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Um ato de carinho: lactantes contribuem com doações para o Banco de Leite
Há pouco menos de dois meses, Daiane da Silva Fagundes, 32 anos, deu à luz às gêmeas Helen e Heloísa. Como as duas se adiantaram a sair do ventre e nasceram com 29 semanas em uma cesariana feita às pressas, o leite da mãe demorou a "descer" para amamentar a dupla. Então, durante quase duas semanas, o Banco de Leite da Santa Casa de Bagé foi o responsável pela alimentação das pequenas.
Situações como esta são comuns no dia a dia da Ala Pediátrica e Neonatal do hospital. E é por isso que campanhas são feitas anualmente para incentivar a doação de leite humano, a fim de garantir que todos os recém-nascidos tenham contato com leite materno e possam melhorar seu sistema imunológico. A última grande chamada para doação aconteceu no último dia 19, no Dia Mundial de Doação de Leite Materno.
A coordenadora do Banco de Leite do hospital, Cledinara Salazar, destaca que o espaço recebe, mensalmente, uma média de 40 a 60 litros de leite. "Mas o ideal seriam 80 litros para atender toda a demanda com tranquilidade, mesmo quando a UTI Neonatal está cheia", explica.
As doações são feitas, principalmente, por mães de bebês internados na unidade intensiva, como a própria Daiane. Estas mães retiram o leite para atender a demanda dos próprios filhos e, em caso de quantidade excedente, o alimento é pasteurizado (aquecido a uma temperatura ideal para destruir microorganismos patogênicos sem causar alterações no valor nutritivo do produto) e incorporado ao banco. "Eu venho doar entre três, quatro vezes por dia. Como elas já estão começando a mamar, faço mais para estimular a produção de leite mesmo", destaca Daiane.
Nicole Ramiro dos Santos, 20 anos, também realiza a doação três vezes ao dia para amamentar a pequena Helena, de 19 dias. Internada na UTI em função do baixo peso, a pequena ingere cerca de 8 ml a cada mamada. Como a produção de leite da mãe é grande, uma grande quantidade é entregue para pasteurização e, posteriormente, alimenta outras crianças internadas. "É incrível poder contribuir de alguma forma com essas mães que não conseguem amamentar. Eu tenho muito leite e a Helena não mama muito. Então eu posso ajudar outras crianças na mesma situação", comenta.
Além das mães dos bebês internados, lactantes da comunidade também podem contribuir com o Banco de Leite, isso sem precisar ir ao local todos os dias. As doadoras externas de primeira viagem podem se dirigir ao Banco de Leite, onde é realizada uma primeira conversa de orientação. Elas recebem um kit com material para fazer a coleta em casa e são ensinadas a realizar o procedimento adequado para armazenar e conservar o leite. "Desta forma, as doadoras podem nos entregar quando tiver uma boa quantidade", destaca Cledinara.
Para aumentar o nível de doações e atender toda a demanda, a médica deixa um estímulo para lactantes que desejarem auxiliar o banco. "Todos os bebês necessitam de leite materno porque ele é extremamente importante em termos nutricionais e tem capacidade imunológica muito grande, protegendo os bebês de doenças e infecções, principalmente os prematuros e os com baixo peso", explica.
O Banco de Leite da Santa Casa funciona desde 2008 e faz parte da Rede Brasileira de Banco de Leite Humano. O setor funciona todos os dias, das 7h às 19h, inclusive aos finais de semana.