Campo e Negócios
Dois segmentos produtivos da região têm cenário positivo, mesmo na pandemia
Apesar de ter ocasionado profundos reflexos econômicos, a crise ocasionada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) não foi totalmente negativa para todos os setores. Dois deles, com predominância na região, inclusive, foram beneficiados pelo panorama.
Clori Peruzzo, empresária do setor de vitivinicultura, através da Vinícola Peruzzo, e que, recentemente, deixou a presidência da Associação dos Produtores de Vinhos Finos da Campanha Gaúcha, aponta que, com a pandemia, os números indicam um aumento da venda de vinhos regionais. "A explicação é que as pessoas estão consumindo mais vinho nacional. Não sei se é pela alta do dólar ou porque as pessoas estão valorizando mais os produtos daqui", observa.
Empresário do setor orizícola, Valmor Coradini, da Cerealista Coradini, também relata que a produção de arroz não foi afetada pela pandemia, já que quando iniciaram os primeiros casos na região, o setor já estava em plena colheita. Além disso, a valorização dos produtos beneficiou o segmento. "Os preços subiram 30% do início da pandemia até os dias de hoje", relata.
Coradini aponta três fatores fundamentais que fizeram isso acontecer: o primeiro é a suba do dólar, que deixou o produto mais competitivo no mercado externo e desestimulou a entrada de produto importado; o segundo é o hábito das pessoas ficarem mais em casa, o que aumentou o consumo interno de arroz; e, por último, os países fornecedores do produto no mercado mundial trancaram suas fronteiras, algo que o Brasil não fez e abriu oportunidade de novos mercados para o arroz brasileiro no mundo.
Preocupação com futuro
Os mesmos fatores podem, em médio prazo, ocasionar uma inversão do quadro. "A grande preocupação do setor industrial são os preços ao consumidor, muito altos, somados a recessão econômica, que poderá inibir o consumo do mercado interno, podendo ter reflexos mais adiante, pressionando o mercado para baixo. Embora estejamos com estoques reduzidos, precisamos de consumo", aponta.
Cenário adverso
O engenheiro agrônomo e sócio da empresa do segmento da olivicultura, TerraPampa, Émerson Menezes, apresenta um quadro diferente, com desafios enfrentados pelo setor, em função das restrições ocasionadas pela pandemia. "Muitos pontos de venda fecharam e muitos consumidores foram afetados com a diminuição da renda, o que reflete no volume de negócios concretizados", lamenta.
Menezes relata que a empresa busca se reinventar, explorando de forma mais intensa as redes sociais, e-commerce e ampliação do canais de distribuição. "Esse ano tivemos que cortar gastos, adiar investimentos, redimensionar pessoal para que no pós-pandemia possamos estar mais preparados pra crescer nessa atividade tão desafiadora", revela.