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Rodrigo Tavares participa de coletânea da oficina literária de Assis Brasil
A turma de 2018 da célebre oficina literária conduzida por Luiz Antônio de Assis Brasil lança a coletânea de contos "Qualquer ontem", publicada pela editora Bestiário, no dia 17 de agosto, a partir das 17h, no Von Teese Bar (na rua Bento Figueiredo, nº 32, bairro Bom Fim), em Porto Alegre. No total, 16 autores assinam o livro composto por 30 contos. Um dos autores é o escritor bajeense Rodrigo Ungaretti Tavares, que publicou os livros Noite Escura (2011) e Andarilhos (2017).
Tavares afirma que participar da oficina era um sonho antigo. "Sempre que eu olhava as biografias dos autores contemporâneos que me influenciavam, o ponto em comum entre todos era a oficina. Carol Bensimon, Daniel Galera, Letícia Wierzchowski, Luísa Geisler, Samir Machado de Machado, Michel Laub. Todos. Sem exceção", destaca.
Após ser selecionado para a turma de 2018, iniciaram os encontros: todas as quintas-feiras, durante dois semestres. Nas aulas, passaram por todos os pontos-chave da escrita criativa: personagem, questão essencial, focalizador, narrador, cenários. Mas o mais importante para o aprendizado: o exemplo do mestre. "O Assis é um gentleman, daquelas pessoas generosas, que não ensina apenas falando, aprendemos muito com seus silêncios e suas ações. Ele vive a regra do “show don’t tell”, pondera.
Os encontros de quinta-feira culminaram com a coletânea "Qualquer ontem", em que Tavares participa com o conto “Minhas pernas desacostumadas ao sucesso esqueceram de pedalar”, que ele define como uma breve história sobre infância e escrita. O autor bajeense adianta, ainda, que em breve o resultado da oficina poderá ser lido e sentido pelos leitores em uma nova obra, além da coletânea. Previsto para 2020, o próximo livro de Tavares, "Ainda que a terra se abra", é fincado nos conhecimentos que impactaram o autor durante os encontros com Assis Brasil.
Nas palavras do ministrante da oficina, Assis Brasil, que apresenta a obra, “predominam textos de natureza intimista, com alguma incidência do uso da primeira pessoa, como seria de se esperar, dado o espírito do tempo e, ainda, da juventude dos que os escrevem”, indicando que, apesar da pluralidade autoral, as narrativas compartilham de um tom semelhante entre si, garantindo uma harmonia do livro como um todo.
No texto da orelha, detalha-se um traço que perpassa as histórias: “A memória é também a argila de quem escreve, modelando personagens, enredos e mundos. O escritor é um lembrador de histórias que não viveu e mesmo quando se baseia na própria recordação, percebe que a lembrança é uma fotografia em que as coisas saem do lugar, ganham novos arranjos, passa por mudanças, que sempre são tantas, nas quais muitas coisas se perdem, guardadas no lugar errado, esquecidas em caixas, jogadas com o lixo”.
O texto ainda trata dos universos evocados: “Os contos desta coletânea remexem em malas e gavetas. Encontram recordações cotidianas, aos pedaços, como o primeiro beijo, os desejos proibidos, os afetos e rancores, os aromas da casa, o gosto do mel e do pêssego maduro, a queda de bicicleta e dos dentes”.