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Filme Legalidade, de Zeca Brito, estreia no Festival Latino de Chicago
O cineasta bajeense Zeca Brito comemorou seu aniversário de 33 anos, quarta-feira, com a estreia de "Legalidade", seu sexto longa-metragem, no 35º Festival Latino de Chicago, nos Estados Unidos.
A obra, filmada no Rio Grande do Sul, aborda o movimento da Legalidade, uma mobilização civil e militar, liderada por Leonel Brizola, que ocorreu durante 14 dias no Sul e Sudeste do país, após a renúncia de Jânio Quadros à presidência do Brasil, em 1961. A campanha defendia a manutenção da ordem jurídica, que previa a posse de João Goulart.
Durante a estreia, Brito realizou um discurso de abertura, que foi lido em inglês pelo ator Fernando Alves Pinto, um dos protagonistas do longa. Em sua fala, o cineasta fez críticas ao momento político do país e destacou a produção como "um ato de resistência, que contraria inclusive a história oficial que, agora, passa a ser imposta", fazendo referência ao nome do filme em inglês: "Resistance". "O Brasil vive um momento sombrio em sua história. Sombras do passado voltam a figurar em nosso presente. Valores culturais se desconstroem da noite para o dia, sofre o meio ambiente enquanto os diretos trabalhistas vão sendo destruídos. Os direitos humanos e seus defensores estão sendo assassinados nas florestas e nas ruas do país", declarou Brito, ao iniciar seu discurso.
Na ocasião, o bajeense também homenageou o ator Leonardo Machado, que morreu no ano passado, vítima de um câncer no fígado. "Nosso Leonel Brizola, o ator Leonardo Machado, partiu antes de ver o filme pronto. Para ele, que nunca perdeu a esperança em seu país, dedicamos Resistance", relatou.
Elenco e equipe
Com a participação de atores de renome nacional, como Cleo Pires, Leonardo Machado, Fernando Alves Pinto e Letícia Sabatella, "Legalidade" tem roteiro desenvolvido em parceria com Leo Garcia, com o qual Brito também desenvolveu o documentário "A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro" e o filme "Em 97 Era Assim".
No longa-metragem, Brizola foi interpretado por Leonardo Machado durante quase todo o filme, mas nas cenas finais, cerca de 40 anos após o movimento da Legalidade, quem dá vida ao ícone nas telas é o bajeense Sapiran Brito, que foi amigo e companheiro político do ex-governador.
Recepção do público
Para Brito, a estreia do filme teve ótima recepção do público norte-americano, destacando os comentários da comunidade latina no local. Ele ressalta que obteve vários elogios quanto à construção do roteiro que busca entrelaçar personagens e fatos reais com eventos e figuras fictícias que são utilizados para a condução da trama. "Isso foi bastante destacado pelas pessoas que assistiram ao filme como algo positivo. Um filme que é agradável para entender a história e que faz proposições importantes nesse momento histórico que a gente vive", salienta o diretor, que também ressalta a importância de Chicago para as conquistas da classe trabalhadora.
"O filme fala de um herói do trabalhismo brasileiro, que foi Leonel Brizola. Então nesse momento histórico, onde vivemos muitos retrocessos do muitos retrocessos sociais no Brasil, e, principalmente, o fim das leis trabalhistas, estar em Chicago, uma cidade que acaba de eleger uma mulher negra e LGBTQ+, é muito simbólico. É buscar uma referência de liberdade e de construção de uma sociedade mais igualitária, com mais oportunidades para todos, que é o que o Brizola buscou a vida inteira", afirma o cineasta.
Legalidade continuará seu circuito em eventos internacionais. Nas salas de cinemas brasileiros, seu lançamento está previsto para 12 de setembro.