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Bajeense graças a Deus!

Publicada em 03/05/2019

Por Janine Pinto

Estilista e escritora nas horas vagas

 

Acho que Bagé é uma versão melhorada do realismo mágico de Gabriel Garcia Marques com Sucupira do Coronel Odorico Paraguaçu, com pitadas de musical da Brodway. Neste caldeirão de coisas, fatos e pessoas intrigantes, eu nasci em um novembro qualquer sob o sol de sagitário pelas mãos do querido doutor Bento, que já não está mais entre nós.

Como todo bajeense que se preze, sou bairrista. Adoro falar mal da minha cidade entre meus amigos e parentes oriundos dessa terra mãe gentil, mas se alguém de fora ousar criticar minha cidade, o caldo entorna: de Bagé ninguém fala na minha frente!

A cidade é pacata, senta-se na calçada no final de tarde para tomar mate - hábito local que os forasteiros acham engraçado. Mas não se engane achando que aqui é o fim do mundo. Muitas  vezes, somos sacudidos por acontecimentos insólitos, como encontrar o Richard Gere na padaria, ou o milionário Steve Fosset despencar de um balão lá pelas bandas do Aceguá.

Bagé só se sente viva quando é palco de fatos como esses e de outros escândalos, tudo bem grande e cabeludo. Volta e meia o nome do município é citado na mídia nacional, sei lá se Deus criou um buraco negro aqui, que Bagé já se tornou lugar comum de escândalos envolvendo figuras nacionais. Se a gente conta, até parece piada que o juiz Lalau (Nicolau dos Santos Neves) foi preso aqui em um motel, fazendo da nossa querida metrópole uma rota de fuga. Dizem as más línguas que estava no motel se disfarçando de Jair Kobe. aquele que faz propaganda de um posto de gasolina,  acharam até tinta de cabelo acaju e um bigode postiço por lá....se é lenda urbana, não sei dizer.

Fora essas surpresas, de vez em quando, pouca coisa que mereça atenção no dia a dia... Ao passo que pensamos que o Cantegril é o melhor clube do mundo e não existe “xis” mais gostoso no universo inteiro que o do Negrão, as coisas acontecem embaixo das nossas barbas, decepam o coitado do Luís Fernando Veríssimo e arrancam as tranças da Lindaura na Praça da Estação, sem que nunca fosse esclarecido quem era o esquartejador, a escultura foi fatiada enquanto dormíamos incautos.

Paradoxalmente a esta nossa soberba temos um sentimento de baixa estima, todo mundo que chega aqui de fora é melhor que nós, ai todas as honras, todas as mídias e tapetes vermelhos se estenderam para o "made in” qualquer lugar que não seja aqui, o daqui coitado, por mais que se esforce , ficará em segundo plano. Os holofotes se voltaram para o forasteiro, não porque seja melhor, mas porque é novidade...

Assim é nossa altaneira 'Rainha das Fronteiras', sim porque jamais seria princesa, baronesa se é para ter um título que seja o máximo, rainha logo.

Se passarem em frente ao colégio Silveira Martins, vão encontrar o nosso mascote, o simpático Frango Gostosão, abana e sorri para todo mundo com a boca escancarada cheia de dentes, convidando os passantes a entrarem no estabelecimento comercial. É a imagem do carisma e simpatia do  povo desta terra: mal conhecemos e já convidamos para entrar nas nossas casas, tomar um mate e comer um arroz com linguiça... Mas voltando ao Frango Gostosão: esse fenômeno, só aqui galinha tem dente, que espetáculo!

Em Bagé,  todo mundo é amigo ou inimigo de morte. Coisa de bajeense é boicotar tal loja porque não gosta do dono, deixar de ir a tal lugar porque só tem esquerdista, no outro, que só vai maconheiro, e naquele, nem pensar só batuqueiro. Classificar tudo pelo grupo que frequenta... e por aí vai. Mas cada um ficando no seu quadrado está tudo resolvido. Para que se misturar!

O veículo preferido do bajeense é caminhonete, tenha ela serventia ou não. O negócio é andar em uma 4x4, nem que seja na Avenida Sete, que cá entre nós, não tem muita subida.

A moda aqui é “moda equestre”: uma boina na cabeça, cuja semelhança com uma pizza calabresa não é mera coincidência, a bombacha mais parece uma calça fuseau de tão justa, e no pé, uma alpargatinha flamante que nunca viu um barro e nem verá! Essa é a indumentária do gaúcho bajeense de apartamento, sobe e desce a Sete, vai ao mercado, visita a namorada, tudo mesmo com essa “produção” infame, em sua camionete 4x4, limpinha limpinha. Às vezes, vai até o Parque do Gaúcho para embarrar um pouco e não ficar tão chato.

Essa é a nossa vocação, somos interioranos no melhor e no pior sentido da palavra, achamos que Bagé é o umbigo do universo. Não nos rendemos fácil a novidades, aqui o UBER se chama Garupa, o 'shampoo' é de ganchuma, temos as mulheres mais bonitas, os homens mais valentes, segundo o Data Folha, aqui a realidade é distorcida conforme nosso pensamento 'chucro'. Apreciamos a menor das coisas como se fosse grandiosa, pouco sabemos do resto do mundo, mas não nos importa. Também somos os reis do casuísmo, gostamos de viver assim nessa pasmaceira sem poluição, sem mar, sem grandes ideais, olhando esses horizontes sem fim, que foram feitos por Deus, especialmente para nós.

Moramos aqui porque amamos nosso torrão, aceitamos nossa sina e desgraça, nossa herança genética, portuguesa com espanhóis e índios, essa mescla de desconfiados com teimosos e um pouco indolentes. Não te abandonaremos na seca ou na enchente e assim passaram os anos e as décadas. Ficaremos até o final dos dias como nossos pais e os pais dos nossos pais. Quem estiver incomodado que se mude!  Nós vamos ficar, até porque o Thiago Lacerda já comprou uns campinhos por aqui, agora só falta o Brad Pitt se naturalizar e ganhar o titulo de cidadão bajeense!

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