Cidade
Doação de Sangue: um gesto simples que salva vidas
por Gabriel Munhoz
Acadêmico de Jornalismo da Urcamp
Com o objetivo de homenagear a todos os doadores de sangue e conscientizar os não doadores sobre a importância desse ato, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou, em 2004, o Dia Mundial do Doador de Sangue. A data escolhida é uma homenagem ao nascimento de Karl Landsteiner (14 de junho de 1868 - 26 de junho de 1943), um imunologista austríaco que descobriu o fator Rh e várias diferenças entre os diversos tipos sanguíneos. Esse é um momento especial de sensibilização da sociedade para a importância da doação de sangue, assim como uma forma de agradecimento aos doadores, além de promover debates sobre a importância da doação em todo o mundo.
Doar sangue é um ato altruísta e de solidariedade. A doação é 100% voluntária e pode beneficiar qualquer pessoa. Diariamente, um grande número de pessoas precisa recorrer aos bancos de sangue (hemocentros), seja porque sofreram acidente ou por estarem passando por algum procedimento cirúrgico. Há, também, os portadores de hemofilia, leucemia e anemia, que necessitam de transfusões. O fato é que se cada pessoa saudável doasse espontaneamente, ao menos duas vezes por ano, os hemocentros teriam volume suficiente para atender os pacientes com essa necessidade. No Brasil, segundo a campanha #PartiuDoarSangue, apenas 1,8% da população se dispõe a doar sangue, enquanto o ideal seria 5%. Esse cenário vem mudando com as sucessivas campanhas de esclarecimento junto à população para que aumente o número de doadores de sangue em todo País, mas, ainda assim, não é suficiente.
Em Bagé, por exemplo, o número de colaborações por parte da população foi abaixo da média no último mês. Em maio, foram coletadas 45 bolsas, quantidade inferior às etapas de abril, março e fevereiro, que contabilizaram 93, 98 e 96 bolsas, respectivamente. A diretora administrativa do Hemopel, de Pelotas, responsável pela coleta em Bagé, Gisele Pinto, explica que a queda de doadores em maio pode ter ocorrido devido ao feriado municipal do dia 24 de maio, dia anterior a campanha. Além disso, segundo ela, é normal ocorrer uma pequena queda no número de doadores um pouco antes da chegada do inverno, portanto, alerta que é nesse período que as campanhas precisam ser mais impulsionadas. “Nessa época, as pessoas costumam pegar mais resfriados, rinites, sinusites, essas doenças respiratórias que acabam impedindo a doação, então é nesse momento que precisamos aumentar as campanhas para que as pessoas que estejam em boas condições de saúde possam realizar a doação”, destaca Gisele.
Para quem recebe
Uma doação pode beneficiar até quatro pessoas. Do corpo humano são retirados, aproximadamente, 450 ml de sangue, volume que representa cerca de 10% do total, o qual é reposto em um curto espaço de tempo. O ato de doar sangue não é remunerado e trata-se de uma ação voluntária. E foi assim, através de voluntários, que o sonho de ser mãe de Amélia Rota Borges de Bastos foi realizado. Atualmente, como pró-reitora adjunta de graduação no Campus Bagé da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Amélia, durante sua primeira gestação, desenvolveu uma condição conhecida como talassemia, doença do sangue caracterizada pela diminuição da produção de um dos dois tipos de cadeias que formam a molécula de hemoglobina. Durante os oito meses de gestação, pelo menos uma vez por mês, Amélia precisava da doação de sangue, não só para recuperação, mas também para evitar o sofrimento fetal de seu bebê. Quando já não havia mais membros da família disponíveis para realizar a doação, Amélia pediu ajuda a colegas e alunos da Unipampa. “Eu carrego esse ato com muito carinho. Doar sangue é um ato de muita solidariedade, dependemos muito dessa mesma solidariedade, de pessoas que doam mesmo sem saber pra quem. Muitos dos meus doadores talvez não saibam, mas eles doaram para que eu pudesse realizar o sonho de ser mãe. Se hoje eu tenho o João Francisco, é por esse ato de amor dos doadores de sangue, que doaram para mim e para outras pessoas também”, ressalta Amélia.
[Box 1] Quem pode doar?
Confira as condições aceitas pelos hemocentros:
• Quem estiver em boas condições de saúde;
• Ter entre 16 e 69 anos* (menores de 18 anos devem ter autorização do responsável legal, que deve estar presente durante a doação);
• Pesar 50 quilos ou mais.
* O limite de idade para a primeira doação é 60 anos.
[Box 2] Quem não pode doar?
Não podem doar sangue as pessoas que têm ou já tiveram algumas das seguintes doenças:
• AIDS;
• Câncer;
• Diabetes insulinodependente;
• Doença autoimune;
• Doença de Chagas;
• Hepatite após 11 anos de idade;
• Uso de drogas ilícitas injetáveis;
• Malária.
[Box 3] Situações temporariamente impeditivas:
São consideradas situações temporárias impeditivas para a doação de sangue:
• Febre;
• Gravidez;
• Gripe ou resfriado;
• Pós-parto – parto normal 90 dias, cesariana 180 dias (ou em período de amamentação);
• Uso de alguns tipos de medicamentos (certifique-se com um profissional de saúde antes de realizar a doação);
• Tatuagens feitas nos últimos 12 meses;
• Comportamentos de risco para doenças sexualmente transmissíveis (necessário aguardar 12 meses).
[Box 4] Critérios para doar:
• Estar alimentado e evitar alimentos gordurosos;
• Tomar bastante líquido e evitar bebidas alcoólicas nas últimas 12
horas;
• Ter dormido, pelo menos, seis horas na noite anterior;
• Apresentar documento de identificação com foto emitida por órgão oficial (Identidade, CNH, Carteira de Trabalho, Passaporte, Registro Nacional de Estrangeiro, Certificado de Reservista e Carteira Profissional emitida por classe).