Como é engraçado ver o comportamento dos intelectuais contemporâneos. Revestidos de uma aura de iluminados e em razão de terem inundado as universidades com um sentimentalismo abjeto que deforma mentes, utilizam-se das chancelas institucionais para esparramarem a arrogância. Afogados em ideologias coletivistas-progressistas, drogam (em alguns casos, literalmente) a razão para encaixá-la em seus pré-conceitos. Sem racionalidade e sem humildade, resta-lhes algo que é continuamente imputada aos seus opositores: a obscuridade.
Em 17/03/2019, o site da revista Época divulgou um texto de Débora Diniz, em que ela lança um desafio público a Olavo de Carvalho: um debate sobre o tema do aborto. Ela, professora da Universidade de Brasília e “aclamada” pesquisadora favorável à descriminalização do aborto; ele, um famoso pensador e escritor, que exerceu enorme influência na reestruturação do pensamento conservador nacional e, nas últimas eleições presidenciais, ao apoiar Jair Bolsonaro.
No escrito, a acadêmica-militante, sempre com um sorriso um pouco mais largo que o da Monalisa ao falar da possibilidade de pôr fim à vida de quem é indefeso, e que se intitula “intelectual acadêmica”, afirma que não encontrou o currículo acadêmico de Olavo. Ora, aos que conhecem minimamente (para não ser um idiota... sem perder a piada) a vida política da atualidade, sabem que Olavo é um outsider, conhecido por suas posturas duras e sem papas na língua e que foi autor de best-sellers, que estavam em consonância com as ideias de boa parte dos brasileiros. Assim, por trás da afirmação infantil de Débora Diniz, há uma tentativa vil de desqualificar o opositor por falta de preenchimento dos critérios que a militante julga necessários para que se inicie um bom debate.
Essa crendice rudimentar, baseada na ideia de que só existe vida intelectual dentro da universidade, mostra o quão afastados do senso comum (bom senso) estão os nossos “professores”. Resultado? Ideias mirabolantes que buscam a planificação da sociedade com base em subjetividades eivadas de ideologias. A fórmula? A apropriação de instituições que “glamourizem” o que é dito, independentemente da razoabilidade dos argumentos ou da bizarrice da causa (defesa do aborto). Não à toa, no texto, Débora Diniz apela a prêmios, títulos e homenagens recebidas, como se isso, por si, fosse a confirmação de sua excelência racional.
A petulância intelectual cega. Não foram poucas as vezes em que presenciei, em diversos espaços acadêmicos, tentativas de constrangimentos às pessoas que portavam livros de Olavo: “Como uma pessoa tão inteligente lê isso?”, perguntavam variados interlocutores que nunca haviam lido uma página sequer da obra daquele escritor. Expoentes de uma época avessa ao que é produzido fora dos círculos de um sistema que se retroalimenta a partir das bajulações entre os pares.
Olavo sabe disso e denunciou a sordidez dessa dinâmica. Seu sucesso fez com que Débora Diniz lhe propusesse um debate, como tentativa de obtenção de um reconhecimento popular que nunca teve, com o falso propósito de tentar desmascarar o “guru” de Bolsonaro. A professora expressa uma mentalidade que corroeu os alicerces da verdadeira intelectualidade ao imaginar que não há pensamento razoável fora dos esquadros acadêmicos. Olavo nunca teve tanta razão.