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É preciso redescobrir

Publicada em 05/07/2019
É preciso redescobrir | ELLAS | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler

Por Aline Fontoura de Leon

Escritora 


Relutamos em encerrar ciclos com medo de perder o que conhecemos. É confortável permanecer naquilo que se tornou habitual. Assim, temos a sensação de que protegemos nossa vulnerabilidade. Porém, se pensarmos, iremos perceber que o exercício de nascer, morrer e nascer novamente ocorre várias vezes durante a caminhada, sem que tenhamos qualquer interferência. Como por exemplo quando termina a infância e começa a adolescência, ao fim de um relacionamento seja de amizade ou de amor, quando trocamos de trabalho, de cidade ou até mesmo ao reciclarmos e permutarmos velhos hábitos. Verdade que essa ruptura não é tão fácil quanto parece, porém se insistirmos em continuar com as migalhas do que um dia fomos, a vida perderá o sentido e passaremos somente a executar tarefas sem a intensidade tão necessária à vitalidade do ser.  

 

Essa é uma mudança natural, que ocorre ao longo de nossa trajetória. E de nada adianta fazer de conta que não acontece, pois é impossível nos mantermos os mesmos com o tempo passando e obrigando a novos olhares sobre a vida. Por isso é necessário reciclar antigas crenças e traçar novos paradigmas para que possamos continuar alimentando aquilo que poderá nos manter vibrantes e, consequentemente, jovens por todo o tempo: nosso desejo. Nada é mais perigoso do que viver os dias sem vontade ou somente repetindo comportamentos sem que, verdadeiramente, sintamo-nos vivos. 

 

Assim aconteceu comigo, quando em determinado momento me dei conta de que encerrava um ciclo inteiro e era necessário redescobrir. Estava sem encantamento pela rotina diária que mais parecia uma repetição do dia anterior. Sentia que precisava reinventar. Nem por isso fiquei imune aos efeitos daí advindos, tive medo, insegurança, ansiedade e dúvidas, mas, ainda assim, escolhi continuar. Foi preciso construir outra versão. Tinha a percepção de que seria uma viagem sem roteiros ou certezas, e isso assusta. Perdermos o controle que, iludidos, pensamos ter. Pela primeira vez, depois de anos acostumada a medir os passos, jogava-me em um projeto autoral, sem garantia alguma de que daria certo. Hoje, consigo perceber que isso era o que menos importava, pois “dar certo” é colocar em prática sem a preocupação com resultados que independam de nós.

 

Tudo estava "pretensamente" organizado e eu desejava refazer. Definitivamente, era "em outro lugar de mim" onde queria estar. Teria que ousar, e aquela mulher discreta e introspectiva precisava de coragem para se mostrar. Construía um projeto no qual compartilharia um pouco de minha alma. E como é temeroso dividir sentimentos! É quase ficar nua diante de todos. Precisei olhar para poder extrair o verdadeiro objetivo. Era necessário um propósito. Lembrei muito de minhas leituras e da admiração por tantos escritores que, humildemente, permitem que outras pessoas invadam seus escritos e extraiam aquilo que lhes sirva. 

 

Enquanto produzia o primeiro livro, li e reli os textos várias vezes. Queria ser o mais leal possível. Descobri que escrever libertava meus traumas e potencializava meus amores. Então,  por que não deixar que essas palavras chegassem mais longe? Qual o motivo de meu receio? Expectativas que, talvez, eu não pudesse corresponder? Vergonha, preconceito? Acabei por entender que a mim somente cabia expressar, tirar os fantasmas do “esconderijo” pois como chegaria no outro não era possível prever. A maturidade já havia se manifestado e não era mais preciso sustentar as máscaras. Iria permitir-me arriscar... 

 

Nesse processo, entendi que o ensinamento não é o resultado final, esse é somente um pretexto para que possamos racionalizar o projeto. O que realmente importa é construir uma nova possibilidade de existir. Dessa forma, alimentamos nosso mutante desejo que, definitivamente, não está a serviço de uma vida vazia, supérflua e linear. Ele serve ao movimento incessante de nossa essência. O poder criativo que vi nascer dessa construção me fez concluir que encerrar ciclos não significa, necessariamente, romper. Pode ser que tenhamos apenas que fazer diferente aquilo que sempre fizemos igual.

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