Esportes
Eder: o “paredão” alvirrubro
Publicada em 02/07/2019
Nos acessos e títulos conquistados, na maioria das vezes, o artilheiro ou o ator do gol torna-se o mais reverenciado. Entretanto, na tarde de futebol de domingo, no Estádio Antônio Magalhães Rossell, quem brilhou e saiu ovacionado pela torcida alvirrubra foi o goleiro Eder da Silva Moreira, 22 anos, de 1m 91 cm. Além de defender dois pênaltis, o arqueiro foi decisivo durante os 90 minutos, com defesas de grande dificuldade e que foram fundamentais para que o Guarany pudesse comemorar a vaga após o apito final.
Quem acompanhou toda a trajetória do Guarany na Terceirona sabe que seu bom retrospecto não se limitou apenas ao duelo contra o Gaúcho. Desde a estreia contra o 12 Horas, Eder mostrou segurança, frieza e técnica apurada, mesmo com pouca idade. Aos poucos, foi conquistando até mesmo com pessoas dentro do clube que tinham “ceticismo” em relação ao seu trabalho. Hoje, o guarda-metas alvirrubro é unanimidade. Devido às contribuições do atleta para obtenção do acesso, o jornal MINUANO procurou o atleta para contar um pouco de sua história debaixo das traves.
De zagueiro para o gol
Natural de Sidrolândia (Mato Grosso do Sul), Eder iniciou como zagueiro, aos 13 anos, na escolinha ARCS, do “professor Tião”. “Na época, teve um campeonato e o time com os atletas nascidos em 1996. E o mais alto era eu. Daí, ataquei para eles, ainda por cima, peguei um pênalti. Depois, não saí mais do gol”, conta. Em pouco tempo, Eder saiu de casa e decidiu apostar na carreira de jogador. Em 2011, transferiu-se para a sub-15 do Mirassol (São Paulo). Depois atuou pela sub-17 do Tanabi (São Paulo) até chegar na base do São Paulo. No tricolor paulista, Eder jogou durante um ano. Em 2014, assinou com a sub-18 do Grêmio. Inclusive, treinou com Jaílson, relevado pelo Guarany, hoje, vinculado ao Fenerbahçe, da Turquia.
Do Grêmio, Eder atravessou o Brasil e foi jogar na sub-20 do Goiás. Lá, ficou durante dois anos. Em 2017, surgiu a primeira oportunidade como profissional, no Rio Claro, pela série A-2. No mesmo ano, atuou na série B catarinense, pelo Barra, que por sinal, tinha Mariel Mees como preparador físico, profissional que iniciou o ano no Guarany. Em 2018, Eder passou pelo Inter de Santa Maria e o Brasília.
Esta foi sua trajetória, desde o Mato Grosso do Sul até a Rainha da Fronteira. Questionado sobre como chegou ao Guarany, Eder relata que foi indicado por um profissional do Inter-SM, para o diretor de futebol Cristian do Couto. “Ele me procurou e apresentou o projeto. Percebi que era uma camiseta de peso e que se eu abraçasse a oportunidade, seria uma grande oportunidade na minha carreira. E da parte deles, cumpriram com tudo que me prometeram”, ressalta.
Notoriamente emocionado com o desempenho de domingo, durante a entrevista, Eder não deixou em nenhum momento de agradecer aos companheiros de equipe e ao trabalho diário, desempenhado com o preparador de goleiros, Fabrício Brum. “O goleiro tem uma responsabilidade muito grande, pois é o único que não pode errar. E eu tive sorte de ter companheiros que me apoiam. O Diego Rocha, por exemplo, nem podia jogar e estava lá vibrando conosco, parecia que ia entrar em campo. E com a atmosfera que a torcida criou, não tinha como perdermos. Todo jogador que ia bater um pênalti eu dizia: bate e faz que eu vou pegar”, contextualiza. Agora, o foco de Eder é no título da Terceirona. “O primeiro objetivo era o acesso. O segundo é a taça. Falei isso para o Tato. Vamos ter foco total em conquistar esse caneco”, observa.
Vanderson e a bandeira do autismo
Usado nos últimos tempos com frequência, o jargão “não é só futebol” se aplica totalmente com a atitude do técnico Vanderson Pereira, após ter superado o Gaúcho nas penalidades. O comandante alvirrubro exibiu uma camiseta com a seguinte descrição: “autismo, vendo o mundo de um jeito diferente”. A bandeira levantada tem como base sua própria família. “É uma causa que eu defendo e que muitas pessoas não têm conhecimento sobre como funciona realmente. Meu menino de seis anos é portador de Transtorno de Espectro Autista (TEA). É uma criança linda, saudável, que tem suas particularidades, mas é muito inteligente. Sei da trajetória e dificuldade de muitos pais que dão um tratamento digno a seus filhos. Inclusive, estou com muita saudade dele, pois faz cinco meses que não venho para casa”, relata.
Segundo acesso
Outro fato relacionado com Vanderson que merece ser destacado é que esta é a segunda vez que obtém o acesso, numa equipe da Terceirona, numa carreira ainda curta, iniciada em 2013. O primeiro foi com o Marau, em 2015, quando, inclusive, eliminou o Bagé, na semifinal, e venceu o Guarany, na decisão. Novamente, Vanderson triunfou na competição. “A diferença é a projeção que o Guarany pode me dar, pois são situações diferentes. O Guarany tem uma tradição de mais de 100 anos. Já o Marau tinha apenas dois anos de fundação. Já sabíamos das dificuldades que teríamos diante do Gaúcho. Nossa equipe estava desfalcada, perdemos jogadores na véspera do jogo. Mas, tivemos a felicidade de contar com jogadores que tiveram um esforço muito grande e protagonizaram um duelo muito igual em que fomos felizes em conquistar a vaga e cumprir a meta estipulada lá no início”, enfatiza.
Após uma segunda-feira de folga, os jogadores se reapresentam hoje à tarde, já visando os duelos da final contra o Brasil de Farroupilha. “Temos que focar nessa final, que pode coroar de vez nosso trabalho aqui em Bagé. Sabemos que será difícil. O Brasil fez uma campanha muito similar a nossa. Esperamos recuperar alguns atletas. Vamos em busca desse título”, frisa.
Duelo de ida pode ser no sábado
Devido à final da Copa América estar programada para domingo, às 17h, e a seleção brasileira ter chances de estar na decisão, são grandes a possibilidades do confronto de ida, entre Brasil-FA x Guarany ser antecipado. Conforme circula na imprensa de Farroupilha e região, a partida deve ser marcada para sábado, às 15h, no Estádio das Castanheiras. Por sua vez, o duelo de volta já tem data definida: dia 14, num domingo, às 15h, no Estádio Antônio Magalhães Rossell.
O Guarany obteve o mando de campo do jogo de volta somente no terceiro critério de desempate. Ambas as equipes estão invictas na Terceirona e empatavam no número de pontos (30) e número de vitórias (oito). O desempate veio no saldo de gols: Guarany (15) e Brasil (13). Vale ressaltar que, na decisão, não há saldo qualificado. Ou seja, o raciocínio é somatória simples de gols. Se persistir a igualdade, o título será decidido nos pênaltis. Não há premiação financeira por parte da Federação Gaúcha de Futebol (FGF).
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