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Bajeense raiz

Publicada em 28/02/2020
Bajeense raiz | ELLAS | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler

por Janine Pinto
Pretensa escritora nas horas vagas

 

Ser bajeense é um caso a parte ...como em todo lugar os que aqui nasceram sabem que tem coisas que apesar de serem incompreensíveis ao resto do universo, aqui fazem todo sentido.

Bajeense raiz, por exemplo, não entende nada de água, o máximo para nós é ir no Valente e molhar “os pé”, não estranhem o artigo ser no plural e o sujeito no singular, aqui é assim ...raramente vai haver esta concordância, e não é um privilégio dos menos estudados, o bajeense raiz fala errado mesmo, e só dói no ouvido dos de fora, para nós é normal. Voltando ao assunto da água, bajeense vai para o Cassino e não tira as alpargatas na beira da praia (o que cá entre nós até concordo, o bicho de pé no Cassino corre solto), o ápice da praia não é o mar e sim o churrasquinho, que já vem com farofa de areia …vai e volta para Bagé sem ter posto o pé na água salgada, salmoura só no churrasco.

Fruteira em Bagé é coisa para turista, outro dia uma amiga me perguntou que horas eu comia fruta? Respondi – “a hora que tenho vontade”, bajeense raiz gosta mesmo é de açougue, casa de carnes, frigorífico, salada é de batata com maionese, linguiça, o resto... ah o resto é pasto né, e pasto quem come é vaca!

Tem um monte de coisa que Bagé não tem, isto a gente sabe, e nem liga por sinal, já se foi o tempo que o pessoal passeava na avenida principal, tomava um sorvete em uma sorveteria bacana, agora o programa é ir para um posto de gasolina no quinto dos infernos, tirar foto de um prato de batata frita e um copo de cerveja e postar no facebook, o visual é “tri”,  ou seja três bombas de gasolina, se não gostou olha para o outro lado e avistara um terreno baldio cheio de sujeira  ... este é o lazer do gaúcho que passa a semana na campanha admirando horizontes sem fim, no final de semana radicaliza ...um bom pagode a toda altura e aquela cervejinha mais ou menos gelada no posto de gasolina.

Bajeense raiz não se mistura, vai viajar e quando vê outro bajeense fica todo alvoroçado, nunca se cumprimentaram em Bagé, mas fora são íntimos amigos, graças a Deus alguém para conversar tchê, já estava me sentindo solitário, agora sim já convida os conterrâneos para aquele churrasco com salada de batata, está tudo em casa, é um relincho só.

Quem é daqui sabe o que é gastar 100 pilas de gasolina para ser visto no Aceguá, parar o carro na frente do free shop comprar uma barra de chocolate, um shampoo, e uma Freixenet para tirar foto e postar na facebook escrito #comemorando casamigas# , e dar volta para Bagé, depois comentar passei a tarde no Aceguá fazendo compras. Quando indagado do que comprou desconversa.

Bajeense que é bajeense raiz compra em loja daqui, entra nas “Ma...e nas Pom …” de lado para não ser reconhecido e quando lá dentro se der o azar de esbarrar em alguém familiar vai se explicar -estou fazendo umas comprinhas para o pessoal lá de fora (estância), tem vergonha de loja popular, só vão as 9 da manhã a hora que abre para não serem visto pelos amigos, tem certa lógica quem compra em lojas melhores é porque está bem de vida. Por falar em bem de vida, aqui todo mundo tem carro, dizem que é a cidade do Rio Grande do Sul que tem mais carro por habitante, e mais inadimplência de IPVA, não sei se isto corresponde à realidade, mas já experimentou sair as cinco da tarde em Bagé de carro? Tem engarrafamento …bajeense raiz deixa o carro estacionado mais longe do que se fosse a pé, mas não paga estacionamento nem morto, odeia tirar da carteira “dois real sem s ” prefere parar 5.500 quadras antes do destino.

Outra coisa que bajeense raiz adora é contar que foi em determinado restaurante fora de Bagé e a conta foi super barata,  500 reais por um filé com fritas, já aqui reclama do preço dos restaurantes, acho que é um pouco de baixa estima. Na nossa cidade, a comida tem que ter preço de banana; na outra já é diferente, tudo é barato, vá entender ....

Bajeense raiz não se rende muito a modismos, gosta da mesmice, só vai onde todo mundo vai mesmo que seja uma “m”…come o que todo come …veste o que todo mundo veste…e fala o que todo mundo fala .... pensa como todo mundo pensa, se endivida para ser igual a todo mundo, se assim não proceder sofrerá bullying, será isolado, motivo de piada , e no mínimo dos mínimos chamado de chato, pão duro, metido a besta, cafona, sem gosto, deprimido e por ai vai....por isso não vale a pena é melhor se enquadrar, com o tempo você que é de fora vai virar raiz também se acostumar ..vai chegar no mercado e dizer –“me dá dois pacote de erva”sem s,  vai no Aceguá comprar um vidro de doce de leite e dar volta, acreditando que foi uma pechincha, vai na festa com aquele vestido mais estampado do mundo feliz da vida se achando ...pois quando chegou aqui se sentiu muito simplesinha toda de preto, vai fazer carnê para comprar trezentos anéis de ouro baixo e duzentas correntinhas para parecer um pinheiro de natal como todas “ricas” de Bagé fazem, afinal tem que se encaixar,  vai colocar teu filho no colégio X , mesmo que isto não signifique nada em termos de educação, vai “investir” em um mega carro do ano, e se esfolar para pagar a prestação, mesmo que depois atrase o IPVA por falta de $$$$, vai virar loira com o cabelo branco de tanta mecha e similares, vai ter seguro do carro mas plano de saúde só o Ipe que a mãe deixou, vai agradecer para o colunista  quando sai na coluna social,  vai entrar para um  clube de serviço e nunca ir nas reuniões ou participar só em eventos que possa dar ibope e sair na mídia,  vai dizer não sou de Bagé mas moro lá cheio de orgulho e achando tudo isto normal. Depois disto é só esperar o título de cidadão bajeense proposto por algum vereador do seu círculo de amizades .....  

 

      

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