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TV Câmara inicia transmissões das aulas da rede municipal

Em iniciativa pioneira no Rio Grande do Sul, a Secretaria Municipal de Educação e Formação Profissional (Smed) proporcionou uma forma alternativa para que os alunos da rede municipal de ensino não fiquem desabastecidos de conteúdo. Desde terça-feira (28), a TV Câmara, que opera no canal 18.3, com sinal aberto, e 16 da NET, transmite videoaulas, com conteúdos direcionados para os quatro níveis de ensino: Educação Infantil, Anos Iniciais, Anos Finais e Educação para Jovens e Adultos (EJA).
Cada videoaula tem 15 minutos de duração. No total, são duas horas da grade de programação da TV Câmara, ocupadas com conteúdo aos alunos. Os materiais também ficam disponíveis para acesso num canal no YouTube e no Facebook da Smed. Os horários são informados em grupos do WhatsApp específicos para as aulas. A iniciativa conta com aval do Ministério das Comunicações. “Estamos muito contentes, pois acreditamos em estratégias criativas para vencermos esse momento difícil da pandemia. Bagé e São Paulo adotaram esse sistema de vídeo aula, com a disponibilização na TV aberta”, ressalta a secretária Adriana Lara.
Para justificar o acesso democrático ao conteúdo, Adriana utiliza um dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que 97% das famílias brasileiras possuem acesso à televisão. “As que não conseguirem ver na TV podem acessar pelo YouTube. Ontem (terça-feira), foram cinco mil visualizações. É uma força-tarefa que a Secretaria vem fazendo para amenizar o isolamento e garantir o vínculo com o aluno”, ressalta.

Tendência pós-pandemia

Na concepção de Adriana, a plataforma digital não substitui a relevância da atuação do professor, dentro do ambiente de sala de aula. Contudo, não descarta que, após a pandemia, este trabalho sirva como um recurso para conteúdos complementares. “Isso melhora o desenvolvimento cognitivo com os alunos. Estou muito feliz em ver o envolvimento dos professores com as aulas. Claro que nada substitui a presença do professor na sala de aula, porém, conforme dados do Conselho Nacional de Educação, há 191 países com aulas suspensas, afetando dois bilhões de alunos. Por isso, temos que buscar estratégias criativas e inovadoras. E porque não, poder auxiliar como forma de complemento e reforço para a sala de aula”, aponta.
Um dos projetos que a secretária adianta que está em discussão é o formato de rádioaula. A tendência seria a utilização de podcasts para repasse do conteúdo. Contudo, ainda não há detalhes mais precisos, visto que o tema ainda está em fase de discussão por parte da gestão da Smed.

Professores foram capacitados pela Urcamp

Antes que a gravação dos vídeos fosse colocada em prática, os docentes da rede municipal de ensino passaram por um processo de capacitação. O trabalho foi articulado pelo curso de Jornalismo da Urcamp, sob a responsabilidade dos professores Glauber Pereira e Roberta Mércio.
Conforme Pereira, mestre em Educação e coordenador do curso de Jornalismo, o trabalho consistiu numa videoconferência, com participação de 74 professores da rede municipal. “Foquei na forma de apresentação das aulas e sua estruturação. A Roberta falou da questão da dicção, oratória e posicionamento na frente da câmera. O resultado final foi fantástico e estamos muito contentes com isso. Inclusive, esse trabalho será relatado; possivelmente, virará um artigo”, comenta.
A iniciativa de realizar uma capacitação com os professores municipais tem suas origens relacionadas ao trabalho que já tinha sido feito, anteriormente, com os docentes da Urcamp. O projeto é chamado de Movieaula, coordenado por Pereira. Atividade, criada em 2019, foi uma proposta da Pró-reitoria de Ensino da Urcamp, desenvolvida para apoiar a gravação de conteúdos em audiovisual dos professores da instituição. O trabalho diversifica atividades do Núcleo de Educação a Distância (NEAD), curso de Jornalismo, e Núcleo de Atendimento Docente, Discente (NADD). “Fomos procurados no sentido de aproveitar essa experiência positiva que teve na Urcamp, de manter as aulas, em tempo integral, virtualmente, no mesmo horário das aulas presenciais. O Movieaula surgiu quando estávamos nos preparando para o EAD e o ensino híbrido da Urcamp, por isso, montamos um projeto com base nas experiências do curso de Jornalismo, na linguagem da produção dos cinejornais e documentários. Então, já vínhamos capacitando nossos professores e adaptei para a rede municipal”, explica.
Pereira esclarece que o processo feito atualmente pela Urcamp é o de virtualização das aulas. Ou seja, não há nenhuma relação com o EAD. “A Urcamp também tem o EAD, mas é outro sistema em que o aluno assiste e lê sozinho e, uma vez na semana, tem uma aula direta com o professor. O processo de virtualização é diferente, pois estamos mantendo os mesmos horários que seriam nas aulas presenciais. É preciso que isso fique bem claro”, esclarece.