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Funcionários dos Correios deflagram greve por tempo indeterminado
Desde às 22h de segunda-feira, os funcionários dos Correios estão em greve geral por tempo indeterminado. A determinação foi retirada de assembleias realizadas em diferentes estados do país. A paralisação ocorre em protesto contra a retirada de direitos, a privatização da empresa e a ausência de medidas para proteger os empregados durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), de acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect).
Dos 36 sindicatos no país, apenas três ainda não deliberarem sobre a greve. No Rio Grande do Sul, as duas entidades o Sindicato dos Trabalhadores de Correios (Sintec-RS) e o sindicato de Santa Maria e região aderiram ao movimento.
Conforme o diretor do Sintect, da região sul, Emerson Saes, a categoria decidiu realizar greve devido a retirada a proposta da empresa que retirou 70 cláusulas do acordo coletivo dos trabalhadores. Ele explica que o acordo foi firmado em 2019 e teria validade por dois anos e a empresa solicitou na Justiça a revogação do prazo para um ano.
Sais salienta que a greve é em todo Brasil de forma unificada e é uma das maiores dos últimos anos. Em Bagé, grande parte dos trabalhadores aderiram ao movimento. Ele ressalta que ainda não contabilizou o número de funcionários parados porque muitos estão em licença devido à Covid-19.
Saes afirma que todas as conquistas da categoria nos últimos 30 anos estão sendo retiradas, como 30% do adicional de risco, vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades especiais, além de pagamentos como adicional noturno e horas extras. “A empresa aproveitou o momento da pandemia proibindo o sindicato de entrar nas unidades. A retirada dos direitos é uma preparação para a privatização", afirma.
Revogação de acordo coletivo
Em nota, a Fentect afirma ter sido surpreendida com a revogação, a partir de 1º de agosto, do atual acordo coletivo, cuja vigência vai até 2021. Segundo a entidade, 70 cláusulas com direitos foram retiradas.
Sobre as ações da empresa para enfrentamento da pandemia, a federação relata que teve de acionar a Justiça para garantir aos empregados equipamentos de proteção individual, álcool em gel, testagem e afastamento daqueles integrantes de grupos de risco e dos que coabitam com crianças em idade escolar. A entidade afirma que se trata de estratégia para precarizar e privatizar a empresa.
Nota dos Correios
Os Correios informam, também através de nota, que a empresa possui Plano de Continuidade de Negócios, para continuar atendendo à população em qualquer situação adversa.
"No momento em que pessoas e empresas mais contam com seus serviços, os Correios têm conseguido responder à demanda, conciliando a segurança dos seus empregados com a manutenção das suas atividades comerciais, movimentando a economia nacional. Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da saúde financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia. A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período, dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida", menciona a manifestação.