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Manual dos novos tempos, sem paciência com o que vem por aí

Publicada em 20/06/2019
Manual dos novos tempos, sem paciência com o que vem por aí | ELLAS | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler

por Janine Pinto
Estilista e escritora nas horas vagas

Definitivamente sou uma pessoa “old fashioned”, ou seja, fora de moda, não faço selfie, não tenho sobrancelha de vírgula, não gosto de shushi, não faço botox, tentei assistir o seriado Casa de Papel, mas não consegui muito chato mesmo, não tiro foto do almoço com o celular para publicar nas redes sociais, não gosto de Nutella, não faço reike, reflexologia, aroma terapia. Tem dias que me sinto um Titanic naufragando em um mar de sandices, em outros me pego pesquisando no Google avidamente, pois tenho vergonha de admitir que não estou entendendo nada do que esta passando, por isso elaborei um pequeno compendio para que você minha senhora ou meu senhor, que é do tempo do “Perdidos no espaço”,  que se sente mais por fora que cotovelo de caminhoneiro e tem vergonha de admitir. Entendam de maneira simples os novos tempos, a primeira dica é fácil e sempre dá resultado, faz carão de quem está entendendo tudo, se não estiver à gente pesquisa no Google depois.

Este negócio de coach, por exemplo. Coach não é nada mais nada menos que o antigo padrinho. Conselhos a gente tinha do padre, do padrinho ou familiares próximos. Quando as coisas saiam dos trilhos, a mãe corria para a madrinha e pedia para dar umas opiniões sobre a vida e a gente acatava. A madrinha só queria nosso bem. Agora, tem que pagar fortunas para um completo estranho nos dizer coisas da vida que a madrinha dizia de graça e com amor ainda por cima, sabe aquela tal de inteligência emocional. Pois é! Tendo esta habilidade, sendo sensível e educado não é necessário coach, tipo “gentileza gera gentileza”, nada que você não aprenda também no programa na Ana Maria Braga.

 Leu na coluna social da Viviane Becker “bDay” de fulano de tal e ficou com a cara no chão e morta de vontade de saber o que é, mas como perguntar se parece que todo mundo sabe, menos você? Explico. Aniversário, agora, é “b'Day”. Mas não é aquela festinha mixuruca cheia de docinhos enrolados na cozinha, açucarados feitos um dia antes dos festejos, e aquelas balinhas de coco enroladas em um papel cheio de franjinhas. Não, meu amigo. Agora, o tal “b'Day” tem que contratar tudo, fazer empréstimo no banco, tem que alugar salão, DJ,  comprar lembrancinhas, recreador, contratar cerimonialista, a senhora mais antiga não sabe o que é cerimonialista e tem vergonha de perguntar, e aquela profissional que acrescenta zeros na continha do “b'Day”. Antigamente, muito antigamente, no tempo da esquina Bianchetti, mais ou menos, só se usava um vestido por festa. Agora, são três. A aniversariante nem vê a festa de tanto que troca de vestido - tem um para entrada, um para o meio e outro para a saída. Não me perguntem por que acho que tem algum conchavo com as donas de loja. Não é possível!

Um capítulo a parte é a decoração, você se lembra da decoração dos seus aniversários? A mãe fazia de papel crepom, comprava um Mickey e uma Minnie de papelão, na livraria Dom Bosco, botava um em cada lado do bolo e deu. Agora, nãoooo! No “b'Day” vem tudo dos Estados Unidos, periga vir o Mickey com o Walt Disney ressuscitado, e tomam-lhe zeros na conta. “b'Day” tem tudo: velas, castiçais de prata, flores, tapetes persas, caminhões de flores, sofás para os lounges. Ahhh! A senhorinha do século passado não sabe o que é lounge? Eu esclareço: salinha para sentar quando estiver cansada de tanta atração, depois de ter que assistir à coreografia cafona da aniversariante, quando estiver estafada de tanto levantar cartaz para selfies. Aí você senta no sofazinho alugado e pede para Deus lhe ajudar a chegar inteira ao fim do “b'Day”, sem dar uns tapas na cerimonialista que insiste que você tem que estragar o cabelo que ficou fazendo horas no salão com aquele chapéu ridículo de seis pontas de palhaço.

Nesse manual, tem um capítulo dos cursos “up to date”, esses que se você não fizer esta banido do círculo de amigos. No tempo em que se respeitava a opinião dos pais, tinha só curso de datilografia, aquele na galeria Kalil “escola de datilografia Remington”, muito importante para quem ia fazer concurso. O pai mandava e a gente fazia, ou de inglês, no Yazigi.  Nos dias que se seguem, viraram uma indústria, cursos de coisas que nem imaginamos que existem. Sem querer tirar o trabalho de alguém, mas minha amiga precisa mesmo? Curso de barista, por exemplo, por acaso você algum dia na vida vai trabalhar em uma cafeteria?  Curso de automaquilagem para cego, curso de sommelier. Tenha paciência. A única coisa que você vai é se tornar um chato, que fica enchendo nas festas, mostrando todo seu conhecimento aos amigos, bochechando o vinho como se fosse enxaguante bucal.

 Já no tempo da “carochinha” ou do velho do saco, aquele que roubava as crianças mal educadas, se aceitava coisas como sobrancelhas naturais, rostos naturais, cabelos naturais, cílios naturais ainda que pequenos, agora, é tudo falso, só o seu dinheiro para pagar tudo isso. Esse sim, precisa, obrigatoriamente, ser verdadeiro. Já calculou quanto vai ao mês para ser quem você não é? Deus nos livre que seu marido lhe pegue saindo do banho. Aí está lascada! Acaba o casamento, ali mesmo, na porta do banheiro, periga não lhe reconhecer.

 Mas em matéria de falsidade nada ganha mesmo para as redes sociais, para você que entrou neste mundo virtual outro dia e só fica botando cartão de bom dia, boa tarde, boa noite, vou falar: não é por aí que se chega lá. Tem que ter filtros e aplicativos diversos. O negócio é investir em um celular de última geração, pago em 18 vezes com muitos juros, para poder usar 500 aplicativos e filtros. Aí não tem erro! O feio fica bonito; o velho, moço; o pobre vira rico, é só mudar o fundo de casebre para palácio do marajá de jaipur, pronto em cinco segundos você foi à Índia, em suaves 18 prestações você é o que quiser, o deprimido vira alegre, seus amigos vão passar a te respeitar pelo que o teu Iphone diz sobre você, o que você é realmente pouco importa, o que vale mesmo é o filtro.

Para você filtro é aquele objeto que tem na cozinha com água dentro? Seu matusalém. Filtro é uma coisa que está dentro do celular e é imprescindível para fazer o tal Sunset. O queeee! Não sabe o que é sunset?  Sunset não é mais por do Sol em inglês só. Agora, sunset é um por de Sol metido a besta, feito com o filtro do iphone. Sem ele vira um por de Sol comum esmaecido, chochinho, sem  graça, daqueles que você vê pela janela da sala. Já o sunset do iphone é aquela explosão de cores. Se você não tem foto de sunset no seu Facebook ou Instagram corra para fazer. Então, espere só: serão tantos likes que vai dar  invejinha branca em São Pedro.

E para você criatura ancestral jurássica que não está entendendo esse tal de “juntos shalow now”. Ainda que isso não queira dizer coisa alguma mesmo, “juntos shalow now” é uma maneira de todos saberem que você tem um coach que lhe ajuda a ficar assim como dizer... em sintonia com o universo, se lhe derem a tal plaquinha no “b Day” escrita” juntos shalow now” , faz uma” face duc” e se joga! Ahhh para! Vai dizer que não sabe o que é “face duc”. São aqueles bicos que os feios fazem nas selfies pensando que ficam bonitos, mas, na real, ficam mais feios ainda, e  quando vier o vinho faz aquela cara de quem é expert no assunto e conta que você fez um curso de sommelier de meia hora e vai provar o vinho para dizer se está bom, a safra, a textura, o sabor, caso não souber o que dizer, não faz caso. Olha sério para todo mundo e declara em alto e bom som: “ juntos shalow now”. Se não resolver, e o pessoal não se convencer,  taca um filtro do iphone XS Max que comprou em 18 prestações e saiu mais caro que o seu carro, mas o bom é que e já vem com diversos filtros e tem um escrito embaixo da foto “juntos shalow now” é só aplicar! Dadas as dicas volto no próximo mês para estarmos novamente _ “juntos shalow now”! E prometo explicar o que é shippar vou procurar no Google. Fui...

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