Eu tenho várias ideias distópicas para livros. Já criei vários roteiros na minha mente e muito em breve colocarei algum em prática. Este atraso na execução de uma obra distópica se dá por um problema muito simples: a distopia perdeu a graça quando comparada com a realidade e assim a ficção se esvai numa história óbvia e sem emoção.
Existem muitas distopias famosas, como 1984, de George Orwell; O Conto da Aia, de Margaret Atwood; Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley; e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. Mas há também uma não muito famosa, de 2006. Um filme com o ator pouco aclamado Luke Wilson, chamado Idiocracia, em que um homem normal congelado em nossos tempos é descongelado no futuro e se vê como o ser mais inteligente do mundo, em uma sociedade estúpida. O presidente dos Estados Unidos é representado pelo ator sempre sorridente Terry Crews e seu personagem é a pessoa mais estúpida de todo o planeta.
Eu tive uma ideia distópica recentemente. Consistia numa sociedade em que a resolução de todos os problemas era feita com a ação mais contrária possível para chegar à resolução. Por exemplo, se as pessoas não recebiam uma educação avaliada como "de qualidade", a solução era fechar as escolas e universidades para resolver o problema. Se o meio ambiente estava em crise para ser preservado, todas as instituições de proteção eram entregues para as pessoas que mais destruíam o meio ambiente. Se o problema da violência era algo a ser resolvido, então este meu governo distópico enfiava combustão para gerar mais violência e, assim, o problema se resolvia.
Ainda nesta ideia distópica, que eu pensei ambientar os anos de 2030, o país em que essa sociedade estava alocada tinha uma dívida pública que engolia 100% do PIB, então este governo parou de investir em tudo e todos os cidadãos precisavam trabalhar até o último dia de suas vidas para que essa dívida fosse paga, mesmo que ela crescesse de forma geométrica a cada três dias, a tornando impagável e os bancos (na minha história eram apenas quatro), em paralelo a esse sacrifício das pessoas, seguiam batendo recordes de faturamento a cada balanço realizado.
Faltam algumas coisas para que a história fique bem lapidada e eu possa escrever um livro digno de uma boa ficção. Espero que consiga lançá-lo antes de 2030, vá que ele perca a graça.