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Faces de um mesmo sentir

Publicada em 26/04/2019
Faces de um mesmo sentir | ELLAS | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler

 

Aline Fontoura de Leon

Escritora 

 

Lembro bem daquela tarde de outono. A chuva batia levemente nos vidros da casa querendo entrar. Tínhamos almoçado juntos, como era costume nos domingos, e todos já haviam partido. Fiquei mais um pouco, aninhada naquele lar que, sutilmente, ainda me pertencia. A casa, com todas as suas nuances, estava eternizada em minhas lembranças.

Era muito bom, de vez em quando, voltar a sentir o ventre materno. Aquele que cuida, acaricia e protege. Conseguia ter essa sensação ainda que reconhecesse que o envelhecimento inverte os papéis entre mães e filhos. O colo agora quem oferece somos nós.

Soltei o livro que lia e, ao olhar minha mãe dormindo, pensei o quão frágil havia se tornado. A fragilidade a que me refiro não diz respeito a sua luta diária contra a doença que há muito havia dela se apoderado. Nisso era provida de força. Falo da vida que, aos poucos, ela foi largando.

É difícil ver aquela mulher outrora tão dinâmica e cheia de vigor, agora somente assistindo ao tempo passar. Onde foi parar o desejo dos dias a viver? Reflito que talvez tenhamos que dedicar muito esforço para readaptar aquilo que se perde. Com o passar dos anos, é necessário que façamos o exercício da troca, ainda que reconheça não ser tarefa muito fácil. Os filhos crescem, a mobilidade diminui e a pele fica flácida, mas, em compensação, outros ganhos acontecem: nos afetos, na família que aumenta. Se essa permuta não for feita, quase nada restará e a vida se desprenderá aos poucos para nunca mais voltar. Talvez essa dificuldade, para alguns, venha somada a um estranhamento com a finitude que, inevitavelmente, chegará.

Mesmo assim, reconheço que há ocasiões em que vejo em seus olhos o desejo de estar no mundo. Sinto lampejos de esperança, como se ela soubesse que os dias somente acabam quando terminam. É como se conseguisse se olhar novamente e buscar, dentro de sua consciência, tudo o que foi e que ainda está ali, apesar de não perceber. Nesse instante, ela faz planos e, o mais importante, permite-se vivenciar as sutilezas da vida. Nessas horas, a  conexão se refaz e, ainda que não perdure, dura o tempo necessário para que possamos estar juntas e plenas em nossa tão apreciada cumplicidade. 

E nesse processo vou me descobrindo filha e mãe, em um momento único. Sentimentos que se entrelaçam para permitir que o amor seja vivenciado em sua plenitude. Papéis que, em sua duplicidade, permitem que nos coloquemos no lugar do outro. Aprendizados diversos de um laço eterno que nunca se desligará e ficará, para sempre, perpetuado.

Pego novamente o livro e recomeço a leitura, pois ela já começa a esboçar um bocejo querendo acordar...

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