Cidade
Alto consumo de internet durante a quarentena pode ocasionar instabilidade de sinal
Desde o final da semana passada, a grande maioria dos bajeenses atendeu às orientações dos órgãos de saúde e aderiu ao distanciamento social como meio de frear o número de contágios pelo novo coronavírus. Contudo, com tanta gente em casa, sem poder sair às ruas para atividades corriqueiras, muitos recorrem à internet para lazer, para contato com familiares e amigos também reclusos e, também, para o trabalho. Mas a grande utilização das redes pode gerar uma sobrecarga e ocasionar lentidão e, em alguns casos, até a famosa queda do sinal de internet.
Funcionário de uma empresa provedora de internet em Bagé e região, Allan Miranda, que atua como suporte técnico, destaca que o gráfico de consumo da cidade começou a mostrar sinais mais elevados desde o último sábado. A data coincide, justamente, com o período em que as pessoas começaram a aderir ao isolamento.
Deste dia em diante, o provedor vem registrando picos de utilização, principalmente entre às 14h até 0h. Em média, nos momentos de pico, mais de 5,6 mil clientes estão conectados à rede. E isto relativo apenas aos dados da empresa em questão.
Conforme explica Miranda, mesmo com consumo mais elevado, o risco de queda do sinal é baixo. O que pode ocorrer, em alguns casos isolados, segundo ele, são instabilidades de sinal devido à demanda. "Mas mantemos uma equipe para manutenção emergencial para casos assim", destaca.
Para o professor do curso de Sistemas de Informação da Urcamp, Fernando Fagonde, a queda do sinal devido à grande utilização é uma possibilidade concreta, assim como a instabilidade da internet já sentida por vários consumidores, independente dos provedores utilizados. "Imagina um cano d'água. Agora liga 20 torneiras nesse cano. Quando uma torneira só abre a força é maior, quando todas as torneiras estão abertas ao mesmo tempo, a força da água é 'dividida' entre elas. O que está acontecendo agora é que temos mais torneiras abertas ao mesmo tempo", exemplifica.
Como dica, ele orienta que os consumidores optem por não assistir vídeos em HD (high definition ou alta definição) no YouTube, por exemplo. Segundo ele, basicamente quanto melhor a qualidade da imagem, mais ela sobrecarrega a infraestrutura da internet. Jogos on-line, por sua vez, não são tão agravantes, diferente das transmissões de jogos e lives.
Uma prova disso é que os serviços de streaming, como a Netflix, e redes sociais, como o Facebook e Instagram, foram orientados pelos governos de vários países onde a gigante do entretenimento atua a baixarem a qualidade da imagem, antes transmitida em HD, a fim de reduzir em até 25% o tráfego de internet utilizado pelo serviço de streaming.