Opinião
A insurreição afro-americana: um bravo exemplo para a Diáspora Africana!
por Marcelo Florentino Rodrigues*
Desde a última semana, reflito muito sobre a morte de George Floyd: um homem negro, fatalmente, abordado por um policial branco nos Estados Unidos. Acontecimento do dia 25/05/2020, que eclodiu numa grande onda de protestos e confrontos contra o sistema repressor e executor da polícia, em dezenas de cidades daquele país. A mídia burguesa tem tachado o levante das massas populares como atos de violência. Porém, classifico como insurreição! Na minha infância; fui influenciado pelas biografias dos saudosos ativistas étnicos-raciais: Mandela (África do Sul), Martin Luther King e Malcom X (EUA). Ícones da humanidade! Segundo a historiografia oficial, os três eram adeptos de religiões abraâmicas. Analisando a América do Norte, como cristão, tenho predileção pelo Dr. Luther King. Mas sempre admirei Malcom X. Eles eram distintos nas suas ações. Mas contemporâneos eficientes, nos seus resultados. Quando verifico a Teologia pregada pelo pastor Martin Luther King Jr, ouso em lançar a seguinte conjectura: conforme o livro bíblico de Eclesiastes 3.1;8: "Há tempo para todo o propósito debaixo do céu". "Tempo de guerra e tempo de paz"(grifo meu). Nas mobilizações sociais, prefiro o tempo de paz (Luther King). Mas respeito o tempo de guerra (Malcom X) pelos fatos atuais. Estou comovido pelas reações da negritude afro-americana. Tendo a adesão de inúmeros brancos, a juventude marchou em união, na frente da "White House", que é a Casa Branca mais poderosa do mundo. Com a presença de Trump. E pasmem! Houve a pretensão da multidão, em avançar para ocupação. Que ousadia! Que bravura! Que compaixão! Pelo clamor de justiça, ao irmão negro que teve seu sangue, cruelmente, derramado. O curioso é que me afligem questões que não querem calar: Porque será que nas Américas, as reações dos povos da Diáspora Africana são tão diferentes, com relação a violência racial? Se os escravizados foram oriundos do mesmo continente? Porque na América do Sul, não há uma comoção nacional, no caso do garoto negro, João Pedro, morto pela polícia do Rio? Na minha cosmovisão; tenho a seguinte opinião: Na América do Norte o inimigo (sistema opressor) é declarado. Na América do Sul, cito o Brasil, o inimigo (sistema manipulador) é camuflado. Historicamente, o Racismo Estrutural Brasileiro, triunfou em dois atos: o Antropológico e o Psicológico. No Ato Antropológico, da colonização até o final da Monarquia, na legitimidade da escravidão, na Pré-Abolição. E, no Ato Psicológico da República Velha aos dias atuais, no Pós-Abolição. Sendo este último ato, o formulador do golpe fatal da branquitude eurocêntrica, que é o mito da democracia racial. A versão tupiniquim da Medusa que seduziu a visão da maioria negra, e a petrificou. Deu a ilusão que não há racismo no país. Disseminou a mentira para manter o “status quo” da exclusão e do extermínio afro-brasileiros. Somos maioria numérica. Mas minoria sociológica. Por tudo isto as conquistas afrodescendentes são extremamente lentas e graduais nesta nação. Contudo, saúdo os Movimentos Sociais Negros pela galhardia nas conquistas da negritude na luta pela nossa cidadania plena, num país racista e hipócrita! UBUNTU!
*Pedagogo e Especialista na Docência do Ensino Religioso
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