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Esportes

Pelé, 80 anos: Rei do Futebol deixou sua marca em Bagé

Publicada em 22/10/2020
Pelé, 80 anos: Rei do Futebol deixou sua marca em Bagé | Esportes | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Pelé (ao lado de Barradinha) marcou gol aos 30 minutos

Já que o Rei do Futebol completa 80 anos, nesta sexta-feira (23), o momento é oportuno para recordar o dia em que jogou na Rainha da Fronteira. Isso mesmo, no dia 24 de março de 1957, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, pisou nos gramados bajeenses, mais especificamente no estádio Pedra Moura. Com apenas 16 anos, integrou o elenco do Santos, que excursionava pelo Rio Grande do Sul e, mediante uma iniciativa empreendedora de jovens da época, o Peixe passou por Bagé. Para trazer mais detalhes dessa história, o Jornal MINUANO recorreu às publicações antigas do extinto Jornal Correio do Sul e contou com a colaboração do exímio pesquisador e desembargador aposentado, José Carlos Teixeira Giorgis (Juca Giorgis), com disponibilização de acervo pessoal e depoimento sobre o episódio. Ele, por sinal, integrou a organização responsável pela vinda da equipe santista.

Protagonismo foi do Grêmio Atlético Bajeense

Em março de 1957, o Santos acertou uma excursão no Rio Grande do Sul, com passagens por Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande. Sabendo das notícias que o atual bicampeão paulista, e considerado o melhor time do Brasil, estaria em solo gaúcho, um grupo de jovens, com a colaboração dos times locais e de parceiros, decidiu empreender e trazer o Santos a Bagé. “Havia, naquele tempo, o Grêmio Atlético Bajeense, entidade que abrigava muitos ócios do Clube Comercial, mas também composta por outros do Caixeiral e Recreativo e da União Bajeense de Estudantes”, contextualiza Juca.

Para quem não sabe, o Grêmio Atlético Bajeense foi o embrião da Associação Atlética Gente Bem. Os “moços”, como eram chamados na época, jogavam nos fins de semana, no areião do Auxiliadora, na praça Duque, pelos campeonatos de várzea. O entusiasmo de trazer o Santos tomou conta dos moços, entretanto, nem eles nem Guarany e Bagé dispunham de verba para bancar a vinda do clube paulista. “Na ocasião, os moços recorreram ao pecuarista Nair Medeiros e Antônio Teixeira, ex-presidente do Guarany, que adiantaram o valor. Feito o contrato, organizaram diversas comissões, recepção, bilheteria, social, esportiva”, conta.

Conforme contrato publicado nas páginas do Correio do Sul, o Grêmio Atlético Bajeense pagou, ao Santos, 110 mil cruzeiros; o transporte aéreo de Porto Alegre a Bagé, e vice-versa, mais a estadia para 25 pessoas. A delegação ficou hospedada no Hotel Glória, na época instalado onde funciona, nos dias atuais, agência do banco Itaú. Os custeios das despesas envolveram, ainda, o pagamento de uma taxa estipulada em três mil cruzeiros para o árbitro trazido pelo Santos, oriundo da Federação Paulista de Futebol (FPF). Inclusive, a atuação do árbitro renderia inúmeras críticas no pós-jogo.

Holofotes eram para Del Vecchio

Hoje, as atenções da vinda do Santos a Bagé se concentram no fato de Pelé ter jogado. Mas, na época, ninguém sabia da existência do Rei do Futebol, que tinha apenas 16 anos. Inclusive, as crônicas da imprensa bajeense o citam como “Pilê”. Os destaques santistas eram Tite, Pagão, Ramiro e, principalmente, o atacante Del Vecchio, que depois faria carreira no futebol italiano. Mas mesmo com esse contexto, Pelé achou um jeito ser notado pelos espectadores.

Para enfrentar o poderoso bicampeão paulista, um Combinado Bajeense foi formado pelo técnico do Guarany, Alípio Rodrigues. A crônica esportiva tratava o confronto como um grande espetáculo e exaltava a iniciativa dos moços, conforme consta em trecho do Correio do Sul. “Os empreendedores da vinda do Santos Futebol Clube a nossa cidade, merecem, não só dos desportistas, como do povo em geral, os mais diretamente beneficiado pela excelente oportunidade oferecida, todo o apoio e o agradecimento”. A imensidão do evento era tanta que algumas pessoas da cidade se mostravam céticas quanto à veracidade dos fatos. Por isso, na semana do jogo, o Correio do Sul publicou, na íntegra, o contrato feito entre Santos e Grêmio Atlético Bajeense.

Duelo equilibrado e com críticas à arbitragem

A expectativa era de dificuldades para conseguir lidar com o bicampeão paulista. Pelo caminho até Bagé, o Santos tinha vencido o Grêmio (5 a 0), em Porto Alegre; Riograndense (5 a 3), em Rio Grande, e o Pelotas (3 a 2). E depois da vinda a Bagé, ainda retornaria a Porto Alegre para enfrentar o Renner.

Como diz o ditado utilizado pelo gaúcho, o Combinado Bajeense não se “mixou” para o Santos. Por mais classe que tivessem, os jogadores paulistas não conseguiram, em nenhum momento, exercer seu estilo de jogo habitual, que foi barrado na aplicada aptidão física dos jogadores bajeenses.

Com apenas um minuto de jogo, o astro Del Vecchio se machucou sozinho e pediu para ser substituído. O gesto levou os torcedores à irritação, pois muitos ocuparam assentos na arquibancadas com a expectativa de vê-lo jogar. Mas, por ironia do destino, quem entrou no seu lugar foi o menino Pelé, até então, desconhecido por todos. Mal sabiam as pessoas presentes o quanto àquele jovem mudaria tudo que sabiam sobre futebol e que, um ano depois, estaria vencendo uma Copa do Mundo (1958, na Suécia).

E quem abriu o marcador do espetáculo foi ele mesmo: Pelé. Aos 30 minutos, o atacante tabelou pelo lado esquerdo com Tite, partiu para cima dos zagueiros e estufou as redes da goleira do Pedra Moura. Este foi o quarto gol da carreira de Pelé e o primeiro no Rio Grande do Sul. Só que dois minutos depois, Carlos Calvete recebeu uma bola em boas condições, e fazendo jus à fama, fulminou o goleiro santista e empatou: 1 a 1.

No segundo tempo, o placar ficou nesse 1 a 1, porém, contestações não faltaram para a arbitragem. Segundo crônica do Correio do Sul, houve um pênalti não marcado em cima de Saulzinho. Em seguida, o atacante também teve um gol invalidado de caráter duvidoso. O fato do árbitro integrar o quadro da Federação Paulista de Futebol e ter vindo na excursão com o Santos potencializou ainda mais os argumentos de quem o criticou pela postura parcial.

Mas independente disso, o 24 de março de 1957 ficou marcado pelo fato do futebol da Rainha da Fronteira ter enfrentado, de igual para igual, o poderoso Santos. Dos relatos da imprensa da época, sobraram elogios para as atuações dos atletas bajeenses, em especial para Sérgio Cabral, Saulzinho, Carlos Calvete e Ataíde.

Dos causos de extracampo, Juca Giorgis ainda recorda uma história. “O grande astro do Santos era Del Vecchio, de quem o professor João de Deus Gonzales, o Bochão, ‘herdou’ as chuteiras. Resultado: 1 a 1. Nosso companheiro de zona da Bento-Marcilio foi o Léo Herzer, que fechou o gol. O espetáculo, no fim, ficaria histórico pelo noviciado, aqui, do maior jogador do mundo”, relembra.

No final das contas, a renda foi de 171 mil cruzeiros, o suficiente para o pagamento de todas as despesas (inclusive o contestado árbitro) e para retornar um lucro para a equipe organizadora. Mas o legado da iniciativa dos “moços”, de trazer o Santos, ecoará pela eternidade e sustentará, de geração a geração, a seguinte frase: “Pelé esteve aqui e deixou um dos seus gols”.

 

FICHA TÉCNICA

24 de março de 1957

Domingo – Estádio Pedra Moura

COMBINADO BAJEENSE 1X1 SANTOS


 

COMBINADO BAJEENSE – Léo, Bataclan e Carioca; Saul, Ataíde e Barradinha; Carlos Calvete, Max, Saulzinho, Sérgio Cabral e Luiz. Técnico: Alípio Rodrigues.

SANTOS – Manga, Hélvio e Ivan; Feijó, Ramiro e Urubatão; Dorval, Jair, Pagão (Zinho), Del Vecchio (Pelé) e Tite. Técnico: Lula.

ÁRBITRO – João Etzel (FPF)

RENDA – 171 mil cruzeiros

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