Esportes
Fenerbahçe encaminha venda de Jaílson e Guarany poderá pleitear novo valor
Um dos destaques da imprensa esportiva gaúcha, durante o final de semana, foi o encaminhamento da venda do volante Jailson Marques Siqueira, 25 anos, do Fenerbache (Turquia) para o futebol chinês. Faltariam apenas pequenos detalhes para que um clube asiático anunciasse o volante caçapavano, surgido no Guarany. E justamente por conta disso que o alvirrubro bajeense ficará de olho na negociação, pois, pela segunda vez, poderá ser beneficiado com o meio-campista.
Conforme dados apurados pelo GE, a saída de Jaílson do futebol turco para o chinês movimentaria em torno de cinco milhões de euros. Pela cotação atual, esse valor seria de cerca de R$ 31,2 milhões. E vale lembrar que o Grêmio permaneceu com 20% dos direitos de Jaílson, quando vendeu para o Fenerbahçe, em setembro de 2018. Com isso, a estimativa é de que o tricolor gaúcho fique com aproximadamente um milhão de euros, o que corresponde a R$ 6,2 milhões.
E dentro desse valor total da venda, a Fifa permite o conhecido Mecanismo Solidariedade. O dispositivo consiste em garantir 5% da transação para os clubes formadores do atleta. É considerado formador o clube em que o jogador passou entre 12 e 23 anos. Cada ano corresponde a 0,5%. Então, o Guarany tem fatia nessa conta.
Origem foi no juvenil alvirrubro
Para quem não lembra mais dos detalhes, antes de surgir no Grêmio, Jaílson integrou o juvenil e a equipe profissional do Guarany, entre 2012 e 2014. Em março de 2012, o volante foi descoberto por Totonho Padilha e Mário Medina Dornelles, que, na época, estavam no comando da sub-17 alvirrubra.
A história se desenvolveu quando a sub-17 do Guarany fez um amistoso em Caçapava do Sul, contra a equipe amadora Santos. Além disso, o jogo também serviu como um peneirão. Nisso, Jaílson chamou a atenção pelo desempenho em campo e foi integrado ao departamento juvenil. Posteriormente, o caçapavano jogou Gauchão e demais torneios de base e ganhou espaço no profissional, no ano seguinte, com Ben Hur Marchiori, então técnico do Guarany, hoje, comentarista da Rádio Gre-Nal.
Enxergando o potencial, Marchiori, que também era conselheiro do Grêmio, encaminhou Jaílson para testes no tricolor. De quebra, foi aprovado. Depois de uma passagem por empréstimo pela Chapecoense, Jaílson voltou para o Grêmio, e, em 2016, subiu para o profissional, sob o comando de Roger Machado.
Mas a melhor fase de Jaílson foi com Renato Portaluppi no comando. Em 2017, como titular, foi campeão da Libertadores e vice-campeão Mundial, perdendo a final para o Real Madrid. Em setembro de 2018, foi vendido para o Fenerbahçe, onde permaneceu até os dias atuais.
Entre 2018 e 2020, Jaílson fez 63 jogos pelo Fenerbahçe e marcou três gols. Na última temporada, com a chegada do volante Luiz Gustavo (ex-Seleção Brasileira e Bayern de Munique), o ex-Guarany foi deslocado para zagueiro. Conforme o repórter João Batista Filho, Jaílson fez bons jogos pelo clube. Entretanto, o Fenerbahçe sequer conseguiu classificação para UEFA Champions League.
Possibilidade de dinheiro
Com a venda oficializada, o Guarany poderá pleitear, pela segunda vez, valores referentes a Jaílson. Quando o Grêmio acertou a venda para o Fenerbahçe, em setembro de 2018, o então presidente Sabella contratou o advogado paulista Glauco Pantojo de Godoy. Segundo os cálculos do profissional, divulgado na época, o Guarany teve 0,88% do valor. E conforme noticiado pela imprensa naquele período, o Grêmio negociou o volante por cerca de quatro milhões de euros (R$ 19 milhões, pela cotação da época), e manteve 20% dos direitos para lucrar no futuro.
Importância da categoria de base
Agora, resta saber o que vai acontecer nos próximos dias. A venda ainda não oficializada, tampouco se sabe o quanto teriam direito Guarany e Chapecoense, que também participaram da formação do atleta. Mas o certo é que, automaticamente, qualquer transferência internacional sempre renderá dinheiro para os cofres do Guarany.
Essa situação ilustra o quanto uma categoria de base pode agregar, financeiramente, para uma equipe. Aliás, se um jogador por ano fosse revelado, as receitas aumentariam notadamente. Essa, inclusive, é uma discussão que tem sido refletida por profissionais que trabalham com futebol do interior, visto às dificuldades financeiras dos clubes e a possibilidade de ficarem mais de um ano parados.
O próprio custo de se fazer futebol de base junto do futebol profissional também é alvo de questionamentos. Resta saber se o movimento que tem sido puxado por treinadores gaúchos, nos últimos dias, terá algum efeito na organização do futebol local.