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Após inauguração de agroindústria, Bagé pode receber concurso latino-americano de olivicultura
A noite de sexta-feira foi de celebração para o Paralelo 31. Dezenas de produtores de oliveiras, amigos, familiares e apreciadores de azeite de oliva, estiveram reunidos para celebrar a inauguração oficial da Azeites do Pampa Agroindústria LTDA. A cerimônia ocorreu na própria empresa, que foi apresentada para os visitantes, assim como o processo de extração do azeite.
Neste contexto, é importante destacar que a produção de azeites iniciou fomentada pelo projeto Olivais do Pampa, em 2012. De lá para cá, vários produtores se uniram ao projeto e a movimentação grande em torno do cultivo da oliveira possibilitou a criação de uma associação. Um passo à frente, a associação reuniu nove produtores associados para iniciar um negócio pioneiro na região: uma agroindústria para extração do azeite e posterior comercialização.
Durante a inauguração, toda esta trajetória, desde a implantação do projeto até a concretização de uma nova matriz produtiva na região, foi relembrada pela administradora e sócia da Azeites do Pampa, Sônia Pisetta de Lima. "Somos nove associados que acreditamos na ideia. Unimos nosso conhecimento, experiência profissional e de vida e a ideia ganhou corpo", destaca.
Como a olivicultura é um investimento em médio prazo, a primeira colheita dos associados foi realizada em março deste ano, após mais de sete anos de espera. Além disso, o grupo conseguiu captar um novo grupo de novos clientes de municípios da região, como Caçapava do Sul, Aceguá, Dom Pedrito e Candiota. Toda essa movimentação, após os entraves burocráticos, garantiu o início da comercialização do azeite a partir da segunda quinzena do próximo mês.
Essa diversificação da cadeia produtiva da região, atualmente ancorada, principalmente, na pecuária, também é motivo de celebração para o prefeito do município, Divaldo Lara. Para ele, o empreendimento pode ser tratado como um marco para a história de Bagé, uma demonstração de força dos empreendedores locais em garantirem diversificação na industrialização da cidade e, consequentemente, alavancar o desenvolvimento regional.
"Hoje, enxergamos que Bagé e o Pampa tem um potencial extraordinário de diversificação econômica e incremento do arranjo produtivo. Estas novas atividades agregam valor e diversificam nossa economia, ampliando nossos horizontes. Ganha a cidade e ganha a região", destacou.
Dentro do processo, desde a implantação do projeto Olivais do Pampa, o precursor de toda a movimentação que culminou com a inauguração da última sexta, o Ministério da Agricultura teve papel fundamental. O engenheiro agrônomo que representou o órgão na ocasião, Ricardo Furtado, destacou que o Governo Federal, através da pasta que fomenta atividades do setor primário, contribuiu com milhões para o desenvolvimento da cadeira de olivicultura no país.
Agora, com a olivicultura já efetivada na região, é o momento de abrir a produção local para o comércio exterior. Uma oportunidade para isto é um evento, conforme adiantado por ele, que deve ser realizado ainda este ano, reunindo produtores de vários países. "Estamos tentando trazer um evento internacional, um concurso latino americano, o Sudoliva, para Bagé", antecipou.
O presidente da Associação Azeites do Pampa Agroindústria Ltda, Pedro Dirceu dos Santos, chama a atenção para o potencial de desenvolvimento da região a partir da instalação de indústrias, exemplificando algumas cidades menores que subiram no ranking estadual a partir da diversificação da matriz econômica com viti e vinicultura, e se tornaram grandes potências.
Contudo, mesmo dentro de um momento de regozijo para o segmento, Santos se mostra alarmado com algumas situações que podem afetar drasticamente a produção local e cobrou providências do poder público quanto a isto. "Estamos enfrentando um problema com a deriva, principalmente, do agrotóxico 2,4- D. Isso acarretou prejuízos enormes para os viticultores e olivicultores nos últimos quatro anos", explica.
O herbicida, que faz parte do composto "agente laranja", tem sido apontado como vilão na morte de enxames de abelhas em todo o Estado, além de ter sido imputado a ele danos extensos em parreirais e oliviculturas no Rio Grande do Sul, onde é utilizado em larga escala em lavouras. "Cabe ao poder público criar meios para que não sejamos prejudicados em nossos objetivos. Queremos respeito com as nossas culturas", ressaltou o presidente da Associação.
Com investimento superior a R$ 2 milhões, a agroindústria pertence aos sócios Emerson Menezes, André Previtali, Pedro Dirceu dos Santos, Carlos Eduardo dos Santos, Gleno Cerioli, Sônia Lima, Frederico Frasão, Humberto Acosta e Reginaldo Gasso. Com construção iniciada em maio de 2017, o prédio abriga o maquinário em cerca de 300 metros quadrados próximo ao Aeroporto Comandante Kraemer, à beira da BR-153. No local, além da extração, também será realizada, a partir da segunda quinzena de maio, a comercialização do azeite Terra Pampa em três tipos: Premium, Koroneike (intenso) e Arbekina.