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XI Festival de Cinema da Fronteira homenageia a atriz Araci Esteves

Publicada em 12/04/2019
XI Festival de Cinema da Fronteira homenageia a atriz Araci Esteves | Cidade | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Filme "Anahy de Las Misiones" é um marco do cinema gaúcho

Uma lenda antiga e recorrente na região banhada pelo rio da Prata conta a história de uma mulher que, durante a Guerra Cisplatina (1825-1828) vagava pela região coletando o entulho do que sobrava nos combates. Ela recolhia objetos pelo chão e os vendia aos soldados, não importando o exército. Essa história inspirou Sérgio Silva e Gustavo Fernández, diretor e roteirista, respectivamente, do filme “Anahy de Las Misiones”, que foi lançado em 1997. A escolhida para dar vida a essa mulher tão forte e impetuosa foi Araci Esteves, atriz que desde os anos 1960 escreve seu nome na dramaturgia gaúcha. Em 2019, ela é a grande homenageada do Festival Internacional de Cinema da Fronteira e recebe o troféu “São Sebastião” em reconhecimento ao seu trabalho no teatro e no cinema nacional. Além da homenagem, no dia 27 de abril será exibido, pela primeira vez, a cópia remasterizada, em alta definição, de “Anahy de Las Misiones”, às 18 horas, no Teatro Santo Antônio, em Santa Thereza.

Araci de Las Misiones”

Araci Esteves é natural de Osório e começou a carreira no teatro político dos anos 1960 e foi uma das criadoras do Grupo de Teatro Independente, que marcou época em Porto Alegre. Nos anos 1970, participou da Companhia de Comédias, no Rio de Janeiro, e excursionou a Europa com o grupo que contava, entre outros nomes, com Dercy Gonçalves. Juntamente ao marido, o autor, diretor e ator Carlos Carvalho, viveu prolífica parceria artística, que rendeu diversas produções teatrais até 1985, quando ficou viúva. Estreou no cinema ainda nos anos 1970 em pequenos papéis, com destaque para “Aqueles Dois” (1985), de Sérgio Amon, e “O Mentiroso” (1988), de Werner Schünemann. O reconhecimento do grande público viria em 1997, quando foi escalada para viver a personagem Anahy, figura mitológica que, na história escrita por Gustavo Fernández, Tabajara Ruas e Sérgio Silva, vaga pelos campos do Rio Grande do Sul durante a Revolução Farroupilha. “(Anahy) foi uma espécie de portal para mim, pois me apresentou de verdade ao cinema. Tenho um carinho todo especial, pois foi um divisor de águas na minha vida”, avalia a atriz. Anahy é uma mulher de bravura e conduz os filhos pelos campos devastados pela guerra em busca de qualquer objeto de valor, numa luta constante pela sobrevivência aos horrores do conflito. Apesar da longa experiência no teatro, ela revela que o processo de preparação para foi difícil. “Eu estava muito inibida no começo, pois não sabia como mostrar essa personagem tão visceral. O roteiro fantástico dava tantos caminhos que, por fim, pensei: 'não vou me importar, vou fazer'”.

A produção é grandiosa: o filme foi rodado em 20 locações, indo da Fronteira até os cânions de Cambará do Sul. O figurino foi meticulosamente reproduzido, bem como armamentos, uniformes do exército e carroças. O filme reproduz até a mítica travessia dos campos de Giuseppe Garibaldi com seu lanchão “Seival”, utilizado na Tomada de Laguna durante a Revolução Farroupilha. Para isso, foi construído um barco de 16 metros de comprimento. “Tudo nesse filme é muito marcante, muito glorioso. Eu não tinha ideia do tamanho da coisa”, explica Araci. Ela revela que o papel chegou às suas mãos através do diretor e amigo Sérgio Silva, um dos grandes nomes do cinema gaúcho, morto em 2012. “Eu e Sérgio trabalhamos muito tempo juntos e fomos amigos por mais de 50 anos”, revela. “É importante destacar que, no pior período para o cinema nacional, quando não se fazia nada, no Rio Grande do Sul o trabalho nunca parou”, destaca. As vacas magras para a sétima arte no Brasil persistiram até o infame Plano Collor, que marcou a retomada do cinema brasileiro. “Por aqui foram produzidos muitos curtas-metragens, filmes em Super 8, videoclipes. Quando a situação começou a melhorar, já havia uma porção de artistas mobilizados”, completa.

Araci Esteves ainda emplacou diversos papéis em peças e filmes, além de expandir sua atuação também para a televisão, com destaque para “A Casa das Sete Mulheres”, de 2003. Com mais de meio século de trabalho sólido e marcante, Araci Esteves é a grande homenageada desta edição do Festival da Fronteira. “Estou muito surpresa e, também, muito gratificada pelo reconhecimento”, completa.

 

Restauro

Lançado em 1997, “Anahy de Las Misiones” foi exibido nos cinemas a partir da película de 35mm. Quem assina a produção é a cineasta gaúcha Mônica Schmiedt, cineasta gaúcha que foi um dos grandes expoentes da sétima arte no estado, falecida em 2016. A gaúcha era produtora de filmes desde os anos 1980 e teve papel determinante no desenvolvimento do cinema gaúcho e nacional, assumindo a produção de filmes como “O Mentiroso”, “O Quatrilho”, “Ilha das Flores”, “A Invenção da Infância”, “Memórias Póstumas”, além de dirigir os documentários “Antártida - o último continente”, “Extremo Sul” e “Doce Brasil Holandês”. Seu ultimo projeto foi o longa-metragem “Prova de Coragem” e foi baseado no livro “Mãos de Cavalo”, de Daniel Galera.

Mais de duas décadas após seu lançamento, o original de “Anahy de Las Misiones” acabou parando nas mãos do montador cinematográfico e supervisor de pós-produção Daniel Dode. Ele é o responsável pelo trabalho de restauração dos filmes de Sérgio Silva. Com experiência de mais de uma década trabalhando para clientes como BBC, Walt Disney Company, Discovery Channel, Channel 4 e MTV. “A Mônica tinha um plano de remasterizar alguns filmes da produtora (MSchmiedt), entre eles Anahy. Apesar da morte dela, o trabalho continuou”, comenta. “O que temos é um processo de remasterização que ainda está em andamento. Tivemos acesso à película de 35mm e, inicialmente, escaneamos quadro a quadro em 4K”, explica Dode. Ele adverte que, apesar do novo tratamento de cores e da conversão do áudio, o trabalho ainda não terminou. “Algumas partes da película estavam danificadas, mofadas etc. Nossa luta, agora, é ter acesso a uma nova cópia, junto à Cinemateca Nacional, para juntarmos as partes que não estão perfeitas”, explica.

Dode tem em seu portfólio em pós-produção publicitária marcas como Apple, Johnnie Walker, Jaguar e Sony. Após uma década na Inglaterra, em 2015,ele retornou ao Brasil e, além do trabalho em cinema, é professor na ESPM e na Unisc. Dode destaca a grandiosidade da produção coordenada por Mônica Schmmiedt. “Esse filme é um marco do cinema e, já na época, foi uma super produção. É um tipo de filme que não se faz mais”. Ele avalia a sessão do próximo dia 27 como histórica. “É a primeira vez que esse filme vai ser exibido em alta resolução. Não percam”, declara.

O Festival Internacional de Cinema da Fronteira é uma realização da Associação Pró Santa Thereza e do Centro Histórico Vila de Santa Thereza, com financiamento do Sistema Pró-Cultura, da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac-RS). A produção é da Anti Filmes, com apoio institucional da Urcamp, Unipampa e Udelar. O jornalista Roger Lerina assina a curadoria de longas-metragens. O evento tem direção artística de Zeca Brito e produção de Frederico Ruas e Maristela Ribeiro. Mais informações no site fb.com/festivaldafronteira.

 

PROGRAMA

O que: Sessão especial em homenagem à Araci Esteves: Anahy de Las Misiones

Quando: 27 de abril, às 18h

Onde: Teatro Santo Antônio, em Santa Thereza

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