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Com parecer de Carlos Drummond de Andrade, tombamento do Forte de Santa Tecla completa 50 anos

Publicada em 09/06/2020
Com parecer de Carlos Drummond de Andrade, tombamento do Forte de Santa Tecla completa 50 anos | Cidade | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Escavações realizadas em 1970 foram registradas por Curtis

Por Sidimar Rostan

Aberto pela Sociedade dos Amigos de Bagé, o processo de tombamento das fundações do Forte de Santa Tecla foi concluído em 1970, recebendo, no meio do caminho, uma sugestão em forma de parecer, do ilustre chefe da Seção de História da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN). A recomendação do poeta Carlos Drummond de Andrade, indicando a necessidade de uma inspeção para avaliar vestígios da antiga construção, poderia, inclusive, ter abreviado o procedimento mantido pelo acervo de registros do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em pelo menos 20 anos.
O pedido de tombamento foi encaminhado ao Ministério da Educação e Cultura em setembro de 1948, durante a gestão do prefeito Carlos Kluwe, que defendia a proposta. Documento assinado por Arnaldo Faria, que presidia a Liga de Defesa Nacional (organização voltada para a promoção de campanhas cívicas), e pelo historiador Eurico Salis, que integrava a Comissão Municipal do Turismo, apresentava um breve histórico, mencionando 'que o forte foi construído em 1773, pelos espanhóis, a mando de Don Juan José Vertiz y Salcedo, e tomado em março de 1776, por Rafael Pinto Bandeira e Patrício Corrêa da Câmara'.
Subordinada à diretoria da Divisão de Estudos e Tombamentos (DET), que era comandada pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa, internacionalmente conhecido pela elaboração do projeto do Plano Piloto de Brasília, a seção administrada por Carlos Drummond de Andrade recebeu o processo em 1950. E o poeta não tardou para apresentar resposta. “Evidentemente, ruínas mais ou menos consideráveis da antiga fortaleza colonial, teatro de lutas entre as tropas espanholas e portuguesas que se disputavam a posse da região sulina, teriam valor histórico digno de nota”, ponderou, através de parecer. A recomendação foi encaminhada à direção da DPHAN, mas não saiu do papel.


Escavações acendem alerta
O processo de tombamento histórico avançaria lentamente, ganhando fôlego apenas em janeiro de 1970, quando uma reportagem publicada pelo Jornal do Comércio, do Rio do Janeiro, alertou o diretor da DPHAN, Renato Soeiro. Intitulada 'A ciência dos milionários', a matéria mencionava escavações realizadas pelo arqueólogo Fernando La Salvia, professor da Universidade de Caxias do Sul, no local do antigo forte. Soeiro, então, acionou o diretor regional da DPHAN, Júlio Nicolau Barros de Curtis, para que averiguasse a situação. Curtis foi incumbido de informar a La Salvia que qualquer trabalho na área demandaria autorização por escrito, em função da tramitação do processo de tombamento.
O diretor regional do DPHAN cumpriu a determinação em fevereiro de 1970. Antes de embarcar para Bagé, em um ônibus que ligava Porto Alegre à Rainha da Fronteira, Curtis recorreu à Casa do Filme. A nota fiscal da loja, bem como os comprovantes das duas diárias no Hotel Charrua, do café no Bar Bianchetti e da prestação de serviços fotográficos emitidos pela empresa A Cambial, já no retorno à capital gaúcha, no dia 24, foram integrados ao processo, viabilizando o reembolso de todos os custos com a viagem, formalizado pelo Banco da Lavoura de Minas Gerais.
O trabalho desenvolvido no local surpreendeu a direção do DPHAN. Em resposta a Soeiro, Curtis encaminhou um relatório elogiando La Salvia e destacando a atuação de Tarcísio Taborda, que representava a Fundação Universidade de Bagé. No documento, o diretor observa que não havia motivo 'para recear as escavações procedidas'. Antes de mencionar que Taborda mantinha toda a documentação espanhola sobre o forte, Curtis recomenda o recrutamento de La Salvia.
Quinze fotos também foram anexadas ao relatório que mencionava a desapropriação da área, em favor do município, e a construção do Museu Patrício Corrêa da Câmara, que abrigava o acervo do local (hoje preservado pelo Museu Dom Diogo de Souza, mantido pela Fundação Attila Taborda). Em junho de 1970, toda a documentação foi encaminhada à chefe da Seção de Arte, Lygia Martins Costa, primeira museóloga do Iphan, que recomendou a inscrição das fundações do Forte de Santa Tecla no Livro do Tombo Histórico. E, em setembro, Soeiro encaminharia ofício ao prefeito Washington Bandeira, comunicando a elevação do monumento ao patamar de patrimônio nacional.


Recorrendo ao presidente

Antes da conclusão do processo, Taborda tentou articular apoio da União para custear obras de restauração das ruínas do forte. Uma carta enviada ao presidente da República, o general bajeense Emílio Garrastazu Médici, também foi integrada aos arquivos mantidos pelo Iphan. Na correspondência, Taborda revela ter tomado conhecimento sobre o interesse de Médici, pelo projeto, através do comandante do 3º Exército, general Breno Borges Fortes, e do comandante da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, Antônio Hamilton Mourão, pai do atual vice-presidente da República, general Antônio Hamilton Martins Mourão.
Taborda relata detalhes sobre o trabalho desenvolvido junto ao Museu Patrício Correa da Câmara, adiantando a intenção de inaugurar um pavilhão para abrigar um Museu Militar e de construir o que definia como Parque Histórico. O projeto, conforme salienta, demandaria 'substancial ajuda'. A carta, que é encerrada com um convite ao general, para uma visita 'ao lugar onde se lutou para a fixação de nossas fronteiras', seria encaminhada pelo secretário particular do presidente, Sérgio Médici, ao Ministério da Cultura. Não consta qualquer registro em resposta, no processo mantido pelo Iphan.

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