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Novo decreto amplia prazo de restrição ao comércio, mas abre possibilidade de serviços de e-commerce

No final da tarde de quarta-feira, dia 1º, o prefeito, Divaldo Lara, concedeu entrevista coletiva para atualizar os dados de contágio do coronavírus em Bagé e responder questionamentos sobre as ações de enfrentamento à pandemia. Uma das novidades anunciadas foi sobre as exigências que serão adotadas pelo Executivo a partir de agora.
O novo decreto do município, 057/2020, em consonância com o decreto 55.154 do Governo do Estado, anunciado na terça-feira, manteve as suspensões de funcionamento do comércio até 15 de abril. Contudo, três alterações em relação ao decreto municipal anterior chamam a atenção: obras de construção civil de pequeno porte, com até cinco trabalhadores, estão liberadas, desde que obedeçam aos padrões sanitários e cuidados com a higienização. Também foram liberadas para funcionamento as lavagens de carro que possuam poço artesiano, com exigência da utilização de produtos de desinfecção recomendados pelos órgãos de saúde e vigilância sanitária.
E a terceira alteração diz respeito a autorização para que lojas utilizem o sistema de e-commerce. Na prática, o município permite a venda de produtos por sistema não presencial e que utilize-se de tele-entrega. Contudo, mantém o impeditivo de abertura de lojas físicas sob pena de multa e, inclusive, perda de alvará.
O chefe do Executivo destacou que o endurecimento das medidas adotadas pelo Estado foi agravado pela situação da Rainha da Fronteira. “Uma das referências que utilizou para a decisão são os acontecimentos de Bagé. São fatos de nível nacional, que com certeza pesaram bastante na tomada de decisão do governador”, disse.

Hospital de Campanha

Um dos instrumentos da linha de frente será o Hospital de Campanha, unidade de apoio à Santa Casa de Caridade de Bagé e Hospital Universitário Dr. Mário Araújo no atendimento de pacientes que não apresentam quadro de contaminação pelo vírus. A unidade, que irá funcionar no Ginásio Corujão, cedido pela Fundação Attila Taborda, irá contar com 50 leitos de retaguarda, a fim de “desafogar” os hospitais do município, realizando o atendimento de casos mais brandos de pacientes não contaminados pelo covid-19 que necessitem de atendimento.
Contudo, para funcionar, o espaço depende de doações de camas, colchões, toalhas, lençóis e fronhas para os leitos. “Os preparativos estão andando bastante, com o apoio da reitora, Lia Quintana, e do Exército Brasileiro. Estamos trabalhando, ainda faltam alguns documentos e equipamentos, mas acredito que até o final de semana já esteja montado”, destaca.

Panorama de casos se manteve

Após a confirmação de seis novos casos na segunda-feira, elevando para 15 o número de infectados com o vírus, Bagé manteve o mesmo patamar no registro de ontem. Até o momento, foram realizadas 100 coletas de amostras, com 28 casos ainda sob suspeita, 15 confirmados, 51 negativados e um inconclusivo. Além disso, o município conta com cinco amostras descartadas pelo Laboratório Central (LaCen), por não apresentarem relação direta ou indireta pelo mapa de contágio do município, pré-requisito para submissão das amostras a exames.

Casos de “cura”

Na manhã de ontem, o Centro de Operações de Emergência (COE) da 7ª Coordenadoria Regional de Saúde confirmou que cinco dos 15 pacientes positivados para covid-19 apresentaram cura para a doença. Contudo, durante a coletiva, o prefeito destacou que os pacientes em questão apenas apresentaram regressão do quadro de sintomas e completaram o período de isolamento necessário.

O chefe do Executivo reiterou a importância do isolamento, mesmo para os casos em que os pacientes apresentaram melhora do quadro. “O vírus está subindo, em escala no município. Esses pacientes obedeceram o ciclo de quarentena, mas precisam se manter protegidos, resguardados devido a agressividade desta a epidemia. Não sabemos se não poderão contrair a doença novamente”, afirma.

Em busca de auxílio em todas as esferas

Como a segunda cidade do Estado com o maior número de infectados - pelo menos até a quarta-feira -, atrás apenas da capital, Porto Alegre, Bagé aguarda auxílio financeiro do Governo do Estado e do Governo Federal para o desenvolvimento de novas ações de enfrentamento e contenção do vírus. Até o momento, a cidade já investiu mais de R$ 2 milhões, de acordo com o anunciado por Lara, no trabalho para achatar a curva da escalada do vírus. Em contrapartida, recebeu apenas 15% deste valor por parte das demais esferas governamentais. “Eles estão enxergando apenas os grandes centros. Não estão enxergando os municípios menores, que podem contaminar uma região inteira”, disse.