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Aos 84 anos, morre João Bosco Abero
Aos 84 anos, morreu, na tarde de ontem, João Bosco Abero. Escritor e advogado, nasceu em 16 de outubro de 1935, na localidade da Mina, em Bagé (hoje território de Aceguá).
Neste ano, ele era o homenageado e patrono da 22ª Feira do Livro de Bagé, agendada para acontecer entre os dias 6 e 10 de novembro. Abero escrevia desde a infância e teve diversos artigos publicados na imprensa bajeense. Entre os 16 e 18 anos de idade, escreveu dois romances inéditos: Tisna, com tema centrado na vida de Carvoeiros e Aroeira. Em 1988, publicou o ensaio filosófico Linguagem Versus Realidade.
Em 1954, Abero ingressou na vida política, sofreu três prisões durante o regime de exceção e esteve exilado no Uruguai. Foi militante no MDB, em meados da década de 80. Após, saiu da atividade partidária e passou a colaborar com o programa Visão Geral, da Rádio Cultura, junto a Edgar Abip Muza. Exercia, ainda, a advocacia, e presidiu a Subseção local da OAB. Inclusive, foi orador da primeira turma do Direito, da antiga Faculdades Unidas de Bagé (Funba), em 1974.
Atuação no Direito
Em entrevista ao Jornal MINUANO, em novembro do ano passado, em homenagem ao início das comemorações do curso de Direito da Urcamp, ressaltou que a turma, da qual fez parte, teve um toque todo especial. Lembrou, na ocasião, que a criação do curso, em muito se deve aos esforços de pessoas como Attila Taborda, Tarcísio Taborda e Rodolfo Flores, que foram "preponderantes para a conquista tão esperada pelos bajeenses". Disse, na época, que foi algo 'extraordinária'. “Havia um grupo de pessoas, entre as quais eu me incluo, que tinha um curso secundário completo, mas que tinham parado no meio do caminho. Pessoas ainda jovens, mas já entre seus 30 ou 40 anos. Essa oportunidade era indispensável para toda essa gente”, declarou.
Abero salientou, naquela entrevista, a importância do professor Davi Ulisses Simões Pires e disse: “A gente estava se formando e a faculdade ainda não estava reconhecida. Então, ele viajou para Brasília em busca desse reconhecimento, e quando chegou (a Bagé), de avião, teve uma recepção especial no aeroclube”, contou.
Quando questionado sobre a importância da faculdade em sua vida, o advogado revelou que a graduação funcionou como um momento de luz, em uma época sombria. “Fui preso três vezes, vivíamos em plena ditadura. O doutor Attila e o professor Rodolfo eram liberais, então, dentro das limitações impostas pelas circunstâncias, ainda em pleno regime de exceção, a faculdade era uma zona de luz”, declarou. “A inserção, a beleza do convívio. O clima universitário é algo fantástico, é uma coisa insubstituível. Quem passa por isso sabe que marca profundamente a vida de todo mundo”, concluiu na oportunidade ao repórter Augustho Soares.
Homenagem
Gerente da unidade de Bagé do Sesc, entidade responsável pela promoção e organização da Feira do livro, Liziane dos Santos destaca que a programação dos cinco dias terá uma grande homenagem ao patrono, que, segundo ela, "tanto contribuiu para a história, literatura e cultura da cidade".
Este ano, uma comissão formada por ex-patronos escolheu o nome de João Bosco Abero. Os votos foram de Orlando Brasil, Gladis Deble, Ana Maria Delabary, Iara Maria Botelho Vieira, João Carlos Moura representando Eliezer Moura e o patrono de 2018, José Francisco Botelho.
Velório e sepultamento
Conforme a sobrinha de Abero, Maria Luíza Pêgas, o velório e sepultamento devem ocorrer nesta sexta-feira, no Cemitério da Santa Casa de Caridade de Bagé. O horário, porém, não havia sido definido até o fechamento desta edição. A agenda ainda dependia do traslado do corpo, programado para a parte da noite. Ele estava no Hospital Pereira Filho, em Porto Alegre, onde estava hospitalizado.
Abero deixa a esposa Uiara de Lima Abero, a filha Ana Augusta Abero Steffen, o genro Jackson Steffen, e o neto Antônio Abero Steffen.