chamas evidenciam mais uma vez que as lições produzidas a partir da tragédia da Boate Kiss ainda não foram suficientemente aprendidas. Não é exagero afirmar que no Brasil de uma forma geral e no Rio Grande do Sul em particular, milhares de vidas são expostas ao risco todos os dias pela precariedade, ineficiência e até mesmo ausência absoluta de sistemas e planos de prevenção e controle de incêndios.
Precários também são os mecanismos de fiscalização e controle capazes de evitar tragédias como as das barragens e a do Ninho do Urubu. No Brasil, viadutos caem com uma frequência alarmante; pontes e estradas, principalmente aquelas inviáveis à terceirização e à cobrança de pedágio, deterioram-se a olhos vistos, transformando-se em fatores de riscos potencialmente prontos a ceifar vidas. É possível perceber uma característica comum em todos esses lamentáveis episódios: a falta de Engenharia.
Mas por que isso acontece se dispomos de grandes universidades e de um contingente bastante razoável de excelentes profissionais tanto no setor público quanto no privado, se possuímos exemplos gigantescos de como fazer e do que não fazer? O que falta à engenharia brasileira para encerrarmos de maneira definitiva este ciclo de desastres e de irresponsabilidades? Falta valorização tanto dos profissionais quanto da própria Engenharia.
Dirijo uma entidade na qual o conceito de valorização profissional vai além das questões envolvendo remuneração e condições de trabalho. Nosso trabalho inclui alertarmos a sociedade e propormos alternativas ao poder público e legisladores. Isso porque nossos representados acompanham incrédulos a sucessão de tragédias contra as quais poderíamos, pela aplicação da técnica, dos planos de prevenção e de manutenção, muitas vezes simples e amplamente difundidos, encontrarmos uma solução que viesse ao encontro dos anseios de toda a sociedade por mais segurança. A cadeia de responsabilidades é ampla, porém no tocante à Engenharia, a preservação da vida é uma questão técnica amplamente acessível e disponível, mas que, no entanto, vem sendo fartamente desperdiçada.
*Por Alexandre Wollmann, engenheiro, presidente do SENGE-RS
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