Editorial
É preciso enfrentamento
Sancionada em março de 2015, ou seja, há mais de quatro anos, a lei que instituiu a tipificação de feminicídio para o assassinato de mulheres por questão de gênero embasou, talvez, a principal batalha na guerra para acabar com a violência contra a mulher. De fato, a definição de uma pena específica, de reclusão de 12 a 30 anos, do seu modo, contribuiu para o processo. Porém, mesmo hoje, muito ainda há por ser trilhado.
Em Bagé, por exemplo, a instalação da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher também serviu como uma vitória. Até porque, muito mais que garantir um atendimento específico para casos graves às mais simples agressões, oportunizou o estabelecimento de uma rede de acolhimento. Sim, garantir um espaço para que mulheres que sofrem violências, física ou psicológica, serve tanto ou mais que a certeza de investigação de cada caso. É a partir de mecanismos como estes que a vítima pode tomar coragem para dar um basta e buscar uma vida digna e, claro, enfim, feliz.
Dentro deste prognóstico, é interessante a iniciativa Ônibus Lilás, que teve início, esta semana, por Bagé. Até porque trata-se de um instrumento itinerante que vai até os mais variados pontos, permitindo uma oportunidade para que mulheres possam falar, ou simplesmente se orientarem sobre os passos legais para não serem, jamais, violentadas por seus companheiros.
E é preciso, sim, deste serviço. Como retrata reportagem desta edição, assinada pela acadêmica Larissa Mendonça, em 2018, mesmo diante da atual legislação no País, os registros de crime de ódio contra a mulher cresceram 12%. No Rio Grande do Sul, os números ultrapassaram 40,9% e o estupro aumentou 3%. Em Bagé, houve um aumento de 2,45% nos casos de ameaça. Como a estatística, por si só, comprova, é preciso ação e um enfrentamento permanente. Do contrário, de nada valerão as sanções judiciais.
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