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Catedral de São Sebastião precisa de reparos estruturais
A Catedral de São Sebastião, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), é um dos pontos turísticos mais expressivos de Bagé. A igreja foi restaurada, pela última vez, entre 1990 e 2003, e, agora, está com vários problemas estruturais. Um projeto de restauração total do templo está tramitando no Iphan, mas tem o custo de mais de R$ 15 milhões, conforme o pároco Jair da Silva.
Conforme o padre, antes de iniciar o isolamento social devido à pandemia da Covid-19, já havia sido tratado, com alguns setores públicos, sobre um possível reparo. Silva salienta que está sendo montada uma comissão para tratar do tema, mas somente será constituída após a liberação da quarentena.
O religioso comenta que a parte interna da igreja está com problemas estruturais. “Em algumas partes, está caindo o reboco. Também precisa trocar a fiação e pintar o templo”, disse. O padre salienta que esses pequenos reparos podem ser realizados com o apoio da comunidade, mas o projeto, mesmo pequeno, precisa ser aprovado no Iphan.
Além desses problemas mais urgentes, a Catedral necessita de melhoria no telhado, mudança no madeiramento e no piso. Na Sacristia, diz ele, as paredes estão perdendo o reboco e há muita infiltração no prédio. “Pretendemos fazer o levantamento de valores e apresentar um projeto logo após a quarentena. Por ser um prédio tombado, o custo é muito alto. Tem que mandar fazer as peças”, enfatiza.
Histórico
A Catedral de São Sebastião foi incluída no livro do tombamento histórico. Em janeiro de 1955, quando completou 65 anos de tombamento. Conforme descrição do Iphan, a primeira matriz foi construída no local em 1820 e concluída em 1830. Em 1859, a comunidade decidiu construir uma nova igreja e contratou o arquiteto italiano José Obino.
A edificação possui planta central, nave única e duas torres cobertas com cúpulas em forma de bulbo e foi concluída em 1863. Durante a Revolução Federalista (1893 a 1895), no episódio que ficou conhecido como ‘Cerco a Bagé, a igreja foi usada como hospital e suas paredes externas ficaram cravejadas de balas.
A Revolução Federalista teve início no Rio Grande do Sul, motivada por insatisfações com o governo de Julio de Castilhos, envolvendo, também, opositores de Deodoro da Fonseca – que fechara o Congresso Nacional em novembro de 1891 – e seu sucessor, Floriano Peixoto, em Santa Catarina, Paraná e no Rio de Janeiro.
Os rebeldes federalistas – assim intitulados por sua vinculação com o Partido Federalista e conhecidos, também, como maragatos – formavam um grupo heterogêneo, liderado por Gaspar Martins e João da Silva Tavares. Mal armados, recorreram à guerra de movimento, enfrentando os republicanos – conhecidos como pica-paus – que reuniam efetivos do exército e da Brigada Militar.
Em novembro de 1893, liderados por Joça Tavares, cerca de 3 mil federalistas atacaram Bagé, cercando um efetivo do Exército e provocando o abandono da cidade por uma população estimada em 20 mil pessoas. Sob o comando do coronel Silva Telles, os republicanos montaram trincheira na Praça da Matriz, resistindo ao cerco por 47 dias.
A notícia de que dois efetivos do Exército se aproximavam de Bagé para socorrer os republicanos fez com que os federalistas se retirassem. Com cerca de 10 mil mortos, a Revolução Federalista foi um dos mais sangrentos conflitos civis já ocorridos no país, tornando-se famosa por ter popularizado a degola.