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Nascido em Madri, Luiz Avello Diaz veio para Bagé em busca de emprego e permanece há 63 anos
Publicada em 28/06/2019
Luiz Avello Dias, 90 anos, é uma figura ímpar. De riso fácil e uma alegria e lucidez contagiante, o espanhol veio para o Brasil em junho 1956. Em Bagé, chegou em busca de oportunidade de emprego. Na cidade, nasceram seus três filhos, sete netos e um bisneto.
A história de Avello começou em 12 março de 1929. Ele nasceu em Madri, na Espanha. Seus pais moravam na zona rural. Ele cresceu e se tornou torneiro mecânico, trabalhando em uma empresa multinacional. Sua irmã e cunhado vieram para o Brasil, tentando chegar ao Uruguai, mas, como não conseguiram visto (permissão para entrar no país), tiveram que permanecer em Bagé.
O cunhado trabalhava com o conserto de máquinas e o convidou para trabalhar na Rainha da Fronteira. Ele conseguiu todos os documentos, o contrato de trabalho e veio sozinho para o Brasil, deixando a esposa, Felicíssima Camison Bravo. Avello conta que, no início da Guerra Civil Espanhola, tinha sete anos e não pode estudar. Logo após, veio a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945). Sua oportunidade de estudo veio somente após os 15 anos, e, com isso, estudou apenas as séries iniciais, até o sétimo ano.
Avello passou pelas duas guerras. Sua vinda para o Brasil foi apenas com 27 anos. Ele conta que não sabia falar português e brinca que, até hoje, tem essa dificuldade. Após um mês no Brasil, deixou o trabalho com seu cunhado e abriu seu próprio negócio. Com isso, pôde trazer a esposa para Bagé.
Somente após quatro anos de casados, veio a primeira filha, Maria Luisa. Em seguida, seu filho Eugênio. Avello comenta que sua esposa aprendeu rápido o português e chegou a ajudá-lo na oficina, que se chamava “La puerta del sol” (fazendo alusão a praça da cidade de Madri, onde se encontra desde 1950 o quilometro zero das estradas espanholas).
Em 1965, com o intuito de fugir da ditadura brasileira, que iniciou um ano antes, pegou os dois filhos e a esposa e voltou para a Espanha. Lá permaneceram por um ano. “Meu filho adoeceu no navio e, enquanto não voltamos para Bagé, tinha febre constante”, comenta. Na sua volta, a esposa ficou grávida da filha Araly.
O madrileno comenta que, no seu retorno, o trabalho melhorou e o negócio prosperou. “Cheguei a ter 10 funcionários na oficina”, destaca. Avelo foi atuante na Sociedade Espanhola, onde chegou a permanecer sete anos como presidente, e também foi da diretoria da Associação Comercial e Industrial de Bagé (Aciba).
Sem nenhum constrangimento, ele diz que foi muito mimado pela mãe e depois pela esposa, que morreu há três anos. “Nunca aprendi a cozinhar. A única vez esqueci de colocar sal nos bifes. Mas gosto muito de comer paella, com muito azeite de oliva”, revela.
Avello é aposentado nos dois países e hoje tem mais dificuldade de se locomover devido a dores nos joelhos. Ele comenta que, por vezes, esquece das coisas ‘por vontade própria’, mas lembra que, quando chegou em Bagé, a cidade era bem diferente. “O lado norte era somente campo”, disse. Hoje, Avello mora com a filha Maria Luisa e seu genro, Álvaro, além dos netos. Um deles, Augusto Avello, comenta que o avô é seu melhor amigo e a figura mais interessante da casa, devido seu bom humor e experiência de vida.
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