Segurança
Pulseira ajuda a identificar corpo de mulher desaparecida há mais de um ano
O corpo de Vera Lúcia Severo Lemos, que estava desaparecida desde abril de 2018, finalmente, foi encontrado na manhã de ontem. Infelizmente, de uma maneira trágica. Estava enterrado na casa de seu ex-companheiro, que, agora, responde pelo crime de feminicídio e ocultação de cadáver.
O caso é um dos mais obscuros da recente história da região. Apesar de ter sumido em abril do ano passado, seu desaparecimento só foi comunicado à Polícia Civil em junho, quando, inclusive, foi deflagrada a Operação Santa Rita. Ela havia acabado de de dar a luz e, por isso, gerou suspeitas o fato de que ela não abandonaria seu filho.
A família da vítima reside na zona rural do município de Dom Pedrito e era comum ficar vários dias sem contato com Vera Lúcia, que morava na cidade. Esta foi a justificativa para somente terem procurado ajuda policial após a demora no contato se tornar demasiada, além do fato da criança, após o nascimento, ter sido internada em Bagé e Vera Lúcia precisar deslocar-se periodicamente à Rainha da Fronteira. Ao longo das apurações, segundo informado, chegou-se a conjecturar que a vítima havia desaparecido em Bagé.
De acordo com o titular da Delegacia de Polícia Civil de Dom Pedrito, André Mendes, durante as investigações, surgiram indícios de que Leopoldino de Lima Moraes, de 49 anos, seu ex-companheiro e suposto pai da criança, poderia ser o responsável por seu desaparecimento.
No início deste ano, então, em cumprimento de mandado de busca na casa do acusado, foi apreendido um canivete com vestígios de sangue, o qual foi encaminhado ao Instituto Geral de Perícias, para exame, sendo constatado a presença de sangue humano. A partir de então, novas diligências foram encaminhadas.
Na noite de terça-feira, a polícia obteve, junto ao Judiciário, um mandado de busca e apreensão para ser efetuado na casa do suspeito. Após ser deferido, por volta das 17h, as equipes da Delegacia de Polícia Civil de Dom Pedrito, com apoio da Delegacia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab), Instituto Geral de Perícias (IGP) de Bagé e Santana do Livramento, Corpo de Bombeiros de Santa Maria e Dom Pedrito e da 3ª Companhia de Engenharia de Combate Mecanizada do Exército Brasileiro foram acionadas.
Cães farejadores, de acordo com o divulgado, já no primeiro momento, indicaram que, no local ou no entorno, havia indícios de que ali havia ou teria sido enterrado um cadáver. No interior da residência, os técnicos do IGP trabalhavam na tentativa de encontrar vestígios de sangue, com o uso do produto conhecido como “Luminol”. Ainda, segundo a investigação na casa, foi observada, pelos policiais da equipe, a construção de um novo cômodo às pressas, com mais de três fundações de piso.
Assim, o delegado André de Matos Mendes representou por novo mandado, solicitando autorização judicial para escavação da área, o que foi deferido. No local, então, foi encontrado o corpo da vítima em avançado estado de decomposição e portando a pulseira que, comumente, ela usava e que ajudou em sua identificação. O cômodo seria o quarto da filha do casal.
A ação foi, cuidadosamente, planejada por se tratar da destruição de parte de uma residência e, além de escavação, foi previamente realizada perícia técnica especializada em detecção de vestígios de sangue.
Acusado se entrega
Após o corpo ser encontrado, o ex-companheiro foi apontado como real suspeito pelo crime. Então, no início da tarde de ontem, foi expedido um novo mandado, agora de prisão preventiva, contra Moraes. No final da tarde de ontem, ele se entregou na Delegacia de Polícia. Após ser ouvido, foi encaminhado ao Presídio Estadual de Dom Pedrito.