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Encontro da família Simões Pires reúne mais de 100 descendentes em Bagé

Mais de dois séculos de história de uma família e seus descendentes e, de certa forma, do próprio Rio Grande do Sul, foram relembrados no sábado. O 13º encontro da família Simões Pires aconteceu em Bagé, pela quarta vez, neste ano no Círculo Militar, que recebeu cerca de 125 descendentes vindos das mais variadas partes do Estado e também do Uruguai.
O primeiro encontro aconteceu em Rio Pardo, em 2007, reunindo mais de 400 pessoas. Um dos idealizadores do evento, o descendente Ciro Saraiva, conta que a ideia surgiu como forma de reavivar a memória da família, principalmente em Rio Pardo, onde o patriarca, Matheus, se estabeleceu na década de 1760, vindo de Açores. Desde então, com o nascimento do ramo brasileiro da família, estima-se que mais de 200 mil descendentes de Matheus Simões Pires estejam espalhados pelo sul do continente, principalmente entre Brasil e Uruguai.
Durante o 13º encontro, foram definidas as cidades que irão receber o encontro pelos próximos dois anos. Em 2020, o evento acontece em São Sepé. Já no ano em que o encontro completa 15 anos, retorna ao berço, Rio Pardo.
Saraiva conta que para o encontro que volta às origens, em 2021, algumas estruturas construídas com auxílio dos Simões Pires, como a Igreja Bom Jesus dos Passos e Igreja São Francisco, estão em processo de restauro. Assim, durante o encontro que celebrará os 15 anos, uma das comemorações será em relação à preservação do patrimônio arquitetônico e cultural, que traz em suas estruturas parte da história da família. "Os descendentes, ao tomarem conhecimento desta história, têm a obrigação de levar essas informações e cuidar para que não seja esquecida", destaca ele.
Inspiração de família
Nascido e criado em Rio Pardo, onde a história dos Simões Pires é contada oralmente de geração a geração, Rafael Borges Rodrigues é um dos descendentes que cresceu com a saga da família fazendo parte do imaginário. Já adulto, transportou para o papel esta admiração, inspirado pela trajetória da família e os encontros dos descendentes, iniciados há mais de uma década.
O livro "O Rio Grande de São Pedro e a Ilha dos Amores" narra a chegada do patriarca ao Brasil e o início da família, tendo como pano de fundo todo o contexto histórico do Brasil e do Rio Grande do Sul à época. A obra foi lançada por Rodrigues, de forma independente, no início de 2018. Pelo segundo ano, ele apresenta o material aos demais descendentes no encontro anual.  "Os encontros são um importante resgate de nossa identidade cultural, em um tempo em que a internet e a globalização tomam conta de tudo", aponta Rafael.
Laços desconhecidos
Este foi o quarto encontro realizado em Bagé e a quarta participação de Vitor Hugo Benites de Freitas. Acompanhado pelas irmãs, Darlene e Sílvia, já veteranas em participações nos encontros, não carrega no sobrenome a herança dos Simões Pires, mas traz a carga genética da família em seus antepassados. Natural de Bagé, onde há uma grande concentração de descendentes, ele conta que só atentou para os laços que unem a família ao descobrir, no primeiro encontro de que participou, alguns amigos e conhecidos de longa data. "Quando cheguei no primeiro encontro vi vários conhecidos e perguntei: 'ué, o que tu estás fazendo aqui?' e a pessoa respondia que também era descendente. É muito curioso isso", conta.
Já Darlene aponta a possibilidade de conhecer novos 'parentes', estreitar laços e fazer amizades como um dos principais objetivos dos encontros. "Em Bagé, onde morei por algum tempo, eu já conhecia alguns Simões Pires. Mas através dos encontros conseguimos conhecer muitas pessoas de fora", diz ela, que participou de 11 dos 13 encontros já realizados.