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Cancelamento das festividades farroupilhas impacta setor de artigos gaúchos
Nesta época do ano, os preparativos para as comemorações da Semana Farroupilha no Rio Grande do Sul já estariam fortalecidos e as vendas das empresas que fornecem artigos gaúchos já registrariam um movimento extra para os desfiles e bailes. Como este ano foi atípico, primeiro com a pandemia e agora com o cancelamento das festividades, o setor sofre impactos diretos.
Assim como outros setores da economia, que estão sofrendo com cortes de orçamento, baixas nas vendas e redução de pessoal, as correarias estão também passam por dificuldade. Porém, mesmo sem a venda de pilchas e arreios trabalhados, comuns nesse período, o setor mantém a média mensal de comercialização, conforme apurado pela reportagem do JM.
No ramo há 35 anos, Neri Deponti salienta que o comércio de artigos gaúchos não está parado, mas não há venda específica para os festejos. O comerciante informa que as vendas de botas, que são o carro-chefe da empresa e também encilha e indumentária para as lides campeiras, se mantêm. “Como não há festividades a queda é de 100% para produtos específicos para a data”, reconhece, por outro lado.
Em outra empresa que se mantém há 33 anos comercializando artigos gaúchos, a dificuldade é maior. A proprietária Eva Borges Coitinho ressalta que, devido à pandemia, a venda caiu em mais de 70% e, com o cancelamento das atividades farroupilhas, a situação piorou. “Estamos vendendo itens básicos para o campo e sapatilhas”, frisa.
A responsável administrativa de uma das empresas mais antigas do ramo em Bagé, com 50 anos no mercado, Fabiane Barbosa, informa que, no início do isolamento social, as vendas caíram bastante, mas, agora, mesmo sem as festividades farroupilhas, o setor se recupera. Ela comenta que não foram realizados grandes investimentos e com a possibilidade de retorno das provas campeiras, a parte de arreamentos teve uma boa procura. Além disso, ela enfatiza que a empresa investiu em produtos de inverno, como palas, ponchos para chuva e jaquetas, que tiveram boa saída. “Vamos sentir queda nas pilchas adultas, infantis e arreios mais refinados. Para a parte operacional do campo, o pessoal investe”, pondera.
Falta de matéria-prima
No setor da indústria, também há uma dificuldade. Conforme o proprietário de uma fábrica de bombachas, Ricardo Laud Salim, há 15 anos no mercado, a venda caiu cerca de 20%. Ele explica que a empresa segue produzindo, mas está com dificuldade de fornecimento de matéria-prima para a confecção das bombachas. “A venda acontece, mas bem abaixo de outro anos”, frisa ao apontar um dos motivos.