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Azeites do Pampa é inaugurada

Publicada em 27/04/2019
Azeites do Pampa é inaugurada | Cidade | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Produtos foram apresentados ao público durante cerimônia

O que teve início há cerca de 15 anos, a partir de pesquisas em busca de novos potenciais para a região da Campanha, resultou, na sexta-feira, na inauguração do primeiro empreendimento agroindustrial de Bagé destinado à fabricação de um produto que, quando tais estudos iniciaram, ainda era apenas uma ideia, talvez nem imaginada. A abertura oficial das atividades da Azeites do Pampa, assinalado no início da noite, em um evento para autoridades e especialistas no setor, portanto, é mais que simplesmente concretização de um projeto resultante de um grupo de pessoas que decidiu investir num segmento específico, mas uma espécie de comprovação de que a tecnologia e, claro, a força de vontade de muitos gera frutos.
A cerimônia contou com a presença de autoridades e com representações do Ministério da Agricultura e do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva). Além da inauguração do novo prédio, foi realizado um coquetel com degustação do produto no espaço Villa Toscana.
O investimento, de cerca de R$ 2 milhões, é proveniente dos sócios Emerson Menezes, André Previtali, Pedro Dirceu dos Santos, Carlos Eduardo dos Santos, Glênio Cerioli, Sônia Lima, Frederico Frasão, Humberto Acosta e Reginaldo Gasso, que buscaram recursos públicos para a implantação. No início de 2016, foi projetada a forma de Associação e, em junho do mesmo ano, os produtores já haviam conseguido formar o grupo e reunir o valor necessário. O prédio que abriga o maquinário foi construído próximo ao Aeroporto Comandante Kraemer e o espaço possui cerca de 300 metros quadrados. Além da indústria, o local conta com uma uma loja para a comercialização do azeite.
Conforme um dos sócios e engenheiro agrônomo, Emerson Menezes, a comercialização dos Azeites do Pampa deve iniciar em maio. Ele salienta que as mostras do produto foram encaminhadas para um laboratório em São Paulo, para a certificação e análise, e devem ser liberadas em no máximo duas semanas. Menezes ressalta que a indústria é a décima na região que abrange de Pinheiro Machado a Santana do Livramento, já incluindo Caçapava do Sul. Ele comenta que os produtores foram estimulados pelo projeto Olivais do Pampa, desenvolvido entre 2012 e 2015, que apontou o potencial desse mercado na região, em especial para o cultivo de azeitonas de alta qualidade. A Azeites do Pampa terá a capacidade de extração de 500 quilos por hora e um hectare de uma planta a partir de seis anos que produz em torno de cinco mil quilos. A capacidade de produção será de 120 hectares plantados por safra. Segundo Menezes, a qualidade do azeite é excelente, desenvolvido a partir do uso de cinco qualidades de cultivares.
Além da comercialização, a intenção dos sócios é utilizar o espaço para o desenvolvimento de um roteiro turístico com visitação na indústria. Também deverão ser realizados eventos ligados à gastronomia, com o objetivo de educar o consumidor aos tipos de azeite e até aumentar o consumo do produto.
O agrônomo ressalta que a olivicultura está consolidada na região e, mesmo com o baixo consumo, no Brasil, são produzidos 70 milhões de litros e um consumo de 400 mililitros per capita por ano. Ele disse que apenas 0,2% da população consome azeite de oliva e, mesmo assim, os produtores não têm dificuldade de vender o produto.
De acordo com a esposa de um dos sócios, a sommelier de azeite Eveline Previtali, atualmente, a área plantada, em sua propriedade, é de 30 hectares. Ela destaca que neste ano saíram os primeiros frutos. Eveline comenta que, na atualidade, uma das maiores preocupações dos produtores é o agrotóxico utilizado na soja, que pode prejudicar as plantações. Ainda enfatiza que a maioria do azeite consumido no Brasil é importado e, com a fábrica, os consumidores nacionais terão um produto novo e local. "A fruticultura é maravilhosa. É possível realizar um trabalho de educação nas escolas ensinando as crianças a importância de consumir o produto desde cedo. A plantação exige cuidados na adubação e poda", completa.

Potencial atestado
Considerado como melhor local para plantio de oliveiras, o Rio Grande do Sul vem se apresentando como um impulsionador do País na busca de se tornar um dos principais produtores de azeite no planeta. Conforme zoneamento climático realizado pela Embrapa Clima Temperado, elaborado a partir de 2005, e o zoneamento de solo realizado em 2012, a região da Campanha tem a umidade relativa do ar maior do que regiões serranas e do litoral, favorecendo, assim, o florescimento e a produção de frutos da oliveira.
E essa espécie de comprovação ocorreu quase que por acaso. No início da década passada, quando se abriram as portas para a produção de vinhos, em virtude da Campanha ter sido apontada como ideal para o cultivo de uvas viníferas de alta qualidade, o que gerou a criação de um amplo mercado produtivo, especialmente para competir com rótulos do Chile e da Argentina, testes passaram a aventar que o clima encontrado também era propício para as oliveiras.

Projeção de safra
Nesta primeira safra, foram beneficiados 1.500 litros de azeite, mas a ideia é que daqui há cinco anos sejam extraídos cerca de três mil litros do produto. Conforme Menezes, hoje, somente em Bagé, a área plantada chega a 220 hectares e a possibilidade de crescimento para cerca de 500, em três anos. "As regiões de Palmas e Joca tavares são excelentes para o cultivo da azeitona e, por enquanto, não há nenhuma plantação", disse.
O engenheiro ainda relata que, neste ano, a região de Pinheiro Machado a Santana do Livramento deve contabilizar mil hectares de oliveiras plantadas. Menezes salienta que a indústria tem a capacidade de produção de 500 toneladas por safra, ou seja, 50 mil litros de azeite. Porém, nesta primeira safra, a indústria precisou captar a produção de outros municípios, como Caçapava do Sul, Aceguá, Dom Pedrito e Candiota.
Segundo o empreendedor, os olivais começam a dar frutos a partir do quarto ano e a produção ainda é nova. O investimento por hectare varia entre R$ 12 mil a R$ 15 mil, enquanto a produção da uva ultrapassa R$ 45 mil ao hectare. "A oliveira tem baixo impacto ambiental, é possível de integrar com outras culturas e também gera emprego no campo e, desse modo, estimula a economia do município. O que falta são financiamentos acessíveis com carência maior", ressalta.
A empresa conta com tanques de estocagem, garrafas, máquina de extração, moega, lavagem e limpeza. A planta é toda automatizada e, neste primeiro ano, os próprios sócios operaram o maquinário. Segundo Menezes, geração de empregos principal é na safra, durante a colheita do produto. A fábrica levou em torno de 15 meses para ser concluída e conta com setores de recepção, lavagem e limpeza, extração, depósito, envase e expedição, além da loja para a comercialização.

Fomento à olivicultura
Em 2013, por exemplo, o empresário Luiz Eduardo Batalha, que havia vindo de São Paulo anos antes para investir na produção de gado e soja, em Pinheiro Machado, após verificar o potencial produtivo de azeitonas, inaugurou a primeira indústria de azeite da região naquele município. Na época, tamanho foi o vislumbre pelo setor, que o governo gaúcho passou a investir em novos estudos, criando, por exemplo, uma Câmara Setorial de Olivicultura e passando a trabalhar em uma política tributária específica.
Assim como Pinheiro Machado, outras 10 cidades gaúchas integraram o projeto Olivais do Pampa, fruto do Programa de Cooperação entre Brasil e Itália, intitulado Brasil Próximo. Pedras Altas, Lavras do Sul, Dom Pedrito, Caçapava, Aceguá, Hulha Negra, Candiota, Livramento, Quaraí e Bagé estiveram presentes na primeira fase da iniciativa.
Entre outras ações, foram implantadas 12 unidades demonstrativas - cada uma com um hectare - e realizados intercâmbios e treinamentos, seguido pela destinação de alguns maquinários e a atuação de lideranças em busca de recursos. Todo esse processo influenciou no atual cenário, marcado por um crescimento exponencial de novos produtores, sejam simplesmente atuando no cultivo das diferentes espécies de azeitonas, ou, como a agroindústria bajeense, fabricando azeite para o mercado.
Desenvolvimento regional
O atual empreendimento revela, é claro, um novo nicho para investimentos que resultem no desenvolvimento local, de forma prática. Tal entendimento, aliás, é compartilhado pela reitora da Urcamp, Lia Maria Herzer Quintana, que também responde pela presidência do Conselho Regional de Desenvolvimento da Campanha (Corede Campanha). "Enquanto reitora de uma instituição que atua há 60 anos comprometida com o desenvolvimento regional, sinto que a agroindústria Azeites do Pampa só vem a contribuir neste processo de evolução que buscamos, seja desmistificando a matriz produtiva, o que é importante, já que abre novas possibilidades, como criando um ecossistema ideal para o fortalecimento e o desenvolvimento da nossa região", avalia ao elogiar os empreendedores.
No mesmo sentido, o vice-reitor da Urcamp, Fábio Josende Paz, que participou do evento de inauguração, representando a Instituição de Ensino Superior, um dos destaques é a comprovação que o estímulo à pesquisa traz resultados. "A abertura de agroindústria vem a partir de uma pesquisa que começou lá em 2012. O que é importante para a região, porque mostra que podemos trabalhar com a indústria, o que vai acelerar o desenvolvimento regional", argumentou. Ao mesmo tempo, lembrou que a própria Urcamp lançou, recentemente, a plataforma Sou I, destinada a desenvolver soluções para demandas locais. "Provavelmente, agora, trabalharemos algumas demandas da própria agroindústria. Isso vai surgir no nosso curso de Agronomia, que vai trabalhar mais pesquisas, em alguns casos que o setor não tem como abordar. Vamos alinhar os novos passos para que a Urcamp dê apoio ao setor de olivais", garantiu.
Paz lembrou, ainda, que o aprofundamento de linhas de estudo, por meio de novos arranjos produtivos - como os desenvolvidos pelo Corede, dentre os quais dos olivais - pode, futuramente, gerar novas possibilidades. "O vinho que passou a ser produzido na região, a partir de estudos, já é considerado um dos melhores do mundo. E o mesmo pode ocorrer com o azeite", projetou ao citar o Bioma Pampa como um ambiente propício para novas descobertas que tragam resultados.

 

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