Cidade
Comércio reabre e movimenta centro da cidade em meio à quarentena do coronavírus
Após quase um mês do fechamento das lojas e demais medidas adotadas através da publicação do decreto 050/2020, as lojas voltaram a abrir as portas da tarde de quinta-feira, dia 16. A ação foi possibilitada pelo Executivo em um novo decreto, mantendo algumas restrições aos lojistas, como turno único de funcionamento e limite de acesso de clientes por vez ao interior da empresa. As ações são uma alternativa para voltar a movimentar a economia da cidade, evitar o colapso econômico da Rainha da Fronteira, mas seguindo uma cartilha de segurança para evitar a propagação do covid-19.
O que pode ser percebido no primeiro dia de funcionamento foi uma enorme movimentação nas ruas, com aglomerações de pessoas em frente às lojas, tráfego lento nas vias e muitos cidadãos desrespeitando a orientação do uso de máscaras para sair às ruas, necessárias em um cenário de transmissão comunitária.
Presidente da Associação Comercial e Industrial de Bagé, Pedro Ernesto Obino destaca que com as solicitações do empresariado atendidas, todos estão engajados em manter o funcionamento do comércio da forma mais segura possível, tanto para os funcionários quanto para os clientes. "Sabemos que é uma retomada gradual, que exige cuidados para não corrermos os risco de regredir. Por isso temos total zelo às medidas necessárias para conseguir seguir trabalhando, com segurança, até atingirmos, passo a passo, a vida normalizada", destaca.
Através de um comunicado, a Fecomércio destacou esperar que a reabertura do comércio, em várias partes do estado, signifique "o começo de uma retomada na movimentação econômica, respeitando as recomendações de saúde para preservar comerciantes e população da contaminação pelo novo coronavírus". A entidade representativa também apontou que os sindicatos vinculados à federação estão orientando os empresários de todos os municípios a adotar o protocolo de segurança para a retomada segura das atividades comerciais.
Prefeito promete reavaliar restrições
Procurado pela reportagem do Jornal MINUANO para avaliar o cenário de filas e movimentação intensa no centro da cidade, nesta quinta-feira, dia 16, após a liberação para que o comércio funcionasse em turno único, das 13h às 18h30, o prefeito de Bagé, Divaldo Lara, prometeu que o funcionamento das lojas deve ser reavaliado. “O erro de alguns pode comprometer a todos”, mencionou ele ao justificar que para que a liberação de funcionamento se mantenha é preciso cuidado de todos, seja do governo, bem como da população e dos empresários. “Hoje (quinta) e amanhã vamos avaliar o cenário e, até segunda-feira, ou mesmo do final de semana, teremos uma posição”, frisou ele sem, contudo, antecipar possíveis novas restrições.
Por outro lado, Divaldo criticou com ênfase um empresário da cidade que anunciou, para esta quinta-feira, que quem pagasse seus boletos estaria isento de multas e juros. “Vamos multá-lo”, garantiu, ao frisar que a proporção da penalidade atenderá aos requisitos que constam no decreto de calamidade pública publicado na quarta-feira – os valores variam de R$ 972,32 até R$ 48,6 mil. “Todos estamos trabalhando juntos, adiando os vencimentos de contas e tudo mais. E este empresário faz isso?”, questionou ao citar que a ação de tal estabelecimento gerou filas com duas quadras de extensão.
Transporte coletivo retoma horários normais à tarde
Desde o dia 2 de abril trabalhando com horários reduzidos, como estratégia para manter a proliferação do vírus sob controle, os ônibus do transporte coletivo, operados na cidade pelas empresas Stadtbus e Anversa, voltaram a circular normalmente ontem à tarde para atender a demanda ocasionada pela reabertura do comércio em horário especial.
Gerente da empresa Stadtbus, Alexandre Solari garante que o transporte coletivo foi um dos segmentos mais prejudicados com as restrições impostas. "A operação não parou, mas tivemos uma redução de mais de 80% no número de passageiros transportados e um redução de horários que não chegou a 50%, além de algumas despesas extras e férias que tivemos que dar para parte da equipe", aponta.
Com a retomada das atividades autorizadas pelo último decreto municipal, seguindo orientações para a segurança dos colaboradores e passageiros, Solari destaca que que a expectativa da empresa é retomar a normalidade aos poucos, ainda que não na velocidade necessária para diminuir o comprometimento financeiro da crise. "O que estamos vendo no dia a dia é um sistema de transporte público à beira de um colapso. Precisamos, com urgência, de políticas públicas para salvá-lo. Sozinho, vai ser praticamente impossível a recuperação das empresas", destaca.
A reportagem não conseguiu contato com a empresa Anversa.