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Produtores pedem que prefeito decrete situação de emergência

As perdas estimadas na produção de soja, em Bagé e região, motivaram, ontem, a realização de uma reunião de mobilização por parte de produtores locais. Durante evento da Associação de Agricultores da região da Campanha (Agricampanha), realizado no Agropecuária San Diego, os presentes expuseram a necessidade de ações que auxiliem os sojicultores na negociação de dívidas ocasionadas pela quebra da safra da oleaginosa pela forte estiagem que atinge as lavouras.

Presidente da Agricampanha, Gesiel Porciuncula foi direto ao afirmar, para a reportagem do Jornal MINUANO, que a perda estimada nos municípios abrangidos pela entidade é de pelo menos 50%. “Temos ciência que 30% é uma quebra consolidada, mas se seguir sem chover isso vai aumentar. Hoje, a cada dia sem chuva, perdemos uma saca por hectare cultivado. Se não chover até o final de semana, as perdas, com certeza, devem atingir de 60% a 70%”, detalhou.

A manifestação de Porciuncula é representativa para a região. Isso porque a Agricampanha, na atualidade, atua, além de Bagé, em Aceguá, Hulha Negra, Candiota e Pedras Altas. Juntos, os produtores atendidos pela entidade cultivam 150 mil hectares com a oleaginosa. “Temos consciência que a colheita, na atualidade, já não pagará o custo da produção”, mencionou ao argumentar que, por este motivo, os produtores precisarão de um auxílio que possibilite, por exemplo, a negociação para o pagamento dos gastos gerados com o cultivo.

“É o momento de nos reunirmos. Precisamos que o prefeito de Bagé, Divaldo Lara, decrete situação de emergência”, destacou o presidente da Agricampanha. A medida, por parte do Executivo, segundo ele, permitiria a liberação do Seguro Rural, bem como a prorrogação de financiamentos e custeio da produção. “Os bancos só aceitam com o aval do governo”, frisou.

Prefeitura já analisa mecanismo, diz secretário

Presente no encontro realizado na San Diego, o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Cléber Carvalho, confirmou que, no momento, a Prefeitura já analisa mecanismos para decretar situação de emergência, o que atenderia a demanda dos sojicultores.

“Sabemos que a situação não é boa. Temos 39 famílias, no interior, que já não contam com água para consumo. Neste momento, o que buscamos é antecipar alguns auxílios, antes mesmo do decreto. O prefeito está em Brasília, junto à uma comitiva de prefeitos, buscando uma posição favorável junto à ministra (da Agricultura) Tereza Cristina”, comentou.

De acordo com Carvalho, a mobilização realizada foi importante para solicitar o encaminhamento de pedidos de auxílio dos produtores. “Precisamos de informações”, frisou ao salientar que, para formalizar o decreto, primeiramente, é buscado um laudo circunstanciado, emitido pela Emater. “Neste documento constam as perdas oficiais da produção, as pessoas afetadas e tudo que tem problemas causados pela estiagem”, detalhou.

Questionado sobre as reais possibilidades do decreto de emergência, ele garantiu que a medida deve, de fato, ser estabelecida. “Estamos reunindo tudo para o prefeito ter as condições de assinar o decreto. E trabalhamos para acelerar isto de modo que, assim que o fizermos, o Estado e a União possam homologar a emergência e garantir o suporte necessário”, concluiu.

Racionamento segue na pauta

À reportagem do MINUANO, Carvalho mencionou que a situação considerada crítica no campo somente não está no mesmo patamar, na área urbana, devido a medidas anteriormente adotadas pela gestão municipal. “A interligação da barragem do Piraí com a Sanga Rasa foi fundamental. Nos ajudou a chegarmos até o atual momento com água armazenada. Mas o racionamento está prestes a ocorrer”, disse ao apontar que a escassez pluviométrica, persistindo, inviabilizaria a manutenção dos estoques de hídrico para abastecimento da população.