Editorial
Novas perspectivas para uma estrutura gigante
A formalização da venda da unidade de Bagé da Companhia Estadual de Silos e Armazéns, a Cesa, após cerca de dois anos de idas e vindas, projeções e incertezas, abre um novo leque de perspectivas para o setor de armazenamento de grãos na região. E não apenas pela compra da gigante estrutura que estava praticamente estagnada, às margens de importantes vias de circulação de produtos, rodoviárias e ferroviárias, mas pelos estímulos que poderão ocorrer a partir do atual negócio.
Conforme antecipado por Antônio Zanin Sobrinho, proprietário da Pradozem, que arrematou a estrutura levada a leilão, a proposta do grupo é direta: estimular a cultura de produção de cevada na Campanha gaúcha, através de um contato com a Ambev, detentora de inúmeros negócios na produção e distribuição de bebidas que utilizam o grão.
O fato mencionado gera curiosidade. Sim. Até porque estruturas destinadas ao armazenamento e até mesmo o beneficiamento de grãos, em âmbito local, não são raros. São, aliás, tão frequentes que cresceram em proporção similar à implantação de culturas mais recentes, como a soja, para nos atermos a um item específico.
No caso da cevada, porém, a análise amplia um horizonte paralelo. Não de hoje, a produção de cervejas artesanais tem estimulado este setor. No caso local, porém, sabe-se que este cultivo ocorre, mas não especificamente destinada a tal nicho. Poderá, porém, passar a acompanhar todas as variáveis que forem abertas a partir da instalação de uma unidade moderna para armazenamento que, por questão de lógica, deve incentivar novos negócios. Ou seja, seja para a Ambev ou para outros produtores, com compradores dispostos, produtores de cevada devem buscar ampliar seus estoques.
Enfim, o fim parcial da novela da Cesa de Bagé terminou, aparentemente, de forma positiva. E isto sem levar os valores envolvidos em conta, já que esta análise é focada nas perspectivas.