Esportes
O interminável goleiro Bagé
Limites é algo que Luís Henrique Silveira Couto, mais conhecido como "Bagé", desconhece. Aos 52 anos, o goleiro da AABB, em São Paulo, pretende estender ainda mais a carreira, regada a várias vitórias, tanto nos clubes que passou como com a camisa da seleção brasileira. De férias, aproveitou para passar as festas de final de ano na terra natal e rever familiares e amigos. E, prontamente, atendeu a reportagem do jornal MINUANO. Num bate-papo descontraído, falou da rotina em São Paulo e dos principais momentos em seus 32 anos de carreira, que ostenta a marca de goleiro de futsal mais velho em atividade no mundo.
Chegada prematura à seleção
Ascensão repentina marcou os primeiros anos de Bagé dentro das quadras. Tudo começou em 1986. O goleiro tinha acabado de sair do Exército. Além do futsal, Bagé também jogava handebol, pela escola Justino Quintana. Na época, carregava o apelido de Bola. Por intermédio do professor Henrique Nunes, foi encaminhado para testes no time de futsal do Grêmio. Mesmo sem experiência com competições estaduais, foi aprovado de primeira. E a aposta feita pelo tricolor porto-alegrense foi correspondida nas quatro linhas. Já na primeira temporada, Bagé foi eleito melhor goleiro do Rio Grande do Sul. Três anos depois, era convocado, pela primeira vez, para a seleção brasileira, após o título brasileiro, pela Enxuta, de Caxias do Sul.
Vestindo a camisa amarelinha, Bagé chegou ao ápice com o título da Copa do Mundo, em 1996, em Barcelona, batendo a Espanha na final. Até 1998, ganhou três Copas América e dois Mundialitos. Nesses nove anos, pôde atuar junto de duas gerações. Num primeiro momento, esteve ao lado de craques como PC de Oliveira, Ortiz, Choco, Paulinho Sananduva e Fininho. E já para o final, acompanhou os primeiros passos de Falcão. Aliás, Bagé também foi companheiro de Falcão no São Paulo (2001) e no Jaraguá (2005).
Rotina de treinos
Passar dos 40 em alto nível é algo raro. E quem dirá chegar aos 50. No caso de Bagé, não são apenas números. No mês passado, sagrou-se campeão estadual. O goleiro joga pela AABB desde 2009. Além de atuar profissionalmente, exerce a função de preparador de goleiros das categorias sub-8, 10, 12, 14, 16, 18 e 20. Quando assinou com o clube paulista, a ideia era jogar por mais umas cinco temporadas. Tanto que abriu negócios na terra natal, já visando um momento pós-carreira. Mas, ao longo dos anos, percebeu que ainda podia contribuir no futsal profissional. "Segui jogando e ganhando. Então, optei por prolongar minha carreira ainda mais. Não tenho planos de parar. Enquanto meu corpo aguentar os treinamentos, seguirei jogando. Eu consigo acompanhar normalmente os jovens de 18, 20 anos. Gosto muito de fazer exercícios e tenho uma oxigenação muito boa. Mas também nunca tive lesão no joelho, o que desgasta muito o atleta. Isso também facilitou", argumenta.
Livro de recordes
Em 2012, Bagé lançou um livro com dicas de treinamentos para goleiros de futsal. Mas ele carrega outra meta fora de quadra, que é entrar no livro de recordes, o famoso "Guinness World Records". O goleiro afirma que já enviou toda documentação para a Inglaterra, sede dos produtores do livro, que comprova que é o mais velho da posição no futsal mundial em atividade. Entretanto, para oficializar o recorde, é preciso que os responsáveis pela publicação venham até o Brasil. E todos os custos são por conta do proponente. Bagé conta que quando entrou em contato, o valor era de 25 mil dólares. Para arcar com os custos, precisaria de patrocinadores.
Planos para 2020
No dia 21 de janeiro, a AABB abre a pré-temporada. O calendário de 2020 prevê a Copa Paulista, Liga Paulista, Campeonato Estadual e Campeonato Brasileiro. Há possibilidade de amistosos preparatórios com Corinthians e Sorocaba, onde atua o craque Falcão. E a meta é conquistar novos títulos. "Sempre me cuidei bastante. O pessoal fica impressionado, mas o segredo é que sempre gostei de treinar. Para estender a carreira, é preciso cuidar bastante da alimentação, cumprimento de horários e ouvir o que os outros têm a dizer. Nunca achar que já sabe tudo e sempre treinar a mais do que o professor te pede. Aqueles malabarismos que o Falcão faz em quadra é tudo resultado de treinos que ele faz diariamente. Daí, o resultado vem. Agradeço, também, à minha esposa, Isabel Cristina, que me ajuda muito, nas horas boas e horas ruins. E nessa transição de idade, ela segura as pontas para eu não treinar demais, pois sou meio obcecado ", conclui.
Estes são os planos do interminável Bagé, que carrega sete títulos Brasileiros, cinco campeonatos Gaúchos, quatro Paulistas, três Catarinenses, um Mundial, um Panamericano, três Copas América e dois Mundialitos.