"Usamos todos os recursos disponíveis", alega capitão
Ontem pela manhã, o capitão da BM, Patrique Rolim Marques, convocou uma coletiva de imprensa para apresentar detalhes do ocorrido, bem como ressaltar o posicionamento da BM perante ao fato. Além da conversa com os meios de comunicação, Rolim também divulgou fotos e um vídeo do momento em que o indivíduo é atingido por um tiro e cai. No material, que está disponível no site do Jornal MINUANO, é possível verificar que o baleado portava uma barra de ferro e partiu em direção do brigadiano, que reagiu com o uso de munição letal.
Segundo o capitão, a guarnição da BM transitava, na via, por volta das 19h40min. Inicialmente, o foco era efetuar abordagens na ciclovia que fica próxima ao 25º Grupo de Artilharia de Campanha (25º GAC). O trabalho tinha como referência a informação de que indivíduos estariam consumindo entorpecentes, bem como realizando atividades de tráfico. "Efetuamos a abordagem de alguns indivíduos. Em seguida, havia mais dois num local próximo (no muro do estádio Antônio Magalhães Rossell). Então, fomos efetuar a abordagem. Um deles acolheu, mas o outro resistiu e ele ainda estaria com uma mochila, portando objetos, conforme informações que recebemos da guarnição", explica.
Ao se recusar a atender a ordem policial, o indivíduo investiu contra os policiais com uma barra de ferro. Como forma de reação, a BM utilizou munição menos-letal, calibre 12. Só que os disparos não surtiram efeito e o homem permanecia insistindo com ataques em direção aos policiais. "Em decorrência do uso de crack, ele estaria bastante alterado. Foi solicitado apoio para outras guarnições. Após a reação, o indivíduo partiu em direção a rua Padre Abílio Sponchiado. Um policial o seguiu a pé, enquanto o outro assumiu a viatura como motorista e fez a volta na quadra", conta.
Quando a viatura fez a volta, na rua Padre Abílio Sponchiado, o indivíduo quebrou o para-brisa do carro com a barra de ferro. E como não havia mais munições não-letais, Rolim afirma que o recurso, então, foi partir para o uso de munições letais. "Diante da agressão que vinha sofrendo, o policial fez alguns disparos e o indivíduo veio a cair no solo. Foi acionado o Samu e outra viatura chegou rapidamente ao local. Ele saiu com vida. Porém, minutos depois, recebemos a informação da equipe médica que ele tinha vindo a óbito", relata.
Com base nos fatos, Rolim foi designado para responder pelo Inquérito Policial Militar. O prazo para conclusão da investigação é de 40 dias, com passível a uma prorrogação de mais 20 dias. Para complemento da investigação, a BM aguarda os laudos do Instituto Geral de Perícias (IGP). "Como forma de praxe, as armas utilizadas pelo policial foram apreendidas. Foram feitas fotografias e vídeos pelas equipes de Inteligência e Correição. As circunstâncias preliminares permitem dizer que a ação foi dentro da técnica policial. Usamos todos os recursos disponíveis. Os disparos foram sempre buscados nos membros inferiores, conforme mostra o vídeo. Isso demonstra que a ação policial é coerente e seguiram todo o protocolo. Infelizmente, houve a morte do agressor. Nosso objetivo inicial é sempre a contenção, mas, entre a vida do agressor e a vida do policial, temos que optar pela vida do policial", destaca.
Procedimentos com os policiais
Quanto aos policiais envolvidos, o capitão da BM ressalta que eles serão submetidos uma série de avaliações psicológicas. Por um tempo indeterminado, também passarão a lidar com casos que gerem menos exposição. "Eles não serão afastados de suas funções. Obviamente, haverá preservação, até pelas condições psicológicas e possíveis traumas que tenham sido causados. Mesmo com a experiência que eles têm, não é todo dia que a polícia tira a vida de uma pessoa. Eles devem ser designados para funções menos expostas", disse.
Histórico criminal
De acordo com o capitão, o indivíduo, identificado como Denílson Duarte, já possuía uma série de antecedentes criminal. "Teve a acusação de um homicídio ocorrido em 2003, numa boate. Também conta com passagens por posse de entorpecentes e tráfico", informa. Entretanto, mesmo diante de todo o histórico, Rolim ressalta que todas as medidas foram tentadas. "A morte nunca é a melhor solução. Mas diante das circunstâncias, preferimos que a vida do policial fosse preservada", finaliza.
O que diz o boletim de ocorrência?
Conforme relatado em boletim de ocorrência, a Brigada Militar foi acionada em função de consumo de drogas no local e após um pedestre ter sido roubado. Chegando ao local, os policiais avistaram dois indivíduos na lateral do muro do estádio. Assim, a BM abordou a dupla e solicitou que colocassem as mãos na cabeça. Entretanto, conforme relatado pela BM, no boletim de ocorrência, um deles teria desobedecido a ordem. Em seguida, pegou uma barra de ferro que estava dentro da mochila que carregava e investiu contra um dos policiais.
Como forma de reação, o policial que foi alvo do homem sacou sua arma, com munição "menos-letal", e desferiu sete disparos em direção ao indivíduo, na "linha abaixo da cintura". Entretanto, o policial reitera que, em nenhum momento, o homem deixou de investir contra ele.
Mesmo com a repressão, o acusado correu em direção à rua Padre Abílio Sponchiado e, nas proximidades dos condomínios Scyla Médici, foi novamente interpelado. Então, os policiais efetuaram novos disparos, dessa vez, com munição letal. E um deles acertou a região da cintura do acusado.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e levou o baleado ao Hospital de Pronto-Socorro (HPS). No entanto, por volta das 21h, os profissionais de plantão atestaram o óbito.