Esportes
“Que essas histórias não se percam ”, afirma autor de livro que conta sobre jogo do Bagé na neve
Que o futebol do interior é recheado de histórias pitorescas e marcantes, todos sabem. Porém, muitas delas acabam não vindo a público ou são esquecidas com o tempo, por não terem sido registradas. Para suprir isso, já está disponível o livro “Pé-Frio: Futebol Neve no Brasil”, de Henrique Porto. A publicação pode ser encontrada na LEB Livraria e Editora, em Bagé, no valor de R$ 50. Na quinta-feira (15), Porto lançou o livro na Rainha da Fronteira. A cidade foi escolhida para entrar numa turnê pelo fato da obra contar com um dos 10 capítulos dedicado exclusivamente para Caxias 1x0 Bagé, pelo Gauchão de 1979, que ocorreu na neve, no estádio Centenário.
Com uma narrativa leve, Porto traz histórias pitorescas desse jogo. A que chama mais atenção é a do meia-atacante Aíta, que precisou deixar uma lua de mel para atuar em Caxias do Sul. Com vários desfalques, o técnico da época, Paulo de Souza Lobo, o Galego, apelou à apresentação de Aíta, que não titubeou. O capítulo também traz relatos do meio-campista Julinho, de que os jogadores tiveram que colocar camisas de lã por baixo do uniforme, tamanho o frio daquele momento. Outro detalhe curioso é o que time grená tinha, como paredão defensivo, nada menos que Luiz Felipe Scolari (Felipão).
O início da pesquisa
Em entrevista ao Jornal MINUANO, Porto afirma que o “estalo” de querer pesquisar sobre jogos que ocorreram na neve veio enquanto fazia seu primeiro alusivo, alusivo à história do Juventus de Jaraguá (SC), sua cidade-natal. “Nas minhas pesquisas, quando cheguei no ano de 1979, vi que uma rodada do catarinense tinha sido marcada pela neve. Pensei: tem uma história legal aqui e que está desaparecida. Consegui histórias de Avaí x Inter de Lages, Chapecoense x Criciúma e Caçadorense x Palmeiras de Blumenau. Então, surgiu a ideia de fazer um livro”, relata.
Após sugestão da esposa, Porto decidiu ampliar a pesquisa para jogos abaixo de neve no Rio Grande do Sul. Só que por não estar em seu estado de origem, o autor precisou fazer uma extensa rede de contatos, pois, em algumas cidades (como Bagé), não haviam materiais digitalizados. Assim, contou com apoio de arquivos públicos, bibliotecas, jornalistas e historiadores locais. Em Bagé, Porto comenta que contou com a colaboração do jornalista José Higino Gonçalves, com o fornecimento de informações à pesquisa e, também, o contato de Aíta, um dos seus principais personagens.
Contato pessoal e continuação da obra
Inicialmente, a ideia de Porto era lançar o livro em julho. Mas, em razão da pandemia, focou na pré-venda e vendas on-line. Com a redução dos indicadores, sobre a covid-19, as restrições foram flexibilizadas e o autor aproveitou para excursionar nas cidades que tiveram times envolvidos no livro. Nisso, Porto já transitou por Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Porto Alegre, Pelotas e Bagé. Ontem (16), passou por Santa Maria e encerrará o trajeto em Passo Fundo. Posteriormente, fará lançamentos em Santa Catarina.
Além de realizar lançamentos em diversas cidades, o autor revela que cada visita é uma oportunidade de colher novas histórias e informações. Por isso, destaca que um dos objetivos é fazer um e-book atualizado, com novas histórias que acabaram não sendo inseridos nessa primeira tiragem. “O bom é que as pessoas me encontram e veem que é uma pesquisa feita de uma maneira séria, um trabalho de muito zelo. Tive um retorno bem positivo dos bajeenses. A Sônia Alcalde, por exemplo, disse que a narrativa era muito leve e boa de ler. Isso é bom, pois, normalmente, as pessoas te retornam sobre a pesquisa; mas o texto pouca gente comenta. A real que o livro traz histórias de pessoas que têm como fundo um jogo de futebol. E essas histórias aproximam as pessoas do acontecimento. Na forma de crônica, consigo entregar isso”, contextualiza.
A partir desse trabalho de pesquisa, o desejo de Porto é que outros pesquisadores se entusiasmem e também formulem registros históricos dos clubes locais. “Geralmente, as pessoas que sabem das histórias já são mais velhas. Só que elas vão morrer e as memórias irão junto. Que esse livro também sirva de inspiração”, finaliza.