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Lideranças destacam importância do isolamento social para frear contágio do coronavírus

Um dos principais nomes na linha de frente no combate ao coronavírus em Bagé, Mário Mena Kalil, além de ser o titular da pasta da Saúde no município, atua como coordenador do Comitê de Enfrentamento ao covid-19. Ele explica que o isolamento horizontal de 14 dias se mostrou extremamente eficaz como medida de contenção na propagação do vírus no mundo. "Não somos nós que estamos falando isso, são dados. Todas as regiões que aderiram ao distanciamento e isolamento social tiveram resultados positivos. Quem o contrariou, como Milão e Inglaterra, sofreram com um revés muito grande na população", destaca.
O médico apontou, ainda, que a peculiaridade do início da epidemia em Bagé, iniciada dentro de um ambiente hospitalar, é um agravante da situação, exigindo um controle e cuidado ainda maior. "Não sabemos medir o tamanho desta exposição em Bagé, porque entrou em ambiente hospitalar, em contato com várias pessoas. Por enquanto, temos nove casos positivos, mas ainda há mais resultados para chegar. Essa é a nossa chance de impedir que o início da exposição, que foi agressiva em Bagé, para que não seja pior lá na frente", adianta.
Para Kalil, o isolamento é uma medida não-farmacológica de muita relevância, cujos reflexos positivos serão sentidos a partir do momento em que a circulação do vírus cair. "Esperamos que o pico, o plateau, não seja alto. Não temos condições de absorver todos os pacientes se acontecer de uma só vez. Por isso é importante o isolamento neste momento, para frear o número de contágios. O que estamos fazendo agora vai ser muito importante daqui a três ou quatro semanas", garante.
E mesmo com o isolamento, a situação ainda pode se agravar, já que há previsão de uma epidemia de H1N1 em até um mês, junto ao momento em que o coronavírus deve atingir seu ápice. "Temos que estar preparados e tranquilos. Mais dois ou três dias de distanciamento não vai fazer mal a ninguém. Nossa grande lição é observar aqueles que erraram. O Trump errou (Donaldo Trump, presidente dos EUA), o prefeito de Milão errou e a Inglaterra errou, mas todos reconheceram o erro. Nós não podemos errar também".
Presidente da Fundação Attila Taborda aprova medidas adotadas
Presidente da Fundação Attila Taborda, mantenedora do Hospital Universitário Dr. Mário Araújo, que está em preparo para o combate ao coronavírus, e reitora da Urcamp, Lia Maria Herzer Quintana relata que apesar de não haver necessidade de pânico, neste momento, é imprescindível manter o isolamento e todos os demais cuidados necessários para frear o contágio pelo covid-19 em todos os setores. "Outras cidades do tamanho da nossa no Estado ainda não tiveram nenhum caso registrado. Mas nós estamos com essa situação atípica e precisamos cuidar da nossa comunidade", diz.
Assim como o secretário de Saúde, Lia aponta que a rede de saúde do município não conta com a estrutura necessária para atender toda a demanda de um pico da infecção, caso não sejam mantidas as posturas mais contundentes. "Nosso problema é a estrutura. Temos, ao todo, 12 respiradores em Bagé entre Hospital Universitário e Santa Casa. O dano financeiro vai acontecer com a suspensão de funcionamento de alguns setores, mas todos nós vamos pagar essa conta. Agora, se houver um colapso na área da saúde, não teremos o que fazer", disse.
A reitora expressou, ainda, apoio e comprometimento às medidas adotadas pelo chefe do Executivo, Divaldo Lara, com a publicação do Decreto 050/20, que restringiu o funcionamento de diversos setores da cidade. "Precisamos observar e esperar a evolução dos casos suspeitos, para ver o que vai acontecer antes de avaliarmos. Neste momento, Divaldo tem nosso total apoio. É o correto a ser feito", destaca ela. Importante destacar que a Urcamp, Jornal Minuano, Museu Dom Diogo e da Gravura Brasileira, e demais mantidas pela fundação, estão funcionando apenas com atividades remotas, em home office.
Sociedade de Medicina de Bagé destaca trabalho realizado pelos profissionais
Em nota assinada pelo presidente da Sociedade de Medicina de Bagé, Davi Salomão, e o vice-presidente, Júlio Coutinho de Vargas Neto, a entidade se manifestou, na tarde de sexta-feira, em defesa do isolamento e distanciamento social da comunidade, além de expôr as situações extenuantes que os profissionais da saúde tem vem enfrentando na linha de frente.
De acordo com o comunidade, a SMB, "levando em conta este momento sem precedentes à nível global (...) comunica apoio irrestrito, afim de sustentar esta pandemia da maneira mais segura à nossa população". O presidente da Sociedade de Medicina reitera, ainda, que "de concreto, se tem que devemos enquanto população ficar em casa, mas esta opção não é dada aos profissionais do maior hospital da região. São eles que estão testando positivo porque é uma exigência de suas profissões o contato com doentes e o seu local de trabalho é um local de circulação justamente de pessoas que assim se sentem".
O médico destaca que o covid-19 pode ser assintomático no início. Este é o principal motivo para manter o isolamento. "Até os primeiros sintomas aparecerem, o indivíduo já pode ter estado com várias pessoas, e o vírus tem como característica um alto poder de transmissão.
A nota continua, relatando que os bajeenses e moradores dos municípios vizinhos são atendidos por profissionais transplantados, diabéticos, hipertensos e com mais de 60 anos, que fazem parte do grupo de risco, mas que seguem as atividades, expostos ao vírus. "Por esses colegas e profissionais de saúde contaminados, por todos habitantes de nossa cidade, pedimos calma e tranquilidade a todos para superarmos este momento delicado. Fiquem em casa, deixem as pessoas que precisam sair para trabalhar circular em segurança. Lavem as mãos e não divulguem informações falsas que em nada ajudam em um momento que exige seriedade de todos os envolvidos", finaliza.
Ordem dos Advogados do Brasil se une ao combate da pandemia
Desde segunda-feira (23), a Ordem dos Advogados do Brasil Nacional determinou o trabalho remoto dos funcionários como medida de contenção, prevenção e redução dos riscos de disseminação e contágio do coronavírus. Em Bagé, a situação não foi diferente. O presidente da subseção de Bagé, Marcelo Marinho, também autorizou o home office para todos os funcionários e associados da ordem.
Marinho destaca que, diante do número expressivo de contaminações na região, é importante pensar e olhar a sociedade como um todo e garantir a segurança geral seguindo as orientações de quem realmente entende do assunto. "Os profissionais da saúde estão pedindo para não sairmos, para nos resguardarmos e à nossa família. Eles são especialistas, vamos obedecer porque eles sabem do que estão falando", destaca.
O advogado destaca que, neste momento, devem ser valorizados os serviços essenciais, como os profissionais da área médica, da alimentação, do transporte e da produção rural, que seguem atuando para garantir, na medida do possível, a manutenção da rotina dos lares brasileiro durante o isolamento. "Mas é importante que quem possa trabalhar de casa, o faça. Não adianta pensar em cifrões se logo ali à frente tiver que investir em tratamentos de saúde. O coronavírus é uma doença de contágio rápido, e tem apresentado uma preocupante curva ascendente. Precisamos seguir as orientações dos órgãos de saúde, neste momento, e permanecermos em casa", aponta.
Contudo, Marinho destaca que estar em casa não significa, necessariamente, estar sem trabalhar. Ele aponta que os profissionais da área do Direito podem aproveitar o momento para, por exemplo, seguir trabalhando em petições iniciais, ganhando tempo para os processos que serão retomados tão logo a situação normalize, além de estudar e se manter atualizado. "Nosso maior valor, hoje, é a nossa saúde e devemos permanecer em casa para mantê-la".