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O dia em que o Bagé enfrentou o Caxias na neve

Dividido em 10 capítulos, a publicação traz à tona jogos em todo o Brasil que aconteceram debaixo da neve. E uma dessas partidas envolveu o Grêmio Esportivo Bagé, mais precisamente em 1979, contra o Caxias, no Estádio Centenário, na Serra Gaúcha.

Em 05/09/2020 às 10:00h
Yuri Cougo Dias

por Yuri Cougo Dias

O dia em que o Bagé enfrentou o Caxias na neve | Esportes | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Partida contou com presença de Felipão, então zagueiro do Caxias - Acervo do jornal O Pioneiro

O futebol reserva histórias das mais pitorescas. Quando é no interior, essa perspectiva se redobra. Resta alguém se propor a pesquisar e reunir materiais desse quesito. E quem decide agir, acaba saindo na frente, com revelação de histórias polêmicas, inusitadas, engraçadas e que até viram lendas no imaginário popular.

Nesse sentido, o escritor Henrique Porto fez um trabalho que tem ganhado destaque na imprensa nacional, o livro “Pé-Frio: Futebol e Neve no Brasil”. Dividido em 10 capítulos, a publicação traz à tona jogos em todo o Brasil que aconteceram debaixo da neve. E uma dessas partidas envolveu o Grêmio Esportivo Bagé, mais precisamente em 1979, contra o Caxias, no Estádio Centenário, na Serra Gaúcha.

O trabalho de pesquisa de Henrique Porto iniciou em 2016 e, em julho de 2020, chegou ao mercado, por intermédio da Design Editora.“É uma obra para todos que gostam de futebol, mas também para aqueles que apreciam boas histórias”, destaca o autor. Com foco nas dificuldades dos atletas, que não estavam preparados para enfrentar condições adversas, surgem histórias, como a do goleiro que vestiu meia-calça, de uma lua de mel interrompida, das lágrimas que congelaram, de um dirigente sem papas na língua e do treinador que conduziu a Seleção Brasileira ao pentacampeonato mundial, Luiz Felipe Scolari (Felipão), entrando numa fria por duas vezes. Atuando na zaga do Caxias, Felipão esteve em campo no empate com o Cruzeiro de Porto Alegre, em 1978, e, no ano seguinte, na vitória diante do Bagé, que jogou desfalcado, sem Djalma e Alamir.

Além de relatos, a publicação traz fotos, fichas técnicas das partidas e fichas técnicas de quase todos os atletas que entraram em campo naqueles jogos. “Este é um livro diferente, pitoresco e curioso, que resgata histórias desconhecidas até por pesquisadores do futebol e que estava faltando na bibliografia futebolística brasileira”, descreve o administrador de empresas e escritor Max Gehringer, autor do prefácio da obra. Gehringer também é historiador de futebol. Além de divulgar a obra, o Jornal MINUANO traz alguns detalhes da história que envolveu o Bagé, que faz parte do livro.

Lua de mel
 

Um dos personagens marcantes dessa jornada foi o meia-atacante Airton Meireles Jacobsen, o Aíta. Conforme relato de Henrique Porto, o jalde-negro estava em lua de mel com sua primeira esposa e voltava de um passeio pelas ruas de Gramado, quando foi interrompido pelo recepcionista do hotel. Naquela noite, o Bagé enfrentaria o Caxias, pela quinta rodada do returno do Gauchão. Com dificuldades em montar a equipe, o técnico Paulo de Souza Lobo, o Galego, recorreu ao chamado de Aíta. Sem titubear, atendeu ao pedido. Em entrevista para o autor, Aíta complementa que aceitou o pedido e combinou com a mulher para que o passeio fosse estendido para Caxias do Sul.
 

Conforme publicado, na época, pelo jornal Correio do Sul, Galego tinha que lidar com a dor de cabeça dos maus resultados. E, ainda por cima, tinha que montar um quebra-cabeça dos 11 iniciais. Ele já não teria Djalma Reis, expulso no jogo anterior, e Geraldo, que tinha recebido terceiro cartão amarelo. Alamir era dúvida e Neco, contundido, só seria escalado em caso de urgência. Marcolan, emprestado pelo Caxias, por se tratar de “acordo de cavalheiros”, não poderia ser usado naquele jogo. Assim, Galego obrigou-se a recorrer a Aíta.

Jalde-negros recorrem às camisetas de lã por baixo do uniforme
Jalde-negros recorrem às camisetas de lã por baixo do uniforme

Camisas de lã por baixo do uniforme
 

E lá se foram os jalde-negros encarar o Caxias, com quase com 500 quilômetros a serem percorridos na estrada. Quando começaram a subir a Serra Gaúcha, a 817 metros de altitude, os jogadores já começaram a sentir o que os aguardava. Em entrevista fornecida para Henrique Porto, o meio-campista Julinho destacou o teor da situação. “Quando começamos subir a Serra, o frio aumentou muito. Mas era um frio diferente do que estávamos acostumados. (…) Quando vi olhei melhor, vi que era neve. (…) No quarto, ficamos imaginando como seria jogar na neve”, destacou o jogador.
 

Para amenizar o frio, Aíta recordou, na publicação, que teve que recorreu às medidas externas. Na década de 1970, os fardamentos não continham a tecnologia dos dias atuais, tampouco existia calças e camisas térmicas. “Era no ferro mesmo. A única coisa que a gente tinha era camiseta de manga comprida. E tinha que aguentar”, relembrou o meia-atacante, que afirmou a Henrique e que enrolou os pés em jornal antes de colocar as chuteiras.
 

Situação semelhante também passou Julinho. Após o almoço, foi até o comércio local e comprou uma camiseta de lã para colocar abaixo do uniforme. “Foi o que eu fiz e deu certo, pois a nossa camiseta era de manga longa, mas muita fina”, contou ao jornalista, autor de Pé-Frio: Futebol e Neve no Brasil.
 

Felipão na zaga
 

Partindo para o contexto do jogo em si, relato de Henrique Porto indica que Caxias foi superior durante todo o jogo, que teve o prestígio de 708 pagantes. Com gol de Jerônimo, aos 41 minutos do primeiro tempo, os donos de casa venceram por 1 a 0. “O Caxias teve uma vitória merecida (…), tendo a emoldurar a sua atuação e a vitória a neve, que caía branca e suave, assim como branca e suave está sendo a campanha da equipe do Centenário”, destacou O Pioneiro, nas páginas da época, com linguagem totalmente poética.
 

Um dos personagens que estava naquela partida, sobre um gramado branco e gélido, era o zagueiro Luiz Felipe Scolari, que décadas depois, seria o Felipão do Penta (para os otimistas) e o Felipão dos 7 a 1 (para que os destacam os pontos negativos). Dizem que os atacantes arrepiavam quando Felipão ia para a dividida. “É uma honra ter jogado muitos jogos contra o Felipão. Ganhei umas, perdi outras, mas vou te dizer uma coisa: o italiano atracava. Não afrouxava nem um pouquinho”, recordou Julinho, nas páginas do livro.
 

Após a partida, consta na pesquisa de Henrique Porto que Aíta foi recompensado pela interrupção da Lua de Mel com dois dias de folga. O autor até faz um trocadilho que ele trocou uma calorosa “Lua de Mel” por uma gelada “Lua de Neve”.
 

FICHA TÉCNICA *

Caxias 1x0 Bagé

Competição: Gauchão

Local: Estádio Centenário, Caxias do Sul

Data: 30 de maio de 1979 (quarta-feira)

Horário: 21h

Renda público: Cr$ 28 580,0/708 pagantes

Árbitro: Luís Moura Guaranha

Assistentes: José Alberto Silva

Gols: Jerônimo (Caxias, 41)

CAXIAS – Joelci; Sérgio Vieira, Luiz Felipe, Ademir e Segatto; Jerônimo, Robson, Paulo César e Moisés; Bebeto e Serginho (Zé Guimarães). Técnico: Paulo Rodrigues.

BAGÉ – Mandarino; Íbis, Rubilar, Bacamarte e Pedrinho; Alamir, Tupã e Julinho; Neco, Nei e Aíta. Técnico: Paulo de Souza Lobo, o Galego

* Fonte: Pé-Frio: Futebol e Neve no Brasil, de Henrique Porto

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